A Polícia Civil busca combater uma organização criminosa com atuação há mais de dez anos, que praticou reiteradas vezes crimes ambientais, na deflagração da operação Angra, nesta quinta-feira (28). Foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão em 17 cidades mineiras, incluindo uma siderúrgica em Sete Lagoas.
De acordo com a corporação, em coletiva de imprensa concedida nesta tarde, as investigações começaram no ano de 2022, quando uma usina de beneficiamento de minério de ferro era investigada por funcionar sem licenciamento ambiental. Porém, os controladores desta empresa estavam na irregularidade desde 2011, cometendo crimes como extração ilícita de areia e minério de ferro.
A delegada chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Ambientais e Conflitos Agrários Bianca Landau aponta que, mesmo indiciados em infrações ambientais, os autores continuavam a manterem as ações ilegais: “O que acontece é que as penas de crimes ambientais são muito brandas, e são crimes que geram lucros grandes. Por conta disso, essas pessoas não se sentem intimidadas com a persecução criminal”, disse.
Ao perceberem a lucratividade do negócio, a investigação deu uma guinada. Os agentes da Polícia Civil encontraram uma organização que detinha diversas usinas de beneficiamento, siderúrgicas e empresas de fachada em nomes de laranjas, com movimentação financeira de mais de R$ 260 milhões em pouco menos de um ano. “[O grupo] recebia o minério de origem ilícita, desviando e furtando ou por extração. Beneficiavam este produto e usavam empresas de fachada e fraude em notas fiscais para dar legalidade”, aponta o delegado Hugo Arruda, chefe de operações do Departamento Estadual de Investigações de Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), apontando que também haviam fraudes documentais nesta organização.
A operação, chamada de Angra (deusa do fogo e metalurgia, em língua tupi-guarani), foi deflagrada em 17 cidades mineiras, incluindo Sete Lagoas, com alvos de 36 mandados de busca e apreensão. Em uma siderúrgica da cidade, foram coletados documentos, mídias, aparelhos celulares, cheques e outros pelos agentes da Polícia Civil. Além disso, foi quebrada o sigilo fiscal e bancário dos envolvidos – o Conselho de Controle de Atividade Fiscais (COAF) percebeu uma movimentação financeira atípica dos autores. Não houve prisões.
Estes mandados de busca a apreensão também foram cumpridos em 17 outras empresas e endereços dos envolvidos na organização criminosa.
De acordo com Gustavo Endrigo, superintendente de fiscalização ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMAD), a principal infração ambiental cometida pelo grupo criminoso é atividade sem licenciamento ambiental. Foram fiscalizados duas empresas siderúrgicas (em Sete Lagoas e Maravilhas) e seis de beneficiamento de minério de ferro. Atualmente, elas já possuem regularidade na licença, porém, nesta fiscalização, foram identificadas falhas nos processos de funcionamento.
Na siderúrgica de Maravilhas, foi apreendido uma carreta carregada com carvão de origem ilegal. O proprietário do veículo não foi encontrado; a multa aplicada pela infração é de R$ 50 mil. Em Sete Lagoas não foi encontrada irregularidades, para além das apreensões.
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