Em outubro do ano passado os Estados Unidos viram surgir uma epidemia de influenza que fez milhares de vítimas. Desde então, a pergunta, no Brasil, é se este vírus também vai circular no país e se corremos o risco de enfrentar aqui uma epidemia semelhante.
Esta questão foi discutida nesta sexta-feira (13) em um seminário sobre a atualização do influenza no Brasil realizada pelo Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.
O influenza, como é chamado o vírus da gripe, engloba três tipos de vírus: A, B e C.
O tipo C causa infecções respiratórias brandas e não está relacionado com epidemias, diferentemente dos tipos A e B que, além de epidemias sazonais, são responsáveis por pandemias - epidemia em diversas regiões do mundo.
O influenza tipo B também é chamado de FluB. O tipo A pode ser dividido em subtipos, entre eles, o H1N1 e o H3N2, já bem conhecidos dos brasileiros.
O problema é que esses vírus já conhecidos podem sofrer algumas mutações.
O vírus que circulou nos Estados Unidos nos últimos meses foi o H3N2, mesmo que esteve por aqui nos últimos anos e fez mais vítimas em 2014, 2015 e 2017.
Neste ano, ele também já foi identificado no Brasil. Veja no link abaixo!
Até o momento, as equipes de saúde que fazem a vigilância dos casos de gripe no Brasil analisaram 4.968 amostras em todo o país. A conclusão é que, entre os casos confirmados de influenza, o H3N2 é o segundo tipo de vírus mais comum, responsável por 36% das infecções.
O mais comum, até este momento, é o FluB, que circulou bastante no último inverno europeu. Até o momento, ele causou 39% das infecções.
O vírus do tipo H1N1 é o terceiro mais comum, respondendo por 23,2% dos casos.
Isso mostra que o vírus dos Estados Unidos está no Brasil, mas aí existe um outro detalhe, que deve tornar a vacina brasileira mais eficaz que a norte-americana: esse vírus pode sofrer algumas mutações.
A vacina aplicada nos Estados Unidos protegia contra o H3N2 de uma família, ou cepa, chamada de Hong Kong. Mas, a que circulou e fez vítimas no país norte-americano, foi a Singapura.
A vacina que vai ser aplicada a partir deste mês na campanha de vacinação do Ministério da Saúde em todo o Brasil protege contra a cepa chamada de Singapura, como explica a infectologista do Hospital Emílio Ribas, Rosana Richrmann:
“A expectativa, mas é apenas uma expectativa, é que o H3N2 que circulou nos Estados Unidos circule aqui entre nós. Neste momento a gente está vendo que está acontecendo a cocirculação dos três vírus, o H1N1, o tipo B e o H3N2. A vacina protege contra os três. A diferença é que a cepa que está dentro da vacina H3N2 do Brasil é diferente da cepa que estava dentro da vacina dos norte-americanos. Na nossa está a mesma cepa que circulou nos Estados Unidos. Então, em teoria, a nossa vacina vai ter um desempenho melhor do que foi a deles”.
Ainda não é possível afirmar qual dos tipos de vírus vai circular com maior incidência e fazer mais vítimas no país porque estão sendo registrados agora os primeiros casos fatais de influenza.
Em São Paulo, desde o início do ano, 76 pessoas foram internadas com síndrome respiratória grave causada pelo influenza; 16 morreram. Entre essas vítimas, o vírus mais comum foi o H1N1, 40,9%, embora a vigilância feita em todo o país indique o vírus que mais circula no Brasil seja o FluB.
É impossível prever como cada tipo de vírus influenza vai se comportar daqui para frente, segundo a epidemiologista Telma Carvalhanas, diretora da divisão de doenças de transmissão respiratória do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo. “A gente não sabe o que virá, a única coisa previsível é que o vírus é imprevisível”.
De acordo com Telma, o fato é que entre 5% e 15% da população mundial é infectada todos os anos com o vírus da influenza. “De 350 milhões a mais de 1 bilhão de pessoas irão adoecer todos os anos por causa do vírus influenza. São 1,2 bilhão de pessoas com risco elevado para complicações, 3 a 5 milhões de casos graves, de 500 mil a 1 milhão de óbitos”.
Por R7
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