Funcionários do Estado reivindicam pagamento em dia do salário e melhores condições na saúde

A liminar concedida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para os servidores da educação, determinando que o Estado pague o salário até o 5º dia útil de cada mês, levou outras categorias a reivindicarem o mesmo direito. Ontem, servidores estaduais das áreas da saúde e da segurança pública se reuniram na Praça 7, no Centro da capital, para pedir o fim do parcelamento salarial, que acontece desde 2016, e a volta de repasse do governo para as instituições de saúde. 

Cerca de 2 mil agentes penitenciários, bombeiros, servidores da saúde, policiais militares e civis participaram da mobilização, segundo as lideranças. Caixões foram queimados para simbolizar a morte dos direitos trabalhistas. 

Para Antonieta de Cássia Faria, diretora do Sindicato dos Servidores do Ipsemg, a prioridade é o repasse pelo Estado da contribuição para a saúde e o investimento na revitalização das estruturas, já que elas atendem a todos os servidores estaduais. 

“A contribuição é nossa, não pode ser retida, e o governo não tem o direito de escolher quem vai morrer. Queremos nosso pagamento em dia e os institutos de saúde revitalizados. É isso que esperamos de nossos governantes, sejam eles da situação ou oposição”, defende. 

De acordo com o cálculo feito pela Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado (Federassantas), o rombo gerado pela falta de repasse ao setor desde 2015 já chega a R$ 5,5 bilhões. O governo diz não ter contabilizado o tamanho do rombo.

Antônio Marcos Pereira, vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, concorda que a saúde é um dos maiores obstáculos enfrentados atualmente no Estado.

“Não temos condições de ficar sem assistência médica. Estamos vivendo uma guerra civil, o policial sai para trabalhar e não sabe se vai voltar”, afirma. 
Segundo o delegado Marcelo Armstrong, diretor regional do Sindpol na Zona da Mata, o objetivo do movimento unificado é dar um basta na situação. 
“Já são quase três anos de parcelamento, sem reajuste inflacionário, sem planos de saúde. Agora dizemos chega”, afirma. 

As categorias não têm a intenção de entrar em greve. “Não queremos prejudicar ainda mais a sociedade”, afirma Antonieta de Cássia Faria, diretora do Sindicato dos Servidores do Ipsemg.

Outro lado

Em nota, a Secretaria de Estado de Fazenda afirmou que “a decisão de parcelar os salários dos servidores do Executivo Estadual está atrelada ao déficit de R$ 8 bilhões e também à atual crise econômica que, inclusive, levou o governo de Minas Gerais, com aprovação da Assembleia Legislativa, a decretar situação de calamidade financeira”. 

De acordo com a administração, as finanças do Estado só irão se recuperar após a aprovação, na Assembleia, dos projetos de lei que tratam da Codemig, da securitização das dívidas e dos precatórios.

“Com essas propostas devidamente aprovadas pelos deputados estaduais e sancionadas pelo governador, a prioridade do governo de Minas Gerais é o pagamento dos salários de forma integral e no quinto dia útil”, informou, em nota. 

Recurso

A Advocacia Geral do Estado recorreu ontem ao Tribunal de Justiça para derrubar a liminar que determina o pagamento dos servidores no quinto dia útil.

Mesma medida já havia sido tomada após uma decisão favorável obtida pelo SindSaúde.

Por Rafaela Matias - hojeemdia