O enterro de uma cadela é um dos pontos altos e um dos maiores conflitos do famoso filme brasileiro “O Auto da Compadecida”. Na comédia, a dona da cachorra quer que o padre além de fazer o enterro do animal, celebre toda a cerimônia em latim. O fato que gerou uma confusão no longa-metragem se tornou realidade em Caratinga, na Zona da mata, onde o enterro de uma cadela virou alvo de uma sindicância aberta pela prefeitura do município.
Na cidade mineira o problema se deu porque o animal foi enterrado no cemitério municipal, onde só é permitido o enterro de pessoas. A cachorra foi sepultada no jazigo da família no último dia 7 de julho e a sindicância foi aberta nesta terça (24). De acordo com a prefeitura da cidade, a ideia é apurar a conduta dos funcionários que fizeram a cerimônia. Foi publicado no Diário Oficial de Caratinga a formação de uma comissão pelo executivo para essa apuração, que deve terminar em 30 dias.
Ainda segundo o município, nenhum sepultamento pode ser feito sem a declaração ou certidão de óbito emitida Cartório de Registro Civil da localidade em que tiver ocorrido o falecimento e isso aconteceu com o enterro da cachorra.
“O que aconteceu foi que diante do momento de comoção, a equipe que trabalha no cemitério pediu o documento após o sepultamento. Foi quando a funerária informou que não foi emitido guia, uma vez que um cachorro é que havia sido enterrado sem notificação prévia. Diante dos fatos, a Prefeitura de Caratinga designou comissão de sindicância para averiguar a irregularidade na prestação do serviço público.”
O executivo informou também que não existe nenhuma lei que permita o enterro de animais no cemitério. Na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, existe uma lei que permite o enterro de animais de estimação em cemitérios.
Família diz que queria dar um enterro digno para cadela
Sentindo que Safira faz parte da família a dona dela, a cabeleireira Adriana Paula Batista quis enterrar a cadela no jazigo da família para dar um sepultamento “digno” para ela. “Nós temos um jazigo da família e a funerária cobria o enterro dela então resolvemos fazer. Ninguém nos disse que não podia”, contou Adriana Paula Batista.
Ela diz ainda que espera que a cachorra não seja retirada do jazigo. “Não aceito ela ser jogada em qualquer lugar não. Ela já foi enterrada ali e quero que permaneça”, diz Adriana.
Por Natália Oliveira - OTempo
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