Pedidos de socorro de mulheres assediadas no transporte coletivo de Belo Horizonte poderão ser realizados por meio do som de um apito. A Guarda Municipal de Belo Horizonte inicou o projeto que visa combater o crime de importunação sexual em ônibus e metrô da capital.
Homens que se enconstarem em mulheres de forma considerada inapropriada pelas vítimas, passarem a mão, deitarem sobre as passageiras, fizerem cantadas ou praticarem ações que sejam enquadradas no crime, poderão ser presos e, caso condenados, passarem de 1 a 5 anos na prisão.
Em reunião realizada na manhã de hoje entre o esquadrão feminino da Guarda Municipal de combate ao assedio sexual no transporte público, representantes da Bhtrans e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), no bairro Buritis, região oeste de Belo Horizonte, estratégias de prevenção foram traçadas e já começam a entrar em vigor.
No próximo dia 29, cerca de 40 funcionários dos coletivos e metrô que atendem a capital passam por treinamento de acolhimento a possíveis vítimas. A guarda municipal Aline Oliveira, integrante do projeto, explica que funcionários do transporte público serão responsáveis por disseminar a informação entre os colegas.
"Eles vão receber treinamento sobre como acolher as vítimas e repassar o caso à prefeitura e vão atuar como multiplicadores, responsáveis por transmitir as informações desse treinamento a quem está na ponta da linha", afirmou a agente.
Segundo a guarda municipal, dez mil apitos serão entregues em Belo Horizonte no começo do mês de novembro.
"Esse acessório será utilizado pelas vítimas que deverão emitir um alarme sonoro. Ao perceberem a situação, motoristas acionam o botão do pânico, já instalados nos ônibus da cidade. A prefeitura será notificada na hora, vai localizar o veículo e encaminhar uma viatura da guarda para verificar a situação", detalhou.
A agente destaca que o suspeito será encaminhado à delegacia de Polícia Civil e que demais usuários não terão impactos no trajeto.
"Caso o suspeito seja encontrado, ele vai ser encaminhado à Polícia Civil. Vale lembrar que, agora, importunação sexual é crime, que. se for contatado dá cadeia", alertou Oliveira.
Pena mais pesada que de homicídio
A agente da Guarda Municipal Aline Oliveira destaca que o crime de importunação sexual conta pena mais pesada que o homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
"O autor pode ficar preso de 1 a 5 anos. Mais tempo que homicídio culposo, que tem pena de 1 a 3 anos de prisão. É importante que esses autores pensem bem antes de cometer esses crimes de assedio, estupo. Lembrando que estupro não precisa ter penetração para ser considerado", comentou
O que fazer em caso de assédio?
A guarda municipal Aline Oliveira dá dicas de como mulheres devem agir caso sejam vítimas de importunação sexual.
"Primeiro paso é procurar ajuda do motorista do ônibus. Se ela não tiver ou não quiser acionar o apito, esse agente será o primeiro ponto de ajuda. Se estiver no metrô, ela pode deixar o vagão, buscar ajuda de funcionário da CBTU, denunciar pelo 153, número da Guarda Municipal, ou mandar um Whatsapp para o número que será divulgado nos panfletos educativos dessa ação que vamos distribuir em breve", descreve.
A guarda ainda faz um alerta para que mulheres não se desafaçam de provas. "É preciso respirar fundo, mas não eliminar provas. Em casos de estupro, a vítima não deve se limpar, não trocar de roupa e, principalmente, não tomar banho", disse.
Por Michelyne Kubitschek - OTempo
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