O presídio de Manhumirim, na Zona da Mata, passa por um surto de Covid-19. Atualmente, a unidade prisional tem um óbito suspeito da doença e 159 detentos testaram positivo para o novo coronavírus, de acordo com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).
Há pouco mais de uma semana, o número de infectados era de 43. À reportagem, um infectologista explica o que deve ser feito e como a Covid-19 pode se espalhar rapidamente pela cidade.
O detento Lucas Morais da Trindade, de 28 anos, passou mal e morreu no último sábado (4). É a primeira morte por suspeita do novo coronavírus no presídio da cidade. Como foi feito apenas o teste rápido na vítima, o óbito ainda é considerado suspeito. Segundo laudo médico, Lucas testou positivo no dia 25 de junho, quando foi isolado dos outros detentos. Ele não apresentava sintomas.
No último sábado (6), ainda segundo o laudo, ele desmaiou na cela, por volta das 10h15, e foi levado ao hospital Padre Júlio Maria, dando entrada no centro de saúde às 10h25. Na ficha médica, consta que ele não tinha histórico de outras doenças e não fazia uso de medicação controlada.
Por meio de nota (leia abaixo na íntegra), a Sejusp afirmou que “as alas em que se encontram [os detentos] foram isoladas, desinfectadas e todos os servidores e demais detentos do local usam máscaras de forma preventiva”. O órgão diz ainda que “não informa a lotação de unidades prisionais, por questões de segurança”. Segundo um processo da Defensoria Pública, o local conta com cerca de 200 detentos, o que corresponderia a 80% de infecções.
Sobre a morte de Lucas, a Sejusp explicou que está “em investigação na unidade, porém, sem confirmação para causa Covid-19 até o momento. Há a investigação em andamento, inclusive, se a morte está relacionada à ação de outro detento”.
O infectologista Leandro Curi explica que, agora, é preciso agir rápido. “Classicamente, doenças respiratórias são facilmente disseminadas dentro de presídios, como a tuberculose, por exemplo. Sabemos que as condições de distanciamento nesses locais são quase inexistentes, além de uma péssima condição de circulação de ar”.
“De imediato, é necessário separar os detentos que não estão com a doença, dos contaminados. Essas pessoas precisam trocar de celas. O ideal, é que fiquem isoladas por pelo menos 14 dias, para verificar o possível contágio e evolução”, continua o médico.
Outro ponto é entender como a doença chegou ao local. “Existem diversas vias. Uma das principais é por meio das pessoas que trabalham no presídio ou visitas. O contrário também acontece, com funcionários que foram contaminados no local, utilizam transporte público e contaminam outras pessoas pela cidade”, reforça Curi.
A Sejusp informou que, até às 10h desta quinta-feira (9), 344 pessoas que estão sob a custódia do sistema prisional mineiro testaram positivo para a Covid-19. São 60 mil detentos em Minas.
Os dados, ainda segundo a pasta, apontam 338 custodiados cumprindo período de quarentena dentro das unidades prisionais, acompanhados pelas equipes de saúde das unidades, assintomáticos ou com sintomas leves da doença.
O órgão garante que as alas em que os contaminados estão “foram isoladas, desinfectadas e todos servidores e demais detentos do local usam máscaras de forma preventiva”. A Sejusp ainda relata que há um preso internado por causa do novo coronavírus e outros cinco então em prisão domiciliar, monitorados por tornozeleira.
As infecções foram registradas nos presídios de Pitangui, Nova Serrana, Iturama, Itambacuri, Pompéu, Curvelo, Formiga, Manhumirim, Coronel Fabriciano, Matozinhos, Abre Campo, Presídio Inspetor José Martinho Drumond (Ribeirão das Neves), Penitenciaria José Maria Alkmin (Ribeirão das Neves), Complexo Penitenciário Parceria Público-Privada (Ribeirão das Neves), Presídio Floramar (Divinópolis), Ceresp Juiz de Fora e Ceresp Gameleira (Belo Horizonte).
Até o momento, há três mortes por coronavírus confirmadas no sistema prisional mineiro. “Foram elas: no Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte; no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves; além de um detento do Presídio Floramar, em Divinópolis, que havia recebido alvará uma semana antes do falecimento”.
A Sejusp garante que tem adotado medidas para prevenir e controlar a disseminação da doença nas unidades prisionais, que também são feitas em Manhumirim. Veja o que tem sido feito:
“A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen MG), informa que, até às 10 horas desta quinta-feira (9/7), 159 detentos que estão sob a custódia do sistema prisional mineiro em Manhumirim testaram positivo para a covid-19. As alas em que se encontram foram isoladas, desinfectadas e todos servidores e demais detentos do local usam máscaras de forma preventiva. A Sejusp não informa a lotação de unidades prisionais, por questões de segurança.
Há uma morte em investigação na unidade, porém, sem confirmação para causa covid-19 até o momento. Há a investigação em andamento, inclusive, se a morte está relacionada à ação de outro detento.”
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