Fechadas e sem a presença de estudantes por causa da pandemia do novo coronavírus, mas não livre da ação de criminosos. Esta tem sido a realidade das escolas em Minas Gerais neste ano. De janeiro a outubro, 2.986 creches, escolas e faculdades públicas foram alvo de furtos, roubos, arrombamentos ou vandalismo, o que representa uma média mensal de 298 ataques. Do total, 505 ocorreram em Belo Horizonte. Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça Segurança Pública (Sejusp).
Os números representam prejuízo significativo aos cofres públicos e um duro golpe na retomada do ensino presencial. “Não teremos como fazer uma apresentação diferente para os alunos quando voltarmos às aulas presenciais, pois os dois aparelhos de data show foram levados. Computadores, microfones, impressoras e outros objetos também vão fazer falta para os estudantes”, revela a professora Karina Trancoso, docente na Escola Estadual Assis das Chagas, no bairro Dom Cabral, na região Noroeste da capital mineira. Ela relata cinco invasões e furtos na unidade apenas nos oito primeiros dias deste mês. Além de eletrônicos, foram levados kits de merenda e utensílios de cozinha. “O prejuízo é de aproximadamente R$ 30 mil somente neste mês”, contabiliza ela.
Na tentativa de fazer cessar os sucessivos ataques, a instituição recebeu, na última terça-feira, quando ocorreu o crime mais recente na unidade, câmeras de segurança e alarmes. “Infelizmente, isso não vai impedir (os bandidos) de roubar o que restou. A gente ainda tem a questão da grade, que está totalmente enferrujada. É revoltante”, lamenta a educadora.
Recursos
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) confirmou, em nota, que foram instalados alarmes na Escola Estadual Assis das Chagas. Segundo o texto, uma equipe da pasta “visitou a escola, e um levantamento específico sobre a infraestrutura está sendo feito para adoção de novas medidas de segurança”. Os prejuízos ao erário, contudo, não foram detalhados.
A pasta informou que, todo mês, envia às mais de 3.600 escolas estaduais, por meio da Caixa Escolar, verbas de manutenção e custeio. O dinheiro é usado para “pequenos reparos e, também, para a contratação de serviços necessários ao funcionamento de cada uma das unidades, como o de vigilância eletrônica”, detalha o texto da SEE-MG. Desde 2019, foram repassados R$ 295 milhões às instituições, dinheiro que pode ser usado inclusive para repor o que foi levado pelos criminosos – a direção de cada unidade define a aplicação do dinheiro.
Questionados pela reportagem sobre quais são os objetos mais visados pelos criminosos e se os atos de violência poderão afetar o retorno dos estudantes às salas de aula, Estado e município não tinham respondido até o fechamento desta edição.
EQUIPAMENTOS
Estado liberou verba extra de R$ 2 milhões
Apesar do grande número de ocorrências, os crimes nas escolas tiveram redução de 41,4%, se comparados ao mesmo período do ano passado. De acordo com a Sejusp, entre janeiro e outubro de 2019, foram 5.100 furtos, roubos e danos nas unidades do Estado – média mensal de 510 por mês, frente à média de 298 no período semelhante de 2020, quando, na maior parte desse intervalo, as instituições ficaram fechadas. Em todo o ano passado, foram registrados 6.048 casos.
Mesmo diante da crise provocada pelo novo coronavírus, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) informou que tem investido na segurança do patrimônio público.
Além da verba para o custeio das escolas, o governo de Minas destinou, em 2020, mais R$ 2 milhões especificamente para coibir furtos e roubos. A quantia, segundo destacou o Executivo estadual, está sendo aplicada na compra de equipamentos de monitoramento e de sistemas de vigilância, como câmeras e alarmes.
“Os aparelhos são adquiridos pelas unidades de ensino, por meio dos recursos repassados pela SEE-MG, via Caixa Escolar, para reforçar a segurança patrimonial”, detalhou a pasta.
Além disso, ainda segundo a secretaria, a Polícia Militar (PM), por intermédio da Patrulha Escolar, realiza rondas periodicamente no entorno das unidades de ensino e atua na prevenção e combate a crimes.
REDE MUNICIPAL DE BH E INSTITUIÇÕES PARTICULARES
Nas instituições municipais da capital mineira, a segurança é feita pela Guarda Municipal. A exemplo do Estado, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) criou um núcleo específico, chamado Patrulha Escolar, para vigiar as unidades de ensino. “O grupamento motorizado é direcionado para as escolas e entornos e faz as rondas periódicas e também sob demanda, quando necessário”, explicou a inspetora Abigail Catarino, do Núcleo de Projetos Especiais da Guarda Municipal de Belo Horizonte.
Em relação às instituições privadas, o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) informou que nenhuma unidade foi invadida durante a pandemia de Covid-19 e que a vigilância não foi deixada de lado nesse período. “As escolas estão mantendo a segurança e outros serviços essenciais. Todos fizeram questão de manter os colégios preservados para o retorno das aulas presenciais”, garantiu Zuleica Reis, presidente do Sinep-MG.
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