
As apresentações artísticas de variadas vertentes apresentadas no 29º Festival de Folclore de Jequitibá são ícones do verdadeiro passado deste lugar, margeado pelo Rio das Velhas e marcado por fatos históricos difíceis de terem semelhança com outras regiões das Minas Gerais. O que se vê hoje, em pleno século XXI, de fato tem raízes no século XVII. Quer saber como? Então prossiga em um passeio pela história.
Folias, batuque, artesanato, comidas típicas dos tropeiros. De onde vem tudo isso? O leitor mais atento da obra “Jequitibá, uma saga, uma história, a família Marques Magalhães” vai saber contar. Um deles é um dos três escritores do livro, Pedro Henrique de Souza, pesquisador e, digamos, possuidor de um acervo de 70 mil documentos sobre as origens de Minas e de Jequitibá.

“Minas Gerais começou por Santo Antônio do Rio das Velhas, em Roças Grandes, distrito de Sabará, por onde passavam e ficavam os bandeirantes vindos de São Paulo”, narra Pedro Henrique. Qual era o segundo lugar mais antigo da então província das Minas Gerais? Jequitibá! “Aqui tinha um escravo, Bruno, que brigou com seu patrão. Tem o documento revelando que ele entrou na justiça contra seu dono, proprietário da Fazenda Barra do Jequitibá”, afirma o pesquisador.

Sabará era o primeiro pouso dos bandeirantes, pois não havia como transportar tanto alimento para 600 pessoas. Os bandeirantes, acrescenta Pedro Henrique, planejavam a parada pelo período de três meses. Era o tempo certo de plantar e colher mandioca, milho e feijão, ingredientes presentes até hoje na culinária mineira, passados quatro séculos, entre XVII e XXI. Logo, não é à toa que Jequitibá é reconhecida pelos saborosos pratos que faz, como o frango com ora pro nobis entre outras especialidades.
A religiosidade, seja portuguesa (católica) ou africana (trazida pelos homens e mulheres feitos escravos) está presente na fé que ergueu, tanto em Sabará quanto em Jequitibá, igrejas que remontam suas construções ao século XVII. A bela Igreja em Jequitibá, por exemplo, é de 1680. Apenas para se ter uma ideia, a Catedral de Santo Antônio, em Sete Lagoas, terminou de ser construída no ano de 1886, quase dois séculos depois!

Jequitibá, prossegue Pedro Henrique, era a segunda roça em Minas, ficando atrás apenas da pioneira Sabará. “Aqui era o Arraial da Santíssima Trindade”, declara o pesquisador. “Era uma paragem para tropeiros, bandeirantes e quem passava pela região. Havia muitos escravos nas fazendas de Jequitibá. Os baianos, descendentes dos africanos, e os paulistas, que colonizavam o interior do Brasil, brigavam por Minas Gerais. Jequitibá era referência por causa do Rio das Velhas.”

Em meio ao vai e vem de bandeirantes paulistas, de baianos que desciam por Curvelo até a região Central, os senhores das fazendas e seus escravos, é possível imaginar, quatro séculos depois, o porque de ouvir o batuque, de apreciar comida típica dos antepassados, de dançar folia, de reverenciar o Menino Jesus com os Reis Magos. É porque nunca o passado esteve tão presente. Isto é o Festival de Folclore de Jequitibá. Como disse a assessora cultural Valéria Assad, “aqui se respira cultura popular, transpira-se o legado e, por isso, tudo acontece.”

Da Redação, por Caio Pacheco

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