
Após a deflagração da greve dos professores da rede estadual de Minas Gerais, o governo do Estado se diz sem alternativas em médio prazo para pôr fim ao movimento que já dura 20 dias. Em entrevista exclusiva a O TEMPO, o secretário de Estado de Governo, Odair Cunha, alegou ser impossível atender as demandas do sindicato tendo em vista a atual situação financeira do Estado. Ainda segundo o secretário, se o governador Fernando Pimentel (PT) atender as reivindicações da categoria, “estará comentando um crime”.
Em meio ao impasse, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) promete continuar a greve e classifica a justificativa do governo como “política”.
De acordo com o secretário, cerca de 20% das escolas do Estado registraram algum tipo de efeito por conta da paralisação, que teve início no último dia 8. Segundo Cunha, somente 8% das unidades estão totalmente paralisadas. O secretário reconhece o atraso nas atualizações previstas no salário dos professores em 2017 e 2018, com base no acordo de 2015, mas afirma que Minas Gerais já alcançou 49,9% de despesas com relação à receita líquida do Estado, o que impede o envio de qualquer projeto de lei à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que estipule reajuste para servidores, considerando-se a Lei de Responsabilidade Fiscal.
“É impossível enviarmos um projeto de lei à Assembleia por essa questão. Ao insistirmos com essa proposta, estamos diante de um impasse. Todo o dinheiro que tivemos, o governador determinou que fosse colocado na educação. Entendemos a greve de pouca adesão. Há um deslocamento da opinião da base da categoria com a da direção sindical, que insiste em um pedido impossível. Não vamos criar uma lei inconstitucional e enganar os professores como fez o governo tucano”, afirmou. “Vivemos uma luta permanente contra a situação financeira, ainda mais sem o auxílio do governo federal. Minas não é uma ilha. Nossa decisão é não cortar serviços, não fechar escolas, hospitais. Foi uma escolha, não há outra proposta”, acrescentou.
Reajuste. O secretário destacou que houve reajuste de 46,75% no salário inicial do professor de educação básica, além da nomeação de 50 mil professores efetivos no atual governo. A previsão, conforme ele, é que até o fim do ano esse número chegue a 60 mil. Ainda segundo Cunha, houve 59 mil progressões de grau e 36 mil promoções de nível no setor. “Entendemos a importância do piso. Achamos que o aumento deveria ser mais, mas não podemos cumprir por uma questão legal”, disse.
Resposta. Para a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, a justificativa dada pelo governo para o não atendimento das reivindicações da categoria não tem base jurídica e “só mostra o descaso com a educação”.
“Em 2016, quando o Estado enviou o projeto de lei para o reajuste, já estava acima do limite de gastos. A Lei de Responsabilidade Fiscal não impede o cumprimento do piso. Mesmo acima do teto de gastos, o Estado aumentou o número de cargos comissionados quando não deveria”, pontuou.
Divergindo do balanço apresentado pelo governo, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) estima que 40% das escolas no Estado registraram algum tipo de efeito por conta da paralisação. Segundo a presidente Beatriz Cerqueira, todas as regionais foram impactadas pela greve.
“Muitas escolas deixam de notificar a adesão à greve por medo de represálias ou até mesmo registram adesão aquém do cenário atual. A grande questão é que entendemos que o Orçamento não cresceu, mas o Estado arrecadou e não tem investido o que deveria na educação. Todas as outras ‘conquistas’ que o Estado fala são o que realmente já estava previsto no acordo, não foi além, e não é nada que represente grandes conquistas. Não tivemos aumento porque o piso não foi alcançado”, destaca.
De acordo com o secretário de Estado de Governo de Minas, Odair Cunha, a crise é um reflexo da PEC do Teto de Gastos. “Na saúde, recebemos R$ 470 bilhões a menos no SUS; na educação, esse valor foi muito menor. Escolhemos não diminuir os serviços e esperar a economia crescer para fazer os reajustes necessários”, justifica Odair Cunha.
Saiba mais
Reivindicações. O Sind-UTE decretou a greve após a falta de proposta do governo com relação ao cumprimento do acordo salarial estipulado entre os professores e o governador Fernando Pimentel em 2015.
Teor. Esse acordo estipulava três atualizações nos salários (2016, 2017 e 2018), além do pagamento de abonos. O sindicato também questiona, entre outros itens, o parcelamento dos salários e do 13º salário.
Minientrevista
Odair Cunha
Secretário de Governo
Foto Leo Fontes
Qual a solução encontrada pelo governo para pôr fim à greve?
Não há outra proposta. Todo o dinheiro que tínhamos, o governador determinou que fosse colocado na educação. Isso significou um descongelamento da carreira. Por isso, a greve é de pouca adesão. Se o governador fizer o que querem, estará cometendo crime de responsabilidade fiscal. Não fizemos ajuste, mas começamos a pagar todos os servidores na mesma data sem parcelamento porque esperamos a economia voltar a crescer sem cortar serviços. Esperamos, com o projeto da Codemig, ter fôlego financeiro, mas é difícil falar em prazo porque dependemos de condicionantes externas, de mercado.
Quais os prejuízos com a paralisação?Respeitamos o diálogo e o entendimento, mas não vamos admitir prejuízos para os alunos, sobretudo para aqueles com necessidades especiais e que estão prestes a realizar o Enem. Não haverá prejuízo no calendário escolar.
Minientrevista
Beatriz Cerqueira
Presidente do Sind-UTE
Foto: Mariela Guimarães
Qual a posição do sindicato sobre o argumento do governo?
Quando o Estado está acima do limite de gastos, ele deve tomar medidas para se adequar, mas o que vemos é um aumento dos cargos comissionados em um momento inadequado. A Lei de Responsabilidade Fiscal não impede o cumprimento da lei do piso. A legislação é regulamentada. Existem dispositivos do STF (Supremo Tribunal Federal) que falam que isso não impede os reajustes. O governo apresenta isso como argumento, mas é política.
O governo fala em baixa adesão e que as reivindicações do sindicato não correspondem ao entendimento da categoria.
Odair deveria responder pelo governo. O sindicato responde pela categoria. Ele não tem legitimidade para falar em nosso nome nem pode falar por nós. A intenção é continuar a greve. Queremos pressionar. Escola boa para o governo é escola que não para, mas isso não significa nada.
Por Letícia Fontes: OTempo

Ensino técnico Prefeitura de Sete Lagoas anuncia 280 vagas em cursos técnicos gratuitos
Ensino público Prefeitura de Sete Lagoas entrega Escola Quincas Nogueira totalmente revitalizada
Cursos Escola Técnica Municipal de Sete Lagoas abre 280 Vagas em cursos técnicos gratuitos
Segurança pública Em Prudente de Morais, PM realiza aulão sobre bullying
Concurso Merendeiros em Cena: concurso de receitas vai valorizar alimentação escolar e os profissionais
Futuro Governo de Minas abre pré-inscrições para o programa “Trilhas de Futuro – Jovens e Adultos”
Ensino público Cadastro Escolar começa nesta terça-feira (28): veja o passo a passo e documentos necessários
Sete Lagoas Prefeitura de Sete Lagoas entrega reforma da Escola Municipal Luzia Barbosa, que completa 70 anos
Inovação InovaTech 2025 promete movimentar Sete Lagoas com inovação, criatividade e muito aprendizado Mín. 20° Máx. 28°


