O medo de desenvolver uma doença grave, como o câncer, tem levado muitos fumantes a buscar ajuda nos centros de saúde de Belo Horizonte. De janeiro a julho deste ano, 16 pessoas procuraram atendimento, por dia, nas unidades na tentativa de largar o vício. O número é 45% maior que o registrado em 2017. Os dados são considerados significativos, principalmente hoje quando se celebra o Dia Nacional de Combate ao Tabagismo.
Com o propósito de alcançar mais belo-horizontinos que desejam abandonar a dependência, a prefeitura pretende ampliar a assistência gratuita na metrópole. Atualmente, 122 dos 151 postos de saúde oferecem atendimento por meio do programa de Controle ao Tabagismo e Tuberculose.
“A nossa meta é que cada centro de saúde crie um grupo de cessação do tabagismo. É o que pretendemos para 2019”, afirma o coordenador da iniciativa, o médico Pedro Navarro. Para a expansão, ele conta com a população no intuito de sensibilizar o fumante. O grupo é aberto na unidade de saúde quando há demanda de usuários.
Em Minas Gerais, no ano passado, 2.249 pessoas perderam a vida em decorrência de cânceres da traqueia, brônquio e pulmão
Malefícios
Geralmente, toma a decisão de procurar ajuda quem, de fato, reconhece os malefícios do cigarro à saúde. “Pelo menos 30% dos tipos dos tumores são causados pelo tabagismo, e não estamos falando apenas de quem coloca o cigarro na boca, mas também do fumante passivo, que é aquele exposto no mesmo ambiente”, detalhou Pedro Navarro.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o principal tumor associado à nicotina é o de pulmão. Quem fuma chega a ter 20 vezes mais chances de desenvolver a doença do que pessoas que não fazem o uso do tabaco.
A estimativa do órgão para este ano é que, em Belo Horizonte, sejam registrados 210 novos casos de câncer de pulmão entre os homens e 150 entre as mulheres. Em Minas, conforme o Inca, são esperadas 2.570 ocorrências de tumores na traqueia, brônquio e pulmão, sendo a maior parte em pessoas do sexo masculino.
Amparo
Ter ajuda profissional é essencial para quem busca deixar o vício. O médico Pedro Navarro afirma que a principal dificuldade de quem decide encarar o processo é o período de abstinência, que se torna um adversário.
O problema foi vivenciado pelo operador de telemarketing Agner Costa, de 30 anos, que fuma desde os 15. Hoje, ele consome um maço de cigarros por dia. O rapaz diz ter tentado largar a dependência três vezes, mas o maior tempo que conseguiu ficar sem o fumo foi duas semanas. A última tentativa frustrada ocorreu no ano passado. “A primeira coisa que eu faço quando acordo é fumar um cigarro”, conta.
Apesar de nunca ter tentado largar o tabagismo, o atendente Vitor Ranieli, de 21 anos, fumante há três, reconhece os perigos da nicotina ao organismo. Mesmo assim, não decidiu acabar com o vício. “Se eu quiser, eu mesmo paro de fumar”, garante.
Já a também operadora de telemarketing Natália Oliveira, de 27 anos, diz ter interrompido a dependência durante as duas gestações. “Parei porque, na gravidez, enjoava do cigarro. Depois, por um período de três meses após ter os meus filhos, não conseguia fumar,” relembrou.
Por Simon Nascimento - hojeemdia
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