Não é brincadeira e nem diversão. Até personagens de desenhos animados estão entrando “no mundo das drogas sintéticas”. Em Belo Horizonte, os traficantes estão cada vez mais criativos na fabricação de ecstasy e mais de 2.000 foram apreendidos em formatos e cores variados, como do personagem infantil Bob Esponja.
Ao todo, foram 2.545 comprimidos da droga que também têm o formato da logomarca de um cosmético, do símbolo do aplicativo Skype e também em formato de barra de ouro, com o nome Gold.
As drogas foram apreendidas durante operação de 5ª Delegacia de Combate ao Narcotráfico, no apartamento de um jovem de 20 anos, no bairro Jardim Vitória, na região Nordeste da capital.
Ele foi preso em flagrante. Com o traficante, a polícia também apreendeu 15 porções de maconha, uma porção grande de haxixe, três balanças de precisão e diversos sacos plásticos utilizados para embalar drogas.
De acordo com o delegado Thiago Saraiva, o suspeito vendia a ecstasy para outros traficantes. “Vendia para traficantes que comercializavam no varejo. As pessoas pegavam com ele no atacado para a venda no varejo posteriormente”, disse o delegado.
As investigações começaram há um mês, quando os policiais foram informados que o suspeito vendia uma grande quantidade de drogas sintéticas no bairro Jardim Vitória. Os policiais fizeram campanha e descobriram o apartamento onde o suspeito morava, guardava a droga e a distribuía.
O jovem conseguiu escapar antes da chegada da polícia. O apartamento tinha poucos móveis, só uma cama, um armário e uma televisão. As drogas estavam em uma mochila, dentro do armário.
"São tipos diferentes de ecstasy. Vamos analisar em laboratório para saber a composição e há tipos diferentes de produtos químicos", disse o delegado.
Segundo o policial, o ecstasy, antes comercializado nas classes sociais mais altas, para ser usado em raves e em festas eletrônicas, está cada vez mais popular.
"Antes, a gente encontrava a droga sintética mais na região Centro-Sul, concentradas em pessoas que têm um padrão de vida mais alto, agora difundiu para outros bairros e regiões da cidade e outras classes sociais", disse. "As pessoas começam a usar, gostam e vão difundido para os colegas, e isso vai se alastrando", comentou o policial.
A consequência disso, segundo o delegado, é que o fornecedor começa a trabalhar em escala maior. "São produtos de qualidade pior e a gente não sabe de onde vem", informou Thiago Saraiva.
Segundo ele, vários laboratórios com prensas têm sido apreendidos em Minas. "A produção parece que ficou mais fácil", comentou ele, que tenta identificar os fornecedores e de onde chegam os insumos.
Silêncio
O suspeito, segundo o delegado, negou o crime. Depois, diante das provas, decidiu somente falar em juízo.
Ele morava até há pouco tempo com os pais, no bairro Silveira, e teve passagem pela polícia quando adolescente, por tráfico de drogas e crimes de trânsito. Ele não trabalhava e disse que estava fazendo um curso de cabeleireiro.
"A família começou a perceber que ele chegava tarde em casa, bastante estranho. Diante desse conflito, ele resolveu sair de casa, até para não envolver, segundo ele, a família nessa questão de drogas. Por isso, ele alugou o apartamento para guardar drogas e fazer as entregas ", disse o delegado.
Alerta
O policial fez um alerta aos usuários de ecstasy. Os produtos usados na composição, inclusive remédios controlados, têm procedência duvidosa e podem levar à morte. “É mais lesiva do que outras drogas. Têm remédios controlados, LSD. São várias substâncias que eles misturam ali para dar esse efeito. Essa droga pode ter sido produzida em Minas e a estamos investigando”, disse o delegado.
O preso está recolhido no Ceresp de Contagem. Ele pode pegar de cinco a 15 anos de prisão.
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