Uma professora, de 48 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (16) durante uma cirurgia para redução das mamas em Belo Horizonte. O médico responsável pelo procedimento se limitou a dizer a família dela que o falecimento ocorreu devido a "complicações". O caso será investigado pela polícia.
Adriane Zumira do Nascimento chegou por volta das 7h da manhã desta segunda-feira (16) ao Centro Médico São Fidélis, no Barro Preto, região centro-sul da capital mineira, para realizar um grande sonho da vida dela: fazer a redução das mamas.
Ela estava acompanhada de uma amiga e saiu de casa muito feliz, segundo os parentes. No entanto, por volta das 10h, a família foi informada pela clínica que ela havia sofrido uma complicação médica. Familiares foram até a clínica e lá foram informados da morte da paciente, sem explicar as causas.
A universitária Amanda Lorraine Palhares, que é sobrinha e afilhada da professora, disse que o médico cirurgião só falou que foi uma fatalidade e que fez tudo que tinha que fazer. Ela contou que o médico teria acionado o Samu, mas quando a equipe chegou, a professora já estava morta.
De acordo com o cunhado de Adriane, o comerciário Edir Palhares, de 60, o médico anestesista o chamou em uma sala e disse que a família só tinha duas opções: uma era receber dele um laudo de morte por causa indefinida, e a outra chamar o Instituto Médico-Legal (IML), e que esta segunda opção seria a mais demorada.
A reportagem tentou falar com o médico
cirurgião responsável pelo procedimento, mas a informação da clínica é que ele não estava em condições de falar e que um representante legal dele estava a caminho da clínica.
A professora Adriane trabalhava na Creche Paroquial do bairro São Paulo, região Nordeste de BH. Ela era solteira, não tinha filhos e morava com a mãe idosa. Segundo a sobrinha, ela juntava dinheiro há mais de um ano para pagar a cirurgia de redução das mamas.
O sargento Daniel Leite, do Primeiro Batalhão da PM, disse que foram acionados pela clínica em virtude do falecimento de uma paciente. Segundo o militar, os dois médicos envolvidos, o cirurgião e o anestesista, fizeram um relatório do que aconteceu, mas o PM não soube informar o conteúdo.
De acordo com a Polícia Civil, foi instaurado um inquérito para apurar as circunstâncias e eventual responsabilidade sobre o óbito da paciente. A perícia técnica esteve no local e, em seguida, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML).
O que diz a clínica
Os advogados da clínica disseram que o efeito colateral da anestesia aplicada pode ter provocado a morte da paciente, e o que aconteceu é raro, mas previsível.
Na paciente foi usada uma anestesia chamada raquianestesia, quando a substância anestésica é aplicada na coluna e a paciente fica consciente, ao contrário da anestesia geral, quando a pessoa fica em coma induzido.
De acordo com a advogada Eneyde Gontijo Fernandes, este tipo de anestesia foi escolhido para a paciente por se tratar de uma técnica corriqueira para esse tipo de procedimento.
Nota do Conselho Regional de Medicina
Belo Horizonte, 16 de dezembro de 2019 - O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) informa que tomou conhecimento, pela imprensa, da morte de uma paciente em uma clínica estética de Belo Horizonte após a realização de procedimento de mamoplastia. O CRMMG abrirá sindicância para apuração dos fatos, seguindo o protocolo de procedimentos estabelecidos pelo Código de Processo Ético Profissional (CPEP). Esses procedimentos correm sob sigilo. Obedecendo ao CPEP, somente as penalidades públicas impostas aos médicos poderão ser divulgadas.
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