O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou a detecção de traços dos contaminantes dietilenoglicol e monoetilenoglicol. Nessa terça-feira, a cervejaria Backer havia informado que as substâncias químicas não foram encontradas nas amostras de água recolhidas no tanque localizado sede da empresa, situada no Bairro Olhos D'Água, Região Oeste de BH. A polícia não confirma nem comenta a versão.
Em nota, o Mapa informou que a detecção ocorreu nas análises realizadas nas amostras de água residual do trocador de placas e do tanque de água fria. As amostras foram colhidas no dia 10 de janeiro deste ano pelo Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal/Mapa.
A Backer, para sustentar o posicionamento, encaminhou à imprensa dois laudos que teriam sido produzidos pelo Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Polícia Civil.
Os documentos atestam, segundo a Backer, que as substâncias tóxicas foram encontradas em dois locais: em amostra refrigerante coletada no tanque do sistema de refrigeração e em uma bombona de metal.
Porém, conforme nota da empresa, o monoetilenoglicol e o dietilenoglicol podem ser encontrados ali, ou seja, isso não configuraria uma irregularidade.
Procurada, a Polícia Civil informou que só vai comentar os exames “em momento oportuno, para não atrapalhar os trabalhos”.
Também não confirmou a veracidade do documento apresentado pela Backer, mas ressaltou que os laudos “que estão prontos já foram disponibilizados para os advogados da empresa, atendendo aos princípios constitucionais”.
A polícia também informou que as amostras recolhidas na Backer e na fornecedora de monoetilenoglicol "continuam sendo analisadaspelas equipes de peritos do Instituto de Criminalística (IC), de forma criteriosa" e que "não há previsão para a conclusão da maioria dos laudos".
A polícia já ouviu 24 pessoas, entre vítimas e familiares, no inquérito.
As autoridades trabalham com 26 casos suspeitos de intoxicação exógena causada pelo consumo de dietilenoglicol. Quatro já foram confirmados. Ao todo, seis pessoas morreram – em uma delas a equipe de saúde pública encontrou a substância tóxica.
A principal linha de investigação das autoridades vai de encontro à Backer. Isso porque os álcoois monoetilenoglicol e/ou dietilenoglicol foram encontrados em 41 lotes de 10 rótulos da marca, segundo o Ministério da Agricultura.
Os compostos orgânicos, quando consumidos, causam exatamente os sintomas sentidos pelos pacientes listados como casos suspeitos. O dietilenoglicol, no entanto, tem maior toxicidade.
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