Os moradores da Avenida Tereza Cristina, na divisa entre Contagem e Belo Horizonte, guardavam como cicatriz a virada do ano de 2008 para 2009, quando ocorreu uma inundação do Ribeirão Arrudas que tomou conta das casas e dos comércios. Em 2020, porém, a cada chuva, novas marcas se sobrepõem nas paredes e nas linhas da lama, mostrando a força e o nível da água. Os moradores contabilizam 12 transbordamentos sucessivos do leito do rio, em dias diferentes.
A reportagem esteve na região ontem, quando os moradores, mais uma vez, contavam os prejuízos deixados pela chuva do dia anterior. A avenida tem 12,28 quilômetros de extensão, sendo 10,52 quilômetros no primeiro trecho (que começa no Prado/Carlos Prates, R) e 1,75 quilômetro no segundo (Região do Barreiro).
Em janeiro, quem mora por ali teve que enfrentar, por diversas vezes, volume d'água igual ou superior ao de 10 anos atrás, que até então era o ponto de referência no drama das famílias. No entanto se tornou rotina ver a água subir e encobrir eletrodomésticos, assistir ao investimento de anos descer pela enxurrada, e sempre com a sensação de que, antes de todo o barro ser tirado, pode vir uma tempestade pior. As primeiras chuvas de 2020, que surpreenderam mesmo aquela população acostumada às inundações do ribeirão, vieram no fim do dia 19 de janeiro, um domingo, e indicaram que seria um mês histórico, com volume acima da média para o período.
A história dos moradores é um eterno recomeçar. Em 2008/2009, Rogério Ferreira da Silva de 42 anos, perdeu uma loja de autopeças. "O poder público fez bacias de contenção no Barreiro. Contagem prometeu, mas não fez nenhuma bacia. Agora voltou esse temporal. Estamos na 12ª enchente. Pelo menor em cinco, o nível chegou a três metros de água acima da avenida", diz o comerciante que está nesse ponto comercial de 1998.
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