Uma funerária de Belo Horizonte procurou as autoridades policiais na noite desse domingo (22) para registrar que recebeu 73 cadáveres em um período inferior a três dias, entre os quais, de Sete Lagoas. Desse total, 23 chegaram ao estabelecimento com diagnósticos de quadros compatíveis aos de coronavírus, tais quais insuficiência respiratória aguda, pneumonia crônica e pneumonia aspirativa. O porta-voz da Polícia Militar (PM), major Flávio Santiago, informou que o caso, como de praxe, já foi encaminhado à Polícia Civil, mas adiantou que há “indício de informações inverídicas” na denúncia realizada pelo gerente.
O gerente da funerária Grupo Zelo, no bairro Nova Gameleira, na região Oeste de BH, informou aos militares que esse quantitativo foi registrado entre a última sexta-feira e o momento do registro da ocorrência, ocorrido por volta das 22h de ontem. Em 30 anos de profissão, o gerente nunca tinha visto tamanho volume de cadáveres.
Além do diagnóstico registrado das declarações de óbito, chamou a atenção do profissional a faixa etária dos mortos: entre 50 e 90 anos – apenas um possuía 49 anos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) informa que o coronavírus tem mortalidade mais alta justamente contra pessoas acima de 60 anos.
Reprodução/Polícia Militar de Minas Gerais
O denunciante ainda afirmou aos militares que os corpos são oriundos de Belo Horizonte (entre os quais um do Hospital da Polícia Militar), Contagem, Betim e Matozinhos, todos na região metropolitana; além de Sete Lagoas (região Central de Minas).
Questionada, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) se limitou a afirmar que “não há, até o momento, nenhum caso confirmado de óbito por Covid-19, no Estado de Minas Gerais”.
“A situação mencionada está sendo avaliada e acompanhanda pelos órgãos competentes. Tão logo as informações sejam apuradas adequadamente, daremos os devidos esclarecimentos”, afirma, em trechos do posicionamento enviado por nota (leia na íntegra abaixo).
O porta-voz da PM, major Flávio Santiago, informou que há “indício de informações inverídicas” na denúncia realizada pelo gerente. “É claro e evidentemente que a PM já tomou procedimentos, já encaminhou à polícia investigatória para que isso seja melhor definido. Mas já tem uma informação extremamente importante: o caso relatado de uma pessoa falecida oriunda do Hospital Militar não é verídica”, disse o major.
“É importante que nós levemos essa informação a todos para não criarmos pânicos desnecessários inclusive com situações que estão em apuração. Cabe aos policiais militares todo e qualquer relato enviarem aos seus comandantes”, complementou, antes de finalizar. “O mais importante é que essas informações estão sendo checadas, mas que já há um indício de informações inverídicas e precisamos de muita cautela no repasse dessas informações”.
A reportagem tentou entrar em contato com a funerária em quatro números diferentes, além de procurar o gerente do estabelecimento, em dois números atribuídos a ele. Porém não obteve sucesso até esta publicação.
A reportagem também procurou a Polícia Civil para saber como está a investigação. Tão logo receba a resposta, esta reportagem será atualizada.
“Sobre a sua solicitação, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que a situação mencionada está sendo avaliada e acompanhanda pelos órgãos competentes. Vale ressaltar que não há, até o momento, nenhum caso confirmado de óbito por Covid-19 no estado de Minas Gerais. Tão logo as informações sejam apuradas adequadamente, daremos os devidos esclarecimentos”.
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