
Pelo menos três a cada dez contratos da educação infantil da rede privada em Minas Gerais foram cancelados desde o começo da pandemia. “Temos observado uma queixa grande das escolas do interior e da capital, com uma média de cancelamentos de 30% a 40%. É preocupante, pois, com isso, a escola perde toda a condição de se reestruturar para reabrir logo que os órgãos competentes alinharem uma data”, afirma a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Ávila Reis.
Sem a mesma receita de antes, muitas escolas ainda precisam dar descontos para evitar que a evasão seja ainda maior, visto que não a manutenção de crianças de 0 a 3 anos nas escolas não é exigida por lei. No colégio Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte, a alternativa foi suspender as turmas de maternal I e II durante 2020.
Depois de alguns cancelamentos, a diretora da escola entrou em contato com os pais, que sinalizaram que não teriam segurança em enviar os filhos de 2 e 3 anos, mesmo quando as aulas presenciais fossem autorizadas. Por meio da assessoria de imprensa, o colégio esclarece que fez um acordo com as famílias para retomar apenas no ano que vem, com garantia de manter os mesmos professores. A mensalidade de maio ficará de crédito para cobrir a matrícula em 2021. As turmas da pré-escola (4 e 5 anos) foram mantidas.
Para escolas que dependem exclusivamente do maternal e dos 1º e 2º períodos, a suspensão das turmas não é uma possibilidade. Nesses casos, a alternativa tem sido os descontos. É o caso Kid´s Village, na região da Pampulha. “Nós não temos receita com outras séries como fundamental, por exemplo. Então, a cada mês nós temos avaliado uma alternativa. Em abril e maio, demos desconto de 17,5%. Em junho, o percentual será maior, entre 35% e 40%”, explica a proprietária Paloma Taioba.
A empresária lembra que existem vários outros desafios para as escolas de pequeno e médio porte. “Não sobrevivemos apenas das mensalidades, mas também de serviços como lanches e atividades extras como capoeira. Todos estão suspensos”, explica.
Na Trilha da Criança, no bairro Anchieta, região Centro-Sul, alguns cancelamentos foram registrados. A proprietária Ana Paula Bartolomeu afirma que o apoio dos pais tem sido importante e a escola tem conseguido se manter, com ajuda de suspensão temporária de contratos de alguns funcionários e empréstimos para pagar a folha.
“Estamos oferecendo atividades online para manter o vínculo com as crianças, também oferecemos serviços da psicóloga da nossa escola. E, apesar das dificuldades, temos conseguido nos manter. Mas muitas escolas de pequeno e médio porte estão sofrendo muito. Estamos, inclusive, tentando uma reunião do o poder público para pedir uma isenção fiscal para aliviar o setor, pois os impostos têm um grande impacto”, afirma Ana Paula.
A diretora destaca que uma redução da carga tributária pode garantir a sobrevivência de muitas escolas. “É preciso pensar o seguinte: se as escolas privadas quebrarem, no ano que vem essas crianças vão sobrecarregar o sistema público, que já não tem infraestrutura nem para a demanda atual”, avalia Ana Paula.
Em risco.
Uma pesquisa encomendada pela União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte – organização sem fins lucrativos criada durante a pandemia com o objetivo de dar suporte às instituições de ensino – mostra que de 30% a 50% das escolas privadas de pequeno e médio porte do Brasil estão sob risco de falência por causa do coronavírus.
Em seu site, a entidade deu início ao que chama de "obituário" das escolas vítimas da Covid-19. A redução de receita, ocasionada pela necessidade de conceder descontos, por atrasos nas mensalidades e pela inadimplência, atingiu 40% delas em abril e deve ultrapassar os 50% no fechamento das contas de maio. Em 95% dos estabelecimentos já houve o cancelamento de matrículas.
Para a pesquisa, intitulada “Megatendências - As Escolas Brasileiras no Contexto do Coronavírus’” foram consultados, entre 13 e 25 de maio, proprietários de 482 colégios do ensino infantil ao médio, que têm entre 150 e 240 alunos e de 20 a 30 professores, localizados em 83 municípios do país, incluindo capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Salvador, Fortaleza, Maceió e Aracaju. Escolas com esse perfil representam quase 80% da rede privada de ensino do Brasil. (Com agências)

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