
A pandemia de Covid-19 pode agravar ainda mais um problema educacional histórico no país. Pesquisa do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) aponta que 24% dos estudantes de 15 a 18 anos, geralmente cursando o ensino médio, pensaram em abandonar os estudos com o fim do isolamento social. Desmotivação com as atividades escolares – muitas ainda paradas – e a situação financeira das famílias vão pesar na decisão.
O cenário também não é favorável para crianças matriculadas na etapa fundamental. Levantamento do Datafolha, a pedido da Fundação Lemann, do Instituto Itaú Social e da Imaginable Futures, indica que 43% dos pais de quem está nos anos finais do ciclo – 6º ao 9º anos – temem que os filhos desistam de estudar.
Para se ter uma ideia, em Belo Horizonte, dos 712 alunos do fundamental que abandonaram a escola na rede pública municipal em 2019, 584 (82%) eram dos anos finais. Os dados de 2020, segundo a Secretaria de Educação da capital (Smed), serão compilados após o fim do ano letivo.
Esforço conjunto
Reverter o quadro que pode se instalar no pós-pandemia passa por um esforço conjunto entre pais, poder público e instituições de ensino, afirmam especialistas. “Por essa razão é muito importante que os gestores educacionais estejam focados nesse momento em manter vivo o vínculo do estudante com a escola. Atividades não presenciais, contato com o professor, comunicação com a família, tudo isso é muito importante para que essa ligação não se perca”, frisa Daniel de Bonis, diretor de Políticas Educacionais na Fundação Lemann.
As ações devem começar agora. “O aprendizado, com trabalho focado e planejado, poderá ser recuperado depois. Mas se o aluno desiste da escola, é muito mais difícil trazê-lo de volta”, complementa o especialista, que foi secretário-adjunto de Educação da prefeitura de São Paulo.
Conselheira nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Angela Mathylde destaca que os pais, inclusive, terão um papel importante em meio a esse cenário. Para ela, a responsabilidade não é apenas da escola.
“Se o filho não tiver rotina com os estudos on-line, regras estabelecidas, vai ficar desmotivado. Por outro lado, se ele não está tendo aula, as famílias devem buscar alternativas, estudar com vídeos pela internet ou procurar o professor e saber se tem conteúdo para passar. Isso mantém a motivação”, ressalta a psicopedagoga.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte garantiu ser a evasão uma das preocupações do pós-pandemia. “Os estudantes recebem material pedagógico para estudar em casa e essa ação tem ajudado a estreitar a relação e não deixar romper os vínculos escolares”, informou.
A Secretaria de Estado de Educação disse que a taxa de abandono na rede vem caindo desde 2017, quando era 8,1% no ensino médio, 3,1% nos anos finais do fundamental e 0,3% nos anos iniciais. Em 2019, no ensino médio foi de 5,3% e 1,6% e 0,2% nos anos finais e iniciais do fundamental. O programa Busca Ativa, que resgata quem deixou os estudos, continua na pandemia.

Premiação Cientista brasileiro entra para a lista dos mais influentes do mundo por método que combate dengue
Graduação Mais 700 alunos se formam no Programa de Inclusão Digital da PBH
Ensino superior UFSJ terá novo curso em Sete Lagoas Mín. 18° Máx. 26°

