Após um final de ano com proibição de venda de bebidas alcoólicas em bares e restrição a confraternizações em 2020, o mercado de eventos e restaurantes se prepara para uma virada no final de 2021, que dá sinais promissores, em meio ao fim da obrigatoriedade de distanciamento e o avanço da vacinação. Bares e restaurantes esperam um faturamento 90% superior ao de dezembro de 2020, no próximo mês, equiparável ao de 2019, e miram novas contratações. Ao mesmo tempo, formaturas de colégios e faculdades, reagendadas ao longo da pandemia, já lotam o calendário de 2022 e debutantes que não puderam comemorar os 15 anos em 2020 retomam os bailes mesmo passando da idade.
Uma plena recuperação do setor de eventos ainda está distante, mas a vontade de comemorar deve manter as festas em curso nos próximos meses, avalia o vice-presidente da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (AMEE), Ederson Clayton. “As pessoas vão fazer comemorações, com certeza, de acordo com a condição de cada uma. Vamos ter muitas festas e confraternizações, mas uma recuperação ainda acho difícil”, pontua.
Dois anos após se formar em administração, a turma de faculdade da analista de logística Renata Figueiredo, 38, realizou o baile de formatura neste mês, 20 meses depois da data original, assim que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) retirou a limitação de público dos eventos sociais. “A gente comemorou mais do que se tivesse sido em março de 2020, porque não tinha se reunido desde então. Mas meus pais, que são mais velhos, preferiram não ir, por precaução”, diz ela.
Quem já não havia agendado a festa deve encontrar dificuldade para encontrar um espaço na agenda no futuro próximo. O calendário dos salões, tomado pela volta não só das formaturas, mas das festas de casamento e de debutante, não deve ter trégua até 2023, dada a onda de reagendamentos, segundo a AMEE.
Na agenda do espaço de festas Villagio, na região da Pampulha, restam poucos sábados livres até o final do próximo ano, ocupados por eventos agendados a partir de 2018, detalha a proprietária, Mayara Barbosa. “A procura por datas disponíveis já voltou. Em 2022, eu tenho a consciência de que vou trabalhar para recuperar o prejuízo, porque os eventos agendados estão com preço defasado”, diz.
Formada em direito em 2020, a analista de crédito imobiliário Bárbara Catti, 24, já está com convites à mão para a festa de formatura em dezembro deste ano, depois de três adiamentos. “Eu, que cumpri a quarentena certinho, fico insegura, para ser sincera. Minha avó de 85 anos e parentes mais velhos vão à festa e eu acabei de tomar a segunda dose da vacina. Sinto essa responsabilidade, mas a vida está voltando e vamos ter que aprender a conviver com a Covid-19. Vai ser um reencontro, a primeira festa em que vou na pandemia”, avalia. Em eventos para mais de 2.000 pessoas ou que ofereçam pista de dança, todos os convidados precisam apresentar comprovante de vacinação completa ou teste negativo de Covid-19.
Mesmo com o alívio motivado pela volta das festas, o setor ainda encontra obstáculos para a recuperação. Com contratos fechados desde antes da pandemia, produtores enfrentam a inflação acumulada, que pressiona orçamentos que já haviam sido acordados com os clientes, e a dificuldade para encontrar profissionais.
A proprietária da casa de festas Villagio, Mayara Barbosa, explica que tenta negociar um reajuste no valor do contrato com clientes. Mesmo assim, a alta do preço das carnes, por exemplo, torna um evento em 2021 bem mais caro do que no início de 2020. “Flores caras eu consigo substituir, por exemplo, mas não a comida, porque o contrato já prevê o cardápio”, detalha.
A proprietária do Laumonier Eventos, Lúcia Alcântara, reflete que tem contado com a boa-vontade de fornecedores, que também entraram em crise e não estão repassando os aumentos integralmente. Mas ela pontua que quem ainda não havia fechado todos os contratos tende a pagar mais caro a partir de agora.
“Não se acha mais muito espaço para locar, porque estão com datas preenchidas. Também está difícil encontrar mão-de-obra, porque muita gente que fazia trabalho freelancer, como de garçom e recepcionista, deixou o setor. Só uma turma de formandos cancelou integralmente o evento conosco, mas no começo da pandemia tivemos vários casos isolados de alunos de algumas turmas que cancelaram, porque perderam o emprego e a formatura não era prioridade”, completa a empresária.
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