Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) manifestou apoio à paralisação das siderúrgicas de Sete Lagoas e região, ocorrida na última terça-feira (3). Dezoito empresas aderiram ao movimento, que interrompeu a produção industrial entre 6h e 18h, em protesto contra as adversas condições do mercado.
Em nota oficial, a FIEMG salientou a legitimidade das reivindicações do setor. “As reivindicações dos produtores são condizentes, principalmente para aqueles que priorizam o mercado interno, pois, atualmente, temos um conjunto de fatores que, se não forem revertidos, podem comprometer o desempenho das usinas”, ressaltou a federação.
Minas Gerais desempenha um papel crucial na produção de ferro gusa, abrigando 53 usinas. Em 2024, a produção atingiu 3,8 milhões de toneladas, com 28,3% destinados ao mercado interno e a maior parte para exportação, principalmente para os Estados Unidos. O setor aponta que o preço do ferro gusa no Brasil tem se mantido abaixo do ponto de equilíbrio para a sustentabilidade das usinas, o que justifica a busca por intervenções do poder público, como o aumento de incentivos e o diálogo com fornecedores e compradores.
Um dos principais pontos de preocupação são as recentes tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o aço importado. A partir deste mês, a tarifa sobre o material dobrará para 50%. “Isso tem causado uma grande insegurança e, em consequência, morosidade nas negociações com impactos nos preços; o objetivo do movimento é sensibilizar, e espera-se que realmente reverta o quadro que atualmente se mostra”, destacou a FIEMG.
Willian Reis, proprietário de uma das empresas participantes da paralisação, ponderou sobre a complexidade das tarifas norte-americanas. Embora possam impulsionar as exportações de ferro gusa, também representam um risco para o mercado nacional de aço. “Acredito que se essas taxas realmente se mantiverem, visto que Trump está mudando todos os dias, o preço do gusa poderá melhorar, devido ao fortalecimento da indústria americana. Mas para o mercado interno, pode ocorrer maior entrada de produtos acabados competindo com nossas aciarias”, concluiu Reis, ilustrando o cenário desafiador enfrentado pelas siderúrgicas mineiras.
A paralisação de 12 horas, coordenada por pelo menos 18 siderúrgicas de Sete Lagoas e região na última terça-feira (3 de junho), foi um ato de alerta sobre a severa crise que afeta o mercado do aço no Brasil. Conforme reportagem do jornal O Tempo, o movimento visou chamar a atenção para a facilidade de entrada de produtos importados, especialmente da China, e a carência de incentivos públicos, fatores que estariam inviabilizando a produção nacional.
A interrupção, que ocorreu das 6h às 18h, resultou em uma perda estimada de 2.500 toneladas de ferro gusa – matéria-prima essencial para o aço –, representando um prejuízo de R$ 5 milhões. Reis alertou que, se o cenário atual persistir, demissões em massa podem ser inevitáveis a partir do próximo mês.
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