Para evitar que os rejeitos da barragem I da mina de Córrego do Feijão, que se rompeu há cerca de cinco meses, em Brumadinho, continuem seguindo até o rio Paraopeba, a Vale vai investir entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, até o fim deste ano, em 23 obras ao longo de 6 km do ribeirão Ferro-Carvão. A mineradora, responsável pela destruição, vai agora contratar, até o final deste ano, 2.500 trabalhadores e 28 empresas. Até 2023 serão R$ 1,8 bilhão em obras de reparação.
“As contratações já começaram, e priorizamos pessoas da região. Já foram empregadas 1.300 desse total, e cerca de 700 delas são da região de Brumadinho”, disse em entrevista coletiva nessa quarta-feira (26) o diretor especial de reparação e desenvolvimento da Vale, Marcelo Klein. As obras envolvem diques, barreiras de contenção e uma Estação de Tratamento de Água (ETA). “Uma data marcante para nós é 25 de maio porque, nesse dia, a barreira de estacas-prancha foi concluída e o rio Paraopeba parou de receber rejeitos do rompimento”, afirmou Klein. O rompimento da barragem lançou cerca de 7 milhões de m³ de rejeitos de minério de ferro na natureza. Segundo o gerente de engenharia de projeto da Vale, Anselmo Marinho, cerca de 2 milhões de m³ ainda se encontram na estrutura colapsada.
Das 23 inicativas, três já estão prontas: uma barreira de contenção a 2 km da barragem que se rompeu; a barreira de estacas-prancha, no encontro entre o ribeirão Ferro-Carvão e o rio Paraopeba; e uma ETA no mesmo local. “Começamos as obras em fevereiro, antes de completar um mês do rompimento”, afirmou Marinho.
Ele explica que a prioridade é finalizar as obras até setembro, quando começa o período chuvoso. “Por enquanto, com as estruturas já finalizadas, asseguramos que os rejeitos não vão chegar ao rio Paraopeba. As demais (23) obras são importantes para garantir isso no período de chuvas”, explicou Marinho.
O gerente ainda afirmou que outro objetivo é reformar a barragem I, que vai receber o resíduo sólido que está sendo retirado da natureza. “Vamos reformar com segurança o que restou da barragem I”, disse Marinho. Ele declarou que o resíduo desidratado tem alto índice de manganês e minério de ferro. “A Vale tomou a decisão de não reutilizar ou reminerar esse material”, contou Marinho.
ETA. A lama que atualmente é barrada pelas estacas-prancha passa por um processo de filtragem na ETA e sai de 20 mil NTU (nível de turbidez) para 15 NTU, em média. “Pela legislação, poderíamos liberar a água com a turbidez em 100 NTU, mas estamos trabalhando com 15% desse índice, o que mostra que o processo está eficiente”, avalia Anselmo Marinho.
Estacas-prancha. A barreira de 105 m que evita a chegada do rejeito ao Paraopeba fica no encontro com o ribeirão Ferro-Carvão. Ela é formada por 75 estacas de aço com 12 m de altura e 1,40 m de largura.
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