‘Ele parecia querer mais crianças’, diz educadora que estava com menina assassinada em Betim

A cuidadora Brenda Andrade, que estava com a criança Ieda Isabela Manoel Peres, de apenas cinco anos, que foi assassinada a facadas na porta da creche onde estuda, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, narrou os momentos de desespero vividos na manhã desta quarta-feira. Elas foram abordadas por Moabi Edon, de 25 anos, enquanto iam para o Centro Infantil Municipal Júlia de Carvalho, no bairro Vila Cristina.

De acordo com a cuidadora, a todo momento o autor do crime mirou apenas a criança. “Ele apareceu do nada e só pegava ela. Ele só queria ela. Tanto que quando ele deu a última facada ele saiu estressado e parecia querer mais crianças”. 

Brenda, que há três meses cuidada de Ieda, relembra o dia que passou com a vítima. “Ela estava tão alegrinha. Assim que eu saí de casa arrumei o cabelinho dela tão bonitinho para ir para a escola. Aí ela falou que depois era para voltarmos para pegar algumas bonecas para levar lá para casa, na hora que a gente voltasse da escola, para ela brincar”. 

Sem esconder as lágrimas, a cuidadora diz que ainda não viu a mãe de Ieda. “Eu não sei o que vou falar para ela. Minha consciência está muito pesada”. 

Uma educadora, que não será identificada, também presenciou a ação de Moabi. “Eu estava chegando na escola de carro, vi uma mulher dando ré em um carro, um homem correndo, aí, de repente, eu vi ele com uma faca. Eu consegui abrir o portão da escola entrar correndo e ficar preso dentro da secretaria. Eu liguei para a polícia e para a diretora da escola”, disse. 

Ela diz que Ieda era uma menina tranquila e muito tímida. “A gente nunca imaginou,. O mundo é terrível. Só Deus para ter misericórdia da gente. Às vezes a gente via ele (Moabi) passando na porta da escola, então a gente não sabe se ele já tinha intenção de fazer isso”, diz. 

Comportamento esquizofrênico

A escolha por assassinar Ieda Isabel foi aleatória, conforme a Polícia Militar. Após cometer o crime, Moabi foi linchado por populares e precisou receber atendimento médico. Conforme relato do Major Paulo Roberto, com base na versão da mãe do apontado como autor do crime, na manhã desta quarta-feira, o jovem andava sistematicamente pelo quintal de casa dizendo: ‘O meu patrão me deu uma ordem que eu teria que matar uma criança’. 

Na casa de Moabi, a PM descobriu que nessa terça-feira (29) ele teve uma consulta com um psiquiatra, que teria orientado dobrar a dosagem do remédio que ele usa. Fontes disseram à Itatiaia que o homem já foi preso duas vezes por tráfico e posse de drogas, é usuário de crack e sofre de esquizofrenia. 

A mãe de Moabi também cita um comportamento incomum do homem, que endossa a possibilidade dele apresentar doença mental. Ao se deparar com situações de perigo ou conflito, a atitude dele era sorrir e dar gargalhada. Tal atitude, conforme a mãe, fez com que ele já tivesse sofrido agressões no tempo em que esteve preso.

Novo caso

No dia 21 de outubro, outro homem que também sofre de transtornos psiquiátricos cometeu um homicídio, no bairro Mantiqueira, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. Lucas Félix Fernandes, de 26 anos, assassinou a prima, Susan Fernandes, de 24. Dois dias depois, a Vara de Execuções Criminais de BH determinou que o mandado de prisão dele valha até 2039. Ele deve ser transferido para um Centro de Apoio Médico e Pericial e submetido a um novo exame de sanidade mental. O suspeito já foi preso anteriormente por matar o irmão há cerca de 7 anos, mas foi solto.