O universo lúdico é de extrema importância para crianças portadoras de Síndrome de Down, as brincadeiras podem ser um grande estímulo para o desenvolvimento mental e motor, além de possibilitar e contribuir para a qualidade de vida dos pequenos de maneira muito prazerosa e divertida.
Atividade lúdica é todo e qualquer movimento que tem como objetivo produzir prazer quando de sua execução, ou seja, divertir o praticante. As atividades lúdicas abrangem os jogos infantis, a recreação, atividades criativas, as competições, as representações teatrais, e os jogos.
Muitos estudos mostram que as respostas das crianças portadoras de T21 para atividades lúdicas são muito positivas, e assim como para qualquer criança, as brincadeiras, as leituras, e as atividades são uma condição de aprendizagem muito forte e eficiente. Para as crianças com síndrome de down, o brincar é um instrumento que colabora muito no processo de evolução, por isso é muito significativo que essas crianças recebam uma grande quantidade de estímulos desde que nascem no dia-a-dia.
Assim, quanto mais estímulos ela recebe, mais ela vai aprender e ter respostas efetivas das atividades nas quais são propostas, incentivando as habilidades motoras, sua capacidade criativa, e sua sociabilidade com as pessoas e o ambiente, conseguindo se comunicar e manifestar seus sentimentos de maneira mais clara e eficaz.
Síndrome de Down, também denominada trissomia 21, T21, é uma anomalia genética causada pela presença integral ou parcial de uma terceira cópia do cromossoma 21. A condição está geralmente associada a atraso no desenvolvimento infantil, feições faciais características e deficiência mental leve a moderada. O quociente de inteligência de um jovem adulto com síndrome de Down é, em média, de 50, sendo equivalente à capacidade mental de uma criança de oito ou nove anos, embora isto possa variar significativamente.
A importância dos estímulos para crianças com Síndrome de Down
É por meio das atividades recreativas que as crianças começam a construir seus próprios pensamentos e exercer a imaginação, e isso não é diferente com crianças diagnosticadas com T21, que vão aprendendo cada vez mais como desenvolver suas capacidades cognitivas, auditivas, motoras, visuais,e no palpável.
Crianças com síndrome de down, possuem uma capacidade de desenvolvimento mais baixa comparada com a de outras crianças, mas isso não impede que com o tempo e com os estímulos certos, sejam capazes de aprender e evoluir suas habilidades, que para elas podem parecer mais complexas. Por isso a importância desde cedo de apresentar diversas propostas de atividades e brincadeiras, com o acompanhamento de profissionais especializados.
Tudo isso não impossibilita a interação de crianças com T21 com os outras pessoas, e tenha uma vida social ativa. Os estímulos influenciam no aprendizado mesmo quando bebês, assim o lúdico deve ser executado o quanto antes, pois ajuda cada vez mais rápido a criança ter autonomia no seu comportamento e nas suas atitudes, conseguindo tomar suas próprias decisões, e agir durante os dias sem ajuda de outras pessoas.
A Terapeuta Ocupacional Fabiana Alencar, formada pela FMUSP, especialista em crianças com Síndrome de Down pela pela UNAES e pelo CEPEC-SP, conta que crianças geralmente param de ter necessidade de atividades multissensoriais, que abrange e implica diversos estímulos simultaneamente, lá por volta do ensino fundamental, e as crianças com T21 não, elas necessitam continuar tendo essa vivência sensorial para aprender e para favorecer a aprendizagem delas, então isso é muito rico. Essa vivência lúdica, essa coisa multi- sensorial ajuda muito a aprendizagem dessas crianças, e as pessoas precisam de verdade privilegiar isso, porque dessa forma eles vão ter um prognóstico melhor, pois criança que tem diferentes experiências, possui uma vivência mais rica, e isso beneficia o desenvolvimento delas.
Ingrid Barros, mamãe do Lele de 5 anos, que possui Síndrome de Down, disse que o legal do lúdico é que possibilita para criança a oportunidade de criar, fazer atividades de forma livre que ajudam aprender brincando, e conta que as brincadeiras tiveram um papel muito positivo no desenvolvimento do Lele, conhecendo cores ao pintar, desenvolvendo habilidades, e que tudo isso favoreceu muito na concentração e na parte motora, deixando ele aprender no tempo dele.
O importante papel da fonoaudiologia nos estímulos para T21
Todas as crianças com T21 desde que nascem já precisam ter um acompanhamento de profissionais, pois exigem um auxílio muito específico e que é importante logo nos primeiros meses de vida, as crianças com síndrome de down possuem mais dificuldades e precisam de monitoramento regular e de um cuidado maior. O que intensifica a necessidade de apoio médico desde recém-nascido, e assim a criança consegue ter mais condições para se desenvolver melhor durante a infância, do que crianças que acabam perdendo os primeiros anos e tendo o acompanhamento quando estão maiores, quando já possuem hábitos inadequados.
Dentre os profissionais necessários, fonoaudiólogos têm um papel muito importante em diversos pontos, na amamentação, na motricidade oral, na fala, na linguagem, na percepção auditiva e na respiração. É muito interessante para as crianças com Síndrome de Down, que seus médicos trabalhem e dialoguem entre eles, associando suas atividades para ajudar ainda mais no desenvolvimento da criança, afinal, para alguns avanços se efetuarem, diversos pontos da evolução precisam ser estimulados.
Mônica de Cillo Martins Fonoaudióloga formada pela PUCSP- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, mestre em distúrbios da Comunicação ela PUC-SP, e especialista em Audiologia pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, informou sobre como funciona o trabalho dela com crianças que tem Síndrome de Down. Ela afirma que é necessário desde o nascimento, essas crianças terem a assistência de uma fono para amamentação, por terem a musculatura com uma tonicidade mais baixa, assim precisam trabalhar a motricidade oral.
" Muitas vezes as crianças com T21 precisam de um trabalho específico desde que nascem, e esse trabalho é muito importante desde os primeiros meses de vida, porque muitas vezes os profissionais tem dificuldade em ter acesso a essas crianças no momento mais adequado, porque as mães acabam trazendo apenas quando já são maiores com hábitos muito ruins, tanto de sucção quando de deglutição.", afirma a fonoaudióloga.
Mônica ainda contou que é preciso observar a respiração, se a criança está reagindo aos estímulos apresentados, e que o trabalho da fono é o sistema motor oral, fala e linguagem, e a percepção auditiva. Estimulando sempre as funções orais por meio do diálogo, direcionando as conversas, ensinando a criança a escutar e reagir aos sons a todo instante. Quando as crianças já são mais velhas, envolve bastante o ato motor, a pronúncia das palavras, formulação de frases com conteúdos mais complexos, estimulando a comunicação efetiva, que a criança consiga dizer aquilo que quer demonstrar e expressar, afinal, a linguagem é um desenvolvimento que intermedeia diversas outras funções superiores.
De que maneira estimular crianças portadoras de T21
Além dos estímulos, o ambiente em que a criança vive também um é fator que influencia diretamente o desenvolvimento, que deve ser calmo e encorajador. O ideal é que as crianças com T21 recebam sempre atividades que trabalham com múltiplos sentidos, com materiais e brinquedos coloridos, sonoros e diferentes formatos, para estimular a visão, audição e sua parte motora. O lúdico é necessário pois as crianças no geral precisam viver experiências para que possa haver desenvolvimento por meio da exploração de suas habilidades.
Se houver a estimulação com certeza haverá desenvolvimento, descobrir e observar diversas formas, desenhar, brincar no espelho, criar desafios envolvendo obstáculos e memória, explorar alimentos, dentre diversas outras atividades que façam com que a criança portadora de síndrome de down desperte a curiosidade criativa e consiga utilizar e aprender suas partes do corpo.
“Normalmente nas terapias nós trabalhamos as letras, trabalhar letras com espuma, e.v.a, com madeira, fazer aqueles saquinhos sensoriais com shampoo dentro e misturar letras para que eles possam manipular, inclusive também porque a aprendizagem deles é mais concreta, por conta do comprometimento intelectual. Eles precisam vivenciar para aprender, a abstração é uma dificuldade que eles apresentam”, completa a terapeuta ocupacional Fabiana.
A mamãe do Lele, conta que as brincadeiras que ele mais gosta são pintar e a hora da história, que sempre ajuda ele aprender novas palavras.
Diferente do que se pensa, as crianças com T21 são mais semelhantes do que distintas de outras crianças. Por meio da ludicidade são capazes de se desenvolver da mesma maneira que qualquer outra criança, mas em um ritmo mais lento, através do seu próprio tempo e capacidade, e no momento certo irão atingir as etapas desenvolvimento.
A participação dos pais nas atividades ajudam as crianças com T21?
Além da ludicidade, o acompanhamento e a participação dos pais nas atividades e nas brincadeiras é um fator muito significativo que ajuda muito no desenvolvimento das crianças, pois é uma maneira de fazer com que elas se sintam seguras para realizar os desafios propostos, e colaborar para que a criança consiga finalizar os exercícios.
Ingrid, conta que está sempre muito presente com o Lele na hora das atividades, e assim consegue direcionar ele na execução dos exercícios, conduzindo para que ele possa dar continuidade nas atividades que são oferecidas.
A assistência de profissionais especializados para crianças com Síndrome de Down são essenciais para o crescimento das crianças, mas também é papel dos pais dentro do ambiente familiar proporcionar estímulos com atividades lúdicas, inventando formas criativas e divertidas para auxiliar ainda mais no desenvolvimento.
"O envolvimento dos pais é fundamental, porque por mais que a criança faça terapia, vá a escola, quem fica com ela a maior parte do tempo é a família, então o papel da família é complementar o que é feito na escola e na terapia. A família deve pegar um conceito que a criança está vendo na escola e trabalhar com isso em casa", informa Fabiana, especialista em crianças com T21.
A afetividade é a principal condição na evolução da criança, para que ela se sinta capaz e confiante para encarar os desafios e os obstáculos para se desenvolver e evoluir, ainda mais para interagir no meio social. Possibilitar e garantir que a criança tenha vivências de interação com outras pessoas para contribuir ainda mais na parte cognitiva. Tudo isso é primordial para todas as crianças, visto que gera uma satisfação e faz com que sua adaptação nos lugares e no ambiente familiar seja melhor.
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