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Saúde Entrevista

Kalil: ‘Qual o problema mais grave: perder o seu emprego ou a sua mãe?’

Prefeito de Belo Horizonte critica quem pede afrouxamento das medidas de isolamento social tomadas para combater o novo coronavírus

10/04/2020 às 09h32 Atualizada em 10/04/2020 às 09h36
Por: Redação Fonte: OTempo
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Prefeito Alexandre Kalil concede entrevista exclusiva para O TEMPO e para a rádio Super 91,7 FM Foto: ALEXANDRE MOTA / O TEMPO - 09 - 04 - 2020
Prefeito Alexandre Kalil concede entrevista exclusiva para O TEMPO e para a rádio Super 91,7 FM Foto: ALEXANDRE MOTA / O TEMPO - 09 - 04 - 2020

Em entrevista exclusiva para rádio Super 91,7 FM e para o jornal O Tempo, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), detalhou as ações que o município vem tomando para o enfretamento da pandemia do novo coronavírus, reforçou que o isolamento social continuará na cidade, criticou as atuações do governador Romeu Zema (Novo) e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e evitou discutir as eleições municipais deste ano. 

Prefeito, o senhor acabou de se reunir com representantes da segurança pública, da BHTrans e da Saúde. O que foi definido nessa reunião? Existe hoje um comitê de ação da prefeitura que tem um rumo, como teve no desastre das chuvas de Belo Horizonte. Nas chuvas, eu não tive nenhum problema, conhecia da matéria, comandei o comitê junto com a Defesa Civil com muita tranquilidade. Agora, não. Precisamos saber que existem três infectologistas do mais alto gabarito junto do secretário da Saúde, junto da segurança municipal e estadual, junto com a BHTrans, em fechamentos de praças, de vias, e a gente se reúne, claramente claro. Como o decreto de ontem, que julguei um decreto importante, que vai ser um pouco modificado. Numa época de guerra, coisa vêm, saem, escapam, como o decreto fecha um pet shop que deveria abrir, fecha uma oficina mecânica. Os ajustes vão ser feitos, e eu não tenho a menor vergonha. O certo é que o rumo que nós estamos tomando é único. Tem um rumo, e nós não vamos desviar do rumo e dos erros que o mundo inteiro cometeu.

O principal objetivo do isolamento é evitar o contágio muito rápido e um colapso dos sistemas de saúde. Como está a situação em Belo Horizonte? Estamos perto disso? Existe a possibilidade de chegarmos ao colapso da saúde? É uma explicação muito boa, são reuniões que fazemos com os técnicos. Em Milão, por exemplo, houve uma curva bastante leve quando liberaram a população. Em dois dias, não tinha um leito em Milão e nem um CTI. É disso que nós estamos tratando, não é de como está. É de como estará. Como que a gente trata uma coisa nova? Com livro, com a história. Já diziam que a história se repete. Como uma cidade do tamanho de Wuhan tratou a pandemia? Com o isolamento social. Ela descobriu o que fazer. E Milão, Londres, a Espanha, descobriram o que não fazer. Então nós temos um exemplo simples, vamos seguir cidades do porte da nossa, o que deu certo, e não o que deu errado. Três médicos citaram o exemplo de Milão para mim hoje, e eu não sabia. Eles fecharam Milão, estava tudo tranquilo. Não se pode usar o que deu errado no mundo. Eu aviso ao povo de Belo Horizonte: relaxar agora está errado. Vai dar errado. Em quatro dias, se a pandemia chegar a Belo Horizonte, vamos precisar de 14 mil leitos. Nós temos dois caminhos a seguir. Vou seguir o padrão que deu certo ou o que deu errado. Preciso do povo sabendo disso. Em Milão, saíram pra rua, igual queriam sair aqui para comprar chocolate. É falta de consciência, o que eu estou pedindo é consciência, só isso. 

O senhor tem dados sobre o efeito do isolamento até aqui? O que já fizemos até aqui demostra alguma diferença? O senhor acha que o pior está por vir? O pior está por vir, obviamente, pelos números. É uma pena que agora nós não podemos tirar o mérito de uma prefeitura que só investiu em saúde. O que estão correndo em outros Estados, estamos fazendo há quase quatro anos em Belo Horizonte. Não falta leito, remédio, CTI. Existe, na verdade, um trabalho que foi feito, que minora a trabalheira que está todo mundo tendo, e a falta de dinheiro que está todo mundo tendo. Agora, o pior está por vir. Se a população achar que nossa curva está tranquila, que não vamos ter pico, preparem-se para virar Milão. Para jogar corpo em campo de patinação, como se faz na Espanha, porque não tem caixão para enterrar, ou como se faz no Equador, onde estão jogando caixão nas ruas. Essa tranquilidade é mortal, vamos matar nossas mães, nossos pais, nossos tios, nossos entes queridos por uma irresponsabilidade total. E outra coisa que é importante. Está todo mundo achando que vai reabrir Belo Horizonte e vai dar fila em sapataria, em shopping. Nós estamos com medo, gente. Eu estou com medo. Na minha casa eu não peço delivery porque não quero que aquele saquinho do delivery entre na minha casa. Eu estou aqui porque eu sou prefeito de Belo Horizonte, eleito, tenho obrigação de estar aqui, porque devia estar dentro do meu quarto, pois faço parte do grupo de risco. Então, falar em flexibilizar alguma coisa agora é falta de leitura básica do que aconteceu no mundo. Não é ler livro, não, porque isso eu sei que eles não leem. Não estou pedindo para lerem sobre a gripe espanhola não, porque isso eu sei que não leem. É ler O TEMPO, escutar a rádio Super 91,7 FM, para saber o que está acontecendo no mundo. 

O senhor já tomou várias medidas para o isolamento, e a cada decreto fica um pouco mais rígido. Mas, mesmo assim, tem um monte de gente com irresponsabilidade. O que mais pode ser feito, até onde podemos ir para reforçar esse isolamento? Hoje, entrou o decreto de fechamento. Era um acordo que o Sindilojas tinha feito, que a prefeitura endossou, que agradeço ao Sindilojas pela compreensão e pela inteligência. Agora, não. Agora, a Polícia Militar e a Guarda Municipal estão autorizadas a fechar o estabelecimento e recolher o alvará. Eu aviso que o desobediente vai penar, enquanto eu for prefeito, para reaver o alvará. Vai penar na minha mão. 

Mas e o cidadão comum, que vai correr na lagoa da Pampulha? Pode haver algum tipo de restrição maior do que as grades? Estamos estudando. Vai correr, mas vai ter que pular um monte de grade que está lá. Vai correr na praça da Assembleia, vai correr do lado de fora, naquele movimento lá... pode ser atropelado. (No) ótimo eu não quero chegar. Quero chegar no bom. Agora, eu confio no bravo povo brasileiro. Enfrentou uma guerra do Paraguai, em 1870, e nunca mais enfrentou uma guerra. E agora nós estamos enfrentando a segunda (guerra). E temos que mostrar para o mundo que somos um bravo povo brasileiro. É dividir o pão. Na hora em que você não transmite o vírus, você está dividindo o pão para a população.

Prefeito, o combate à pandemia custa muito dinheiro, e as contas públicas também sofrem um baque natural com a redução da atividade econômica. Hoje, como estão as contas da prefeitura? Há risco de faltar dinheiro para pagamentos? O cálculo que estamos chegando da queda de arrecadação é de R$ 1 bilhão. Me reuni com o secretário da Fazenda hoje. Equivale a 12% da prefeitura. Serão cortadas despesas da prefeitura em 12%. Isso já está decidido. Todo mundo vai levar pancada, está todo mundo levando pancada, o poder público, os filhos que estão querendo trabalhar, o meu outro filho que está dentro de um hospital com risco de contaminação, com a mulher grávida e uma filhinha de 2 anos. Está todo mundo correndo risco, não está bom para ninguém. Então, a prefeitura vai se adequar, porque nós nos adequamos. Nós cortamos, quando entramos aqui, 13 secretarias, então o que é cortar 12% de despesa? Nós temos gordura para cortar. Ainda não cortei do jeito que queria, agora vou ser obrigado a cortar. 

O senhor cogitou a construção de um hospital no Mineirão, houve um desentendimento com o governo do Estado, que não liberou o espaço, e o senhor chegou a falar de proposta indecorosa por parte do secretário estadual, de que o senhor teria que aparecer em agendas com o governador. Foi isso mesmo? Um dia depois da proposta, nós já tínhamos pactuado em hospitais 100% SUS o dobro do hospital de campanha. Mil leitos, lá seriam 500. Agora, a proposta não foi feita para mim. A única coisa que eu conversei com o governador foi o seguinte: “O senhor me cede o Mineirão?”. Ele respondeu singelamente: “Sim, só não tenho o dinheiro”. E eu respondi que é a única coisa que eu não quero, quero só o Mineirão. Isso eu posso falar, está no meu celular. E, sobre a proposta indecorosa, não foi feita para mim, recebi de um secretário e falei que não era hora de pensar nisso. Belo Horizonte não teve prejuízo. Ganhou, pela competência dele, mais 600 leitos. 

O senhor e o governador Romeu Zema tiveram divergências na maneira de atuar diante da pandemia. Qual o tamanho dessa divergência? Os senhores têm conversado? Toda vez que eu preciso do governador, eu ligo para ele. É o governador do Estado, merece todo meu respeito. O que não pode, definitivamente, é que se combine uma coisa, e, quando ele dá entrevista, falar que eu estava precisando de palanque. Aí é inaceitável, porque falei que não mostraria a conversa porque não sou moleque, e tanto que não veio nenhuma resposta. Mas eu o respeito, acho o governador extremamente mal assessorado politicamente. Extremamente rodeado de gente incapaz. Na hora em que ele se colocar com gente capaz, porque é um homem de boa vontade, simples, mineiro, acho que tem tudo para governar e dar certo. Mas com aquela equipe que está lá, com aquele reforço que ele levou para lá, que eu conheço bem, aquilo ali não vai dar certo. 

O senhor tomou essa decisão de suspender os alvarás dos comércios que não essenciais. Ao mesmo tempo, hoje, em Brasília, o governador anunciou que pretende permitir que os prefeitos das cidades que não têm casos possam flexibilizar as regras de isolamento. Isso de alguma forma interfere em Belo Horizonte? Qualquer prefeito que declarar flexibilização, o transporte público (da cidade dele) não entra na cidade de Belo Horizonte. Isso o Alexandre de Moraes, do STF, deu autonomia aos prefeitos. Se lá eles têm autonomia para flexibilizar, aqui eu tenho autonomia para não deixar entrar. Lagoa Santa eu pedi desculpas ao povo porque eu não quis agredir, quis proteger. Qualquer cidade que flexibilizar não entrará transporte público em Belo Horizonte. Isso já está acordado com a PM e a Guarda Municipal. 

Prefeito, há um problema no Brasil todo de subnotificação. Não há como fazer testes em todos que vão adoecendo, e ficamos no escuro, sem saber quantas pessoas de fato estão contaminadas. Como lidar com essa subnotificação? Essa é a razão pura do isolamento. Se todos aqui estivéssemos testados, poderíamos dar entrevista agarrados um no outro que não teria problema nenhum. Mas não tem vacina, e não terá. Então o isolamento foi adotado na China porque não tinha o teste. Não sabemos quem está contaminado. É por isso, a população tem que entender isso, que o isolamento é feito pela falta de teste. Vem disso. Não tem invenção de moda, é unanimidade. Mas ninguém consegue lidar com a estupidez humana, ela é ilimitada. Eu consigo (lidar com) o bom senso, o cara de bom coração, que não é egoísta, eu consigo (lidar com) isso, mas a estupidez é inata. Conheço muito empresário filho de rico e estúpido e muita gente pobre, de comunidade, de bom senso, inteligência, educação. 

Belo Horizonte suportaria receber uma grande demanda de pacientes do interior do Estado? Belo Horizonte já sustenta, há três anos, a saúde de Minas Gerais. Abrimos um hospital de 600 leitos na nossa gestão. Então, acho que quem flexibiliza deve proteger a população. Eu estou protegendo a minha. Sei que há muita gente contra mim, só que não vou deitar minha cabeça no travesseiro com nenhuma morte por irresponsabilidade. Isso eu decidi, não vou trocar voto por vida, jurei que não vou fazer. 

Há algum plano especial para evitar que a doença chegue de forma muito rápida dos aglomerados? Também foram cuidados, cadastrados, por isso que em 24 horas as famílias dos alunos tiraram quase todas as cestas básicas. A partir de hoje começam todos os vulneráveis a retirar cestas. É um investimento de R$ 120 milhões em cestas básicas para essa população que, para nós, nunca foi invisível. É outra coisa: como nós estamos cuidando dessa gente. (De) morador de rua nós sabemos nome, sobrenome, onde está. Sabemos tudo, quem vende cachorro-quente, pipoca, temos cadastro de todo mundo. Aqui não demorou nada, porque não foram tratados como invisíveis. 

Tem mais algum plano de ação para atender essas famílias? O início das aulas está sendo adiado cada vez mais. É um programa previsto para três meses. Vamos distribuir 380 mil cestas básicas durante três meses. Então espero que até lá já possamos dar merenda para as crianças, mas todos devem seguir. Todos devemos ter horários, horário para idoso andar de ônibus, vamos mudar o horário do supermercado, abrir em horário diferente das farmácias, para diminuir gente, estamos adiantando a compra de vale-transporte para os ônibus não pararem. O cenário é de guerra, e na guerra tudo muda, e vai mudar. E não vamos envergonhar ninguém. Agora, o rumo é o mesmo, o rumo não se muda. O fechamento e o isolamento, e esperar que o pior vai vir. Escutei de três infectologistas: o pior vai chegar. 

Falta uma flexibilização dos empresários para entender que os funcionários podem mudar o horário ou é melhor trocar o vale-transporte por um vale-combustível, para evitar aglomerações no transporte público? Na Europa, o país que vai se sair melhor é a França, por um motivo simples: o Macron tratou como guerra. E, na guerra, há imprevistos, reclamações, flexibilização. Se entendemos tudo isso como guerra, tudo vai melhorar, vai passar. Eu não quero mandar meu filho ir se expor na padaria, eu estou em guerra. Tudo vai melhorar, o que não pode é mentir, que dia 13 vamos fazer isso, dia 15 vamos fazer aquilo. Há cálculos, mas tudo depende da população. A chuva caiu na nossa cabeça, foi bombardeio. Agora, não. Vamos matar ou não vamos matar. 

O presidente Jair Bolsonaro tem tido posturas diversas da do senhor, ele tem muitas vezes pedido a flexibilização do isolamento e já atribuiu uma gravidade menor ao coronavírus. O quanto as falas do presidente atrapalham as decisões do prefeito? O senhor atribui a ele as manifestações de empresários contra o isolamento? Eu vou repetir, é só ele assistir à televisão. Tudo que aconteceu no mundo é a mesma coisa. Quando se tem um ministro que toma atitudes copiando o que deu certo no mundo, o que tem que fazer? Levar ele para o céu, falar “toca isso aí”. Por isso que tem que ter técnicos. Por isso que quem está chefiando o combate ao coronavírus em BH é médico, que trabalha no SUS, é médico da Santa Casa desde 1982, transita nesse meio. Liguei para ele pedindo infectologistas às 22h, às 10h os três maiores infectologistas de Belo Horizonte estavam sentados na minha sala. Não tem estrela, não. A estrela é meu secretário, são os infectologistas. Se eu tiver um técnico, e ele está com mais prestígio do que eu, quer dizer que sou bom, escolhi um cara bom. O cara bom gosta de cara bom do lado. O burro, não. O burro tem pavor de cara inteligente. 

O problema econômico pode ser maior do que o de saúde? Belo Horizonte está preparada para uma onda de demissões em massa? Problema nós teremos. O que não podemos deixar de lembrar é que o governo está há pouco mais de um ano, não tinha coronavírus e estávamos crescendo 1%, com 13 milhões de desempregados. Então vamos esperar mais um pouco. Essa dificuldade que se tem hoje de ter o cadastro é de desempregados que foram para a informalidade, foram vender pipoca, picolé. Eu tenho uma neta de 1 ano e três vindo. Eu quero ver minhas netas crescerem, não quero morrer. Qual o problema mais grave: perder seu emprego ou perder sua mãe? Emprego arruma outro, a mãe não, a mãe acabou. Isso nem é dicotomia, é tão absurdo que não pode ser tratado como dicotomia. 

A posição do senhor e da prefeitura é muito clara. O senhor tem sofrido pressões de alguma forma, de entidades empresariais, empresários, vereadores, para mudar o rumo? Ocorre essa pressão direta para que as coisas mudem? Eu já sou conhecido da população de Belo Horizonte. Existe a expressão que uso muito lá em casa: “não empurra, não, que é pior”. Então, não tem pressão nesse mundo que vá mudar a minha filosofia, do que o mundo está ensinando. É claro que há, todo dia, de todo lado. Tem deputado que é amigo de deputado que é primo de deputado que é dono de não sei o quê. Não tem jeito. A decisão da prefeitura é de isolamento. Temos estrutura, temos guarda, ajuda da polícia, essa é a determinação. E, onde houver decreto de afrouxamento, a cidade vai barrar.  

Estamos em um ano de eleições municipais, e muitos políticos estão defendendo o adiamento do pleito, enquanto o TSE tem se posicionado a favor de manter as eleições para este ano. O senhor já falou que não é o momento de pensar nessas questões eleitorais, mas qual a avaliação do senhor sobre isso? Eu não posso fazer avaliação porque sou interessado. Se tiver avaliação, ela é falsa, e de todo modo vão resolver em Brasília. Ah, vai ter? Então vamos disputar. Não vai ter? Então não vai ter. Agora, eu mexer um dedo para isso, não vou mexer. Para mim, não altera o quadro. E, sinceramente, com a minha cabeça, não tenho condição de pensar em nada. 

Mas do ponto de vista da prática, reuniões partidárias, discussões, tem alguma coisa? Nada, nada, nada. Nem na filiação de vereadores, nem na filiação do meu amigo Vittorio Medioli (prefeito de Betim), não tem nada. Não tenho tempo. 

Como o senhor vê as divergências entre o Congresso e o presidente? O Congresso hoje dita a regra, ele foi colocado diante de um processo muito ruim. Mas tem coisas e coisas. O governador falar uma coisa, eu responder daqui, é uma coisa. Botar uma população na porta da minha prefeitura para me agredir é outra. Vamos colocar as coisas com as suas devidas importâncias. Botar 20 mil pessoas na porta, me agredindo, sabendo que foi ele, não tem jeito de reconciliar de um dia para o outro, tem que haver uma construção. Eu te dou um tapa na orelha, você me dá um tapa na orelha, tudo bem, resolveu. Se a gente se arrebentar, tem cicatrizes, vai demorar.

Qual a importância da autonomia dos prefeitos e dos governadores neste momento da pandemia, com a postura do presidente, que é totalmente diferente da postura do senhor e de outros governadores em relação ao isolamento? É confortável porque eu sou antagônico à opinião do presidente. Mas o ideal era que eu tivesse a mesma opinião que ele e fosse guiado por ele, porque ele tem autoridade para mandar fechar tudo, prender, de mostrar que somos, repito, uma brava gente brasileira. Era isso que eu queria. 

Voltando na questão da pandemia e dos efeitos na cidade, tem alguma região da cidade que preocupa mais? Temos muita preocupação com as áreas mais pobres, os aglomerados, que têm casas onde moram cinco pessoas, às vezes sem ventilação, sem uma janela. É muito duro, e essa população não é pequena. O que poderíamos fazer para ela? Entregar uma cesta básica, o que não é nada. Agora, vou ordenar que se limpe mais, se lave com cloro. Temos que ajudar, é guerra, todo mundo sofre. Estamos em uma guerra, e vai todo mundo sofrer. 

O que a prefeitura tem feito para a população de rua em relação à pandemia? Tem ações pensadas para os próximos três meses? A população tem que saber o seguinte: a maior frustração do prefeito é não conseguir tirar o morador de rua da rua. Porque a Pastoral da Terra não deixa, a Defensoria Pública não deixa. Mas agora tenho que tirar, e estou tentando tirar há três anos e meio. Agora estamos vendo quem tem sintomas, estamos abrigando no Sesc Venda Nova, mas foi uma luta de três anos e meio que não deixaram a prefeitura agir como nós agimos com os camelôs. 

Vamos ter mais ações de desinfecção? Podemos esperar em pontos de ônibus, estações do Move? Podemos, claro, até porque podemos ter mais ações porque a cidade está vazia. A guarda pode fiscalizar mais, podemos fazer tudo mais. 

Veja a entrevista:

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