O projeto realizado por pesquisadores da UFMG que monitora os esgotos de Belo Horizonte e Contagem observou, na última semana, que os índices de infecção pelo novo coronavírus têm crescido nas cidades. As informações estão no quinto boletim divulgado nesta sexta (12) e são relativas à análise da oitava semana de monitoramente (1 a 5 de junho).
No período, os estudiosos detectaram o vírus em 100% das amostras coletadas no sistema da bacia do Onça (na quinta e sexta semana, foram 80%). No sistema de esgotamento do Arrudas, a presença foi constatada em 86% das amostras (contra 71% na sétima semana).
Além disso, com base na carga viral, o estudo estimou que que cerca de 0,6% da população que contribui para os sistemas de esgotamento sanitário do Arrudas e do Onça (23 mil pessoas) teve contato com o coronavírus. Em nota divulgada à imprensa, o grupo de pesquisadores ressaltou que, oficialmente, a Prefeitura de BH contabilizava cerca de 2.100 casos confirmados da Covid-19, no dia 5 de junho. Dessa forma, a pesquisa indica a existência de pelo menos dez vezes mais infectados na capital.
De acordo com os pesquisadores, não há evidências da transmissão da Covid-19 através das fezes, mas é benéfico o mapeamento dos esgotos para indicar áreas com maior incidência da transmissão, por exemplo. Também é objeto de estudo - mas ainda não foi comprovado - é se, após passar pelo processo de tratamento, a água do saneamento fica livre do vírus.
Regiões
Na bacia do Onça, o vírus foi encontrado em todas as oito sub-bacias. Já na bacia do Arrudas, apenas a amostra coletada na região que inclui bairros como Jardim Montanhês, Santo André e Bonfim foi negativa para o vírus.
Em três regiões da bacia do Onça, os pesquisadores encontraram os percentuais mais altos – entre 3% e 7% – de população infectada. Trata-se da área que engloba bairros como Venda Nova, Jaqueline, Vila Clóris e Dom Silvério.
O projeto de monitoramente de esgotos é uma iniciativa a Agência Nacional de Águas e do INCT Estações de Tratamento de Esgoto Sustentáveis (ETES Sustentáveis), sediado e coordenado na UFMG, e conta com a parceria do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Copasa, empresa de saneamento do estado, e da Secretaria de Saúde de Minas.
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