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Polícia Maria da Penha

Empresário é preso após espancar namorada em Sete Lagoas

Amigo da jovem foi vítima de injúria racial; agressor é filho do dono de uma empresa do ramo de laticínios

20/01/2021 às 12h03
Por: Redação Fonte: O Tempo
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O rosto inchado e roxo são as marcas físicas que há dois dias uma jovem de 27 anos carrega após ser covardemente agredida pelo, até então, namorado, em Sete Lagoas, na região Central do Estado, durante uma confraternização entre amigos. Nesta terça-feira (19), a mulher e o amigo dela, que foi vítima de injúria racial por parte do suspeito, conversaram com a reportagem de O TEMPO e contaram o que aconteceu no imóvel do empresário, que está preso. 

As agressões ocorreram na madrugada do último domingo (17) no apartamento do agressor, de 35 anos. No local estavam sete pessoas. 

"Marcamos um churrasco no sábado, que começou por volta das 16h. Eram dois casais de amigos meus e uma amiga solteira. Estava tudo perfeito, todo mundo se divertindo. Por volta das 2h30 de domingo estávamos conversando sobre relacionamentos, falando da maturidade da namorada de um dos meus amigos. Meu amigo estava contando como ele ajudou essa namorada a evoluir e, nesse momento, o meu namorado começou a xingá-lo. Eu o confrontei, disse que não aceitava que ele falasse aqueles absurdos e exigi que pedisse desculpas aos meus amigos. Ele ficou mais revoltado, e eu pedi aos meus amigos que fossem embora", contou a jovem, que pediu para não ter o nome divulgado. 

Após a saída dos dois casais, a vítima e uma amiga ficaram no apartamento do agressor. A mulher foi até um dos quartos para pegar os pertences pessoais e, nesse momento, foi jogada na cama. 

"Foram tapas e socos. Ele segurava meus braços e me jogava na cama. Agrediu minha amiga que tentava separar. Até que eu liguei para a mãe dele pedindo socorro e contando que ele não estava deixando eu sair. Minha amiga conseguiu entrar em contato com os casais que tinham ido embora, os meninos voltaram, arrombaram a porta e acionaram a polícia", detalhou. 

"Ele dizia que era meu macho e meu lugar seria na cova", diz vítima.

Durante as agressões, o homem ainda falou palavras de baixo calão para a jovem. 

"Ele dizia que era meu macho, que ele mandava, que eu ia aprender a respeitar. Durante os tapas, ele me chamou de rapariga, de desgraçada e falava o tempo todo que o meu lugar seria na cova", contou. 

Em um vídeo que circula nas redes sociais é possível ver uma mulher, que seria a mãe do homem, do lado de fora do apartamento pedindo que ele abrisse a porta.

"A polícia está chegando e eu tenho que te defender, tira essa menina daí. Cai na real, cai na real que o negócio já está feio", afirma.

Spray de pimenta

Conforme consta no boletim de ocorrência da Polícia Militar, o suspeito estava muito agressivo e foi necessário usar spray de pimenta, imobilização e algemação para contê-lo. 

Segundo a vítima, o casal estava junto há cerca de oito meses e o relacionamento era marcado por brigas, na maioria das vezes, pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas por parte dele. "Havia briga como qualquer casal, mas nunca houve agressão. Quando bebia, ele fazia questão de falar sobre as condições financeiras. Eu espero que ele continue preso e pague pelo que fez. Não quero que ninguém passe pelo que eu passei", desabafou.

O advogado da mulher, Thiago de Amorim, também espera que não tenha a liberação do homem.

 "Vamos acompanhar todo o trâmite processual para que todas as providências legais cabíveis possam ser aplicadas em desfavor do autor do crime contra ela. Caso ele seja colocado em liberdade, vamos solicitar a medida protetiva", afirmou. 

Minientrevista

Filho de um empresário do ramo de laticínios na cidade, o agressor fez questão de afirmar que era rico enquanto cometia a injúria racial contra o personal trainer Jhonathan Diego dos Santos, de 30 anos. Ele conversou com O TEMPO:

Quando você percebeu que o agressor começou a ficar alterado?

Foi um momento de surpresa, a gente estava conversando de relacionamento, falando da minha namorada. Ele começou a se exaltar.

Quais foram os xingamentos?

Ele disse que a minha namorada era muito bonita pra mim, que eu nunca conseguiria ter as coisas que ele tem. Me disse: "você é um preto, pobre, fudido. Você nunca vai ter as mulheres que eu tenho, eu sou muito rico e faço o que eu quero". Eu fiquei um pouco aéreo.

Você já tinha sido vítima de injúria racial anteriormente?

Nunca tinha acontecido isso comigo. Quando eu via na televisão ficava chateado. Quando você passa é muito diferente. Realmente eu vim de uma família muito pobre, mas tenho educação. Ouvir de um playboy essas coisas, de certa maneira, atinge emocionalmente. Fiquei pensando na questão da impunidade. A única coisa que ele merece é a prisão. 

Empresário preferiu ficar em silêncio

Ao ser conduzido à delegacia, o homem preferiu ficar em silêncio e não passou sua versão para os fatos. 

"Ele se reservou o direito de ficar calado. Ele foi autuado pela injúria racial e pela lesão corporal praticada contra a companheira. É muito importante as denúncias dessas agressões", destacou a delegada Stefânia Nunes Valgas.

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o agressor deu entrada no Centro de Remanejamento Provisório (Ceresp) de Belo Horizonte nessa segunda-feira (18) e permanece preso. 

Em contato com a reportagem de O TEMPO, o advogado da empresa do pai do agressor afirmou que a família do homem não vai comentar o caso. O advogado de defesa do agressor não foi localizado.

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