Os Resíduos Sólidos são um grande problema das cidades. O Brasil é o quarto país em produção de Resíduos Sólidos do mundo, sendo que, em 2020, 20,8 milhões de habitantes não foram atendidos com coleta regular direta ou indireta. Além disso, cerca de 39% do lixo produzido no país no ano passado não encontrou destinação correta. Todo esse resíduo mal alocado é responsável por doenças como a leptospirose, por grandes alagamentos ou pela contaminação dos rios e do lençol freático.
Atenta a isso, a campanha do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) deste ano, “Saneamento já!”, procura responder também a este desafio ao longo das 51 cidades da bacia.
Bola de neve
Segundo a Lei Nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, resíduo sólido é todo “material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade”, ou seja, aquilo que comumente chamamos de lixo. Tudo o que fazemos gera resíduo sólido: indústria, mineração, hospital, construção civil, produção de energia, comércio, transporte, meio rural, vida doméstica, etc.
O volume de resíduos sólidos tende a acompanhar o crescimento populacional e os avanços tecnológicos. Até pouco tempo atrás, por exemplo, era comum que se mandasse consertar aparelhos elétricos, e eles duravam décadas; hoje em dia, um equipamento elétrico ou eletrônico defeituoso é facilmente descartado, dando lugar a outro novo – que, devido à obsolescência programada, será novamente jogado fora num curto espaço de tempo. Junto com os novos dispositivos vêm plásticos, baterias, manual impresso, caixa de papelão, cabos de energia…
O aumento populacional, por outro lado, implica mais casas, mais hospitais, mais serviços, e, consequentemente, mais lixo produzido por essas atividades. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), só a construção civil foi responsável por 48 milhões de toneladas de resíduos sólidos produzidos no Brasil em 2021, que “são resíduos difíceis de se degradar ou não degradáveis, o que os tornam diferenciados dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs) no quesito de disposição em solo, pois tendem a não ter volume diminuído com o decurso do tempo”, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir).
Esses são apenas dois exemplos de como a produção de resíduos sólidos pode ser uma bola de neve que, à medida que avança, aumenta. A população mundial continua crescendo, a bola de lixo ganha mais volume a cada ano. Como o planeta é finito, todo esse lixo precisa ser reaproveitado, ou seremos engolidos por ele.
O longo caminho da reciclagem
No Brasil, apenas 4% dos resíduos reaproveitáveis são reciclados. Países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA). Em Minas Gerais, 30% dos RSUs são recicláveis, mas apenas 1,47% são realmente aproveitados. Há ainda um longo caminho a ser percorrido nessa direção, especialmente se pensarmos que a destinação de todo esse lixo bruto não é ideal.
Na Bacia do Rio das Velhas, de acordo com o Plano Diretor de Recursos Hídricos (PDRH), um terço das cidades depositam seus RSUs em lixões, e essa proporção é a mesma para o Estado de Minas Gerais – quando a destinação correta seria reciclar todo o lixo reaproveitável e depositar apenas o rejeito em aterros sanitários. De acordo com o PDRH, apenas 26% das cidades da bacia podem contar com o descarte ideal do rejeito.
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