O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), que “malucos” pediam intervenção militar e negou qualquer tentativa de golpe ou envolvimento com uma minuta que previa a prisão de autoridades.
“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, declarou o ex-presidente, ao negar que tenha incentivado atos antidemocráticos, como os do dia 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaro foi o quarto réu a depor no segundo dia de interrogatórios dos integrantes do chamado “núcleo 1” — ou “núcleo crucial” — da suposta trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Antes dele, já haviam prestado depoimento o general Augusto Heleno (ex-GSI), o almirante Almir Garnier (ex-Marinha) e Anderson Torres (ex-ministro da Justiça).
Os interrogatórios são realizados na sala de sessões da Primeira Turma do STF. No total, o núcleo 1 é composto por oito réus, incluindo Bolsonaro. Os primeiros depoimentos ocorreram na segunda-feira (9), com o tenente-coronel Mauro Cid e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), aceita em março pelo STF, aponta que Bolsonaro liderou uma organização criminosa que planejava um golpe para mantê-lo no poder após o fim de seu mandato. Segundo a acusação, o grupo tentou abolir violentamente o Estado democrático de direito e planejou a deterioração de patrimônio público. As penas somadas podem chegar a 43 anos de prisão.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que Bolsonaro usou notícias falsas para desacreditar o sistema eleitoral e tentou mobilizar membros das Forças Armadas. Ele também teria impedido o então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira, de divulgar um relatório militar que descartava fraudes nas urnas.
A denúncia ainda menciona o suposto plano “Punhal Verde e Amarelo”, que teria como alvo o presidente Lula, o ministro Alexandre de Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Bolsonaro teria conhecimento e participado de discussões sobre o plano e sobre a minuta de golpe.
Ao se tornar réu em 26 de março, Bolsonaro declarou que as acusações são infundadas e que se trata de um “teatro processual” para retirá-lo das eleições. “Eu sou golpista?”, questionou em uma de suas manifestações públicas. “Parece que existe algo pessoal contra mim. A acusação é muito grave e infundada.”
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