O ex-prefeito de Uberlândia Gilmar Machado foi preso na manhã desta quinta-feira (12) durante a Operação “Encilhamento” da Polícia Federal (PF). De acordo com as informações preliminares, as investigações apuram irregularidades envolvendo a aplicação de recursos de institutos previdenciários em fundos de investimento.
Na cidade, além do ex-prefeito, outras três pessoas foram presas: o ex-superintendente do Instituto de Previdência Municipal de Uberlândia (Ipremu), Marcos Botelho, e dois ex-integrantes do Comitê de Investimento do Ipremu, Cláudio Roberto Barbosa e Mônica Silva Resende de Andrade. Os quatro serão indiciados por fraude do mercado financeiro, lavagem de dinheiro e fraude em licitação.
A assessoria de imprensa do político informou que está se inteirando dos fatos para enviar uma nota oficial. O G1 também tenta contato com a defesa de Botelho. A reportagem ainda não conseguiu localizar a defesa dos outros dois presos.
As investigações, que contaram com o apoio da Secretaria de Previdência (SPREV), levam em consideração desvios bilionários em diversos municípios. Ao todo são cumpridos 60 mandados de busca e apreensão e 20 mandados de prisão temporária. São investigados 13 fundos de investimento em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina e Goiás.
A apuração começou em Uberlândia e, de acordo com a PF, há a indicação de envolvimento de uma empresa de consultoria contratada pelos institutos de Previdência e elementos que apontam para corrupção de servidores ligados a alguns deles. Também há cumprimento de mandado de busca e apreensão na sede do Ipremu nesta quinta, no Centro.
No 2º semestre de 2016 foi constatada a existência de R$ 827 milhões em apenas oito destes fundos. O dinheiro, ainda segundo a PF, seria destinado ao pagamento das aposentadorias dos servidores municipais.
O instituto de Uberlândia já foi alvo de outras investigações do Ministério Público Estadual (MPE) e da Câmara Municipal, que instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito em 2017. Ainda não há informações se a operação da Polícia Federal tem ligação com as denúncias anteriores.
A CPI dos vereadores concluiu que houve ilegalidade em diversos investimentos feitos em fundos considerados de alto risco, durante a gestão de 2013 a 2016, uma vez que as aplicações foram feitas sem a devida qualificação de "investidor qualificado ou profissional", conforme previsto em lei.
Do total das aplicações efetuadas, cerca de R$ 348,6 milhões estavam alocados em mais de 20 fundos de investimento e, desses, já houve perda total ou parcial dos recursos. Ao final dos trabalhos, a comissão enviou um relatório para a Polícia Federal e para a Promotoria de Justiça, para que analisassem todos os documentos e tomassem as devidas providências.
Machado e o ex-secretário de Finanças do Município, Carlos Diniz, respondem a um processo de improbidade administrativa devido aos problemas envolvendo o Ipremu.
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