Líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Minas Gerais, responsáveis por ordenar os ataques a ônibus em diversas cidades do Estado nos últimos meses, serão encaminhados para um mesmo presídio, onde ficarão sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), em celas individuais, sem receber visitas e sem outros direitos como banho de sol, por exemplo. A medida, anunciada nesta quinta-feira (5) e proposta em conjunto pelo Ministério Público e pelas policiais Civil e Militar, com o apoio da Secretaria de Administração Prisional (Seap), tem o objetivo de desarticular a comunicação dos comandantes da quadrilha, que emitiam ordens de dentro dos presídios por meio de celulares ou bilhetes dados aos visitantes.
Ao todo, 26 criminosos ligados ao PCC ficarão nesse mesmo presídio em Minas, que não foi divulgado pela Seap por "questões de segurança", conforme afirmou o secretário responsável pela pasta Sérgio Barboza, em coletiva de imprensa. Outros dois bandidos ligados à quadrilha ainda estão foragidos, mas, assim como os outros, foram denunciados pelo MP por organização criminosa com emprego de arma de fogo, associação para o tráfico de drogas, incêndio em edifício público e veículo de transporte coletivo e dano qualificado.
Os 28 denunciados foram identificados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com integrantes do MP e das polícias Civil e Militar, ao longo dos últimos seis meses. A investigação resultou na operação "1533" que foi deflagrada nesta quinta-feira e resultou na prisão de três líderes do PCC que ainda não estavam presos. Eles foram capturados por militares do Batalhão Rotam em Uberaba, Patrocínio e Bom Repouso. Os policiais ainda cumpriram mandados de busca e apreensão nas moradias deles e nas celas dos outros 23 que já estavam presos em 10 penitenciárias do Estado. Os presídios onde as buscas ocorreram não foram divulgados. Foram apreendidos 29 celulares, drogas e documentos da facção paulista.
Segundo a promotora e coordenadora do Gaeco, Cássia Virgínia Gontijo, a operação "1533" pode finalmente dar um fim aos ataques a ônibus, já que agora os líderes ficarão incomunicáveis com aqueles bandidos que foram "batizados" pelo PCC e ainda não estão atrás das grades.
"Nós já tivemos em Minas a prisão de diversos executores que ateavam fogo nos ônibus. Agora são os mandantes que estão nesta situação diferenciada. É uma grande resposta do Estado a esses ataques", disse.
Nome
O nome da operação 1533 faz alusão às iniciais do PCC - o P é a letra de número 15 do alfabeto e o C a terceira.
Por Ailton do Vale - OTempo
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