O destino do vice-governador Antônio Andrade à frente do MDB de Minas Gerais agora está nas mãos do presidente nacional da sigla, senador Romero Jucá (RR). As bancadas federal e estadual mineira da legenda entregaram nesta quinta-feira (12) à executiva nacional as fichas de renúncia de 55 delegados do diretório estadual, o que selaria o afastamento de Andrade. Eles esperam agora que até a próxima semana uma nova comissão provisória seja aprovada por Jucá.
Como a coluna Aparte adiantou na edição de quarta (11), por unanimidade, os deputados emedebistas encaminharam ao diretório nacional uma carta em que reivindicam a retirada de Andrade do cargo. Eles alegaram que o político atua de forma isolada, prejudicando a formação de chapas competitivas para a eleição, motivado por “ódio e vingança pessoal”.
Além de entregarem nesta quinta-feira em Brasília as fichas para dissolução da executiva estadual, os parlamentares sugeriram nomes para a formação da comissão. O colegiado provisório deve ter quatro deputados estaduais: Iran Barbosa, João Magalhães, Leonídio Bouças e Tadeu Martins Leite, e três deputados federais: Newton Cardoso Júnior, Saraiva Felipe e Leonardo Quintão. No documento, esse último foi indicado como presidente, por mais que o acordo inicial colocasse Saraiva à frente da agremiação.
A assessoria de imprensa de Romero Jucá informou que durante a reunião de quarta-feira, em Brasília, ele recebeu a informação de renúncia coletiva e que a executiva nacional deu a ele poder de deliberar monocraticamente sobre o caso. A assessoria informou ainda que as assinaturas foram recebidas na quinta-feira, mas que não há previsão de quando o senador vai analisar esse pedido, uma vez que ele vai estudar os documentos apresentados e ouvir todas as partes envolvidas para tomar uma decisão.
Contudo, nos bastidores é dito que já existe um acordo com Jucá para que ele referende essa nova comissão e sele o afastamento de Andrade da presidência do MDB. O único temor em relação a isso é quanto à proximidade do senador com o vice-governador. Porém, emedebistas acreditam que o presidente não quer, neste momento eleitoral, comprar briga com parlamentares estaduais e federais.
Opiniões. O deputado estadual Iran Barbosa, no entanto, acredita que não há nada que o vice-governador possa fazer para reverter a situação. “Qualquer coisa que ele fizer agora só vai isolá-lo ainda mais, vai prejudicar ainda mais sua carreira, que ele já tem prejudicado com maestria. Eu, se fosse o Toninho, simplesmente aceitava a derrota”, alfinetou.
Já um dos delegados do MDB que não renunciou, o prefeito de Uberaba, Paulo Piau, espera que a dissolução não ocorra. Segundo ele, o que está norteando a discórdia é o interesse de reeleição dos deputados. “Aqui no Brasil a minoria às vezes quer fazer frente à maioria por interesses menores, particularizados. E, lamentavelmente, é o que tem acontecido hoje no MDB. Espero que se tenha um entendimento para o bem do partido, e não para o bem de indivíduos. Espero que o Jucá faça uma análise nessa linha”, disse.
Negociação
Conversas. Emedebistas dão como certa a saída de Antônio Andrade da presidência do MDB e articulam com mais força a pré-candidatura do presidente da ALMG, Adalclever Lopes, ao comando do Estado.
O presidente do MDB em Minas Gerais, o vice-governador Antônio Andrade, partiu para o ataque contra a bancada estadual do partido. Por meio de nota, ele afirma que os deputados da legenda na Assembleia também seriam responsáveis pela crise financeira que o Estado passa.
“A presidência do MDB é sempre favorável ao fortalecimento do partido, defendendo, assim, a tese da candidatura própria, já aprovada nas prévias. Esta é a única forma de o MDB contribuir para tirar o Estado da pior crise de sua história, construída pelo atual governo com o apoio integral da bancada estadual do MDB”, diz o texto.
O documento afirma que os parlamentares do MDB aprovaram medidas que, na avaliação dele, prejudicam a população. “Nesses três anos e meio, sempre votaram contra a população, avalizando o aumento da carga tributária e o aumento abusivo do preço dos combustíveis”, afirmou. Andrade explica que não há previsão no estatuto do MDB para a troca do comando por meio de dissolução do diretório ou renúncia da maioria dos seus membros.
A Comissão
Proposta. Os deputados do MDB sugeriram a Romero Jucá a seguinte comissão provisória para comandar o partido em Minas:
Leonardo Quintão (presidente)
Saraiva Felipe
Newton Cardoso Júnior
João Magalhães (tesoureiro)
Iran Barbosa
Leonídio Bouças
Luiz Tadeu Martins Leite
Por Fransciny Alves - OTempo
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