“A incidência de câncer de intestino aumenta com a idade, principalmente a partir dos 50 anos”, alerta Thiago Jorge, oncologista da BP (Beneficência Portuguesa) e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer. A boa notícia é que, ao ser detectado precocemente, ele é tratável e, na maioria dos casos, curável.
Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. “Por isso as recomendações já preveem o início de colonoscopias de rastreamento aos 45 anos, e não mais a partir dos 50 anos”, diz Jorge, que é especialista em tumores gastrointestinais.
O Instituto Nacional de Câncer estima que, para cada ano do biênio 2018/2019, sejam diagnosticados 36.360 novos casos no Brasil: 18.980 em mulheres e 17.380 em homens. Excluindo o de pele, é o segundo tipo mais frequente entre as mulheres (depois da mama) e o terceiro entre os homens (depois de próstata e pulmão).
“Os números absolutos em incidência e mortalidade entre homens e mulheres são bem semelhantes”, analisa o oncologista. “O tumor colorretal só é a terceira causa de mortalidade em homens porque ainda temos muitos casos de tumores de pulmão no sexo masculino, provavelmente refletindo a maior taxa de tabagismo neste sexo.”
Câncer de intestino: causas, sintomas, tratamento e prevenção
O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon e no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e ânus. Também é conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal.
“Uma mutação inicial forma pólipos, que nada mais são que células da mucosa de revestimento do intestino que começam a se duplicar descontroladamente. Essas células se reproduzem em ritmo frenético e, durante estas duplicações, podem adquirir novas mutações, que as tornam invasoras de outros tecidos”, explica.
“Isso é a malignização do tumor, ou seja, de benigno para maligno, pois elas adquirem a capacidade de invadir outros tecidos. Portanto, em tumores de intestino, se retirarmos o pólipo enquanto eles são ainda benignos, diminuímos em muito a incidência do câncer”, pontua.
Em muitos casos, a doença apresenta sintomas apenas quando está avançada. São eles:
Os tumores de cólon e reto podem ser detectados precocemente através de dois exames principais: pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia. “Ainda é um exame que necessita de um preparo, pois é importante que o cólon esteja limpo para que seja bem visualizado durante o exame, mas hoje já existem novas técnicas de menor tempo e com laxativos mais confortáveis”, esclarece.
Como a maior incidência é a partir da sexta década de vida, o oncologista diz que “todos devem fazer o exame a partir dos 50 anos de idade ou dez anos antes do caso mais jovem de um familiar”. Por exemplo, se o pai teve câncer com 55 anos, os filhos devem iniciar o rastreamento aos 45 anos. Vale ressaltar que apenas de 5% a 7% dos tumores têm causas hereditárias.
Com o crescimento do número de casos antes dos 50 anos de idade, no entanto, existe a tendência de iniciar a prevenção mais cedo. “A colonoscopia comprovadamente salva vidas, quando feita em um rastreamento. Quem tem casos em familiares próximos deve procurar um médico, mesmo quando jovens.”
A maioria dos casos de câncer de intestino, se descoberto em fase inicial, é curável. O tratamento, em geral, se dá por ressecção (remoção completa de todo o tumor) do órgão. “Quando ele já compromete uma profundidade maior do intestino ou invade os gânglios adjacentes, é utilizada quimioterapia para diminuir ainda mais a chance de recidiva da doença.”
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