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Cidades Mortes em vias

Em 4 anos, houve 1.297 mortes em vias à espera de duplicação

Tragédia foi registrada em estradas que faziam parte do Plano de Investimento em Logística

30/04/2019 às 08h28
Por: Redação Fonte: OTempo
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O número de mortes cai mais do que o número de acidentes quando estrada é duplicada - Foto: Alexandre Mota
O número de mortes cai mais do que o número de acidentes quando estrada é duplicada - Foto: Alexandre Mota

Em quatro anos, 1.297 pessoas morreram nas quatro rodovias de Minas Gerais que foram leiloadas no Plano de Investimento em Logística (PIL), lançado por Dilma Rousseff em 2013. Nesses números também foram contabilizados os acidentes do trecho da BR–262, em direção ao Espírito Santo, que não está sob concessão porque não houve interessados.

Para se ter ideia da dimensão desse dado, é como se tivéssemos anualmente nessas rodovias uma tragédia de proporção semelhante ao desastre de Brumadinho que matou 233 pessoas e deixou 37 desaparecidos. Não é possível mensurar exatamente quantas mortes nessas estradas poderiam ter sido evitadas se a duplicação estivesse concluída. Nesta segunda-feira (29), a reportagem mostrou que as concessionárias arrecadaram R$ 4,4 bilhões com pedágios e só duplicaram 17% dos trechos previstos em contrato.

Porém, olhando-se os dados da BR–050, única com obras em dia e com todo o trecho mineiro duplicado, é possível ter uma ideia de quantas vidas seriam salvas. Em quatro anos, a rodovia apresentou uma redução de 90% nas mortes, caindo de 178, em 2015, para apenas 17, em 2018. Todas as demais rodovias sob concessão também apresentaram redução das mortes, mas com números bem mais modestos.

O engenheiro de transportes e trânsito Márcio Aguiar afirma que essas rodovias já deveriam ter sido duplicadas desde a década de 1980. “Os números de mortos no trânsito já demonstravam que era necessária a duplicação dessas grandes rodovias de maior relevância. Os acidentes de trânsito matam mais de 30 mil pessoas por ano no Brasil. Não se pode aceitar números assim, é preciso investir”,destaca.

Aguiar explica que as pistas simples provocam acidentes mais fatais, uma vez que os motoristas se arriscam em ultrapassagens sem visbildiade. “As BRs 040, 262 e 381 já estão com sua capacidade de tráfego esgotada há muito tempo. Isso provoca mais acidentes, porque a via vai ficar mais lenta, vai apresentar pontos de congestionamento, e os motoristas acabam não tendo a paciência para fazer ultrapassagens no momento adequado”, explicou. Ele destaca ainda que as pistas simples provocam acidentes mais fatais. “A colisão frontal é provocada por essa necessidade de ir para a contramão no momento da ultrapassagem. São batidas em alta velocidade”, concluiu.

Na BR–040, o trecho mais perigoso fica entre Itabirito e Conselheiro Lafaiete, na região Central de Minas. Há uma sequência de curvas que rotineiramente provocam saídas de pista. Como não há separação física entre os dois sentidos, são frequentes colisões frontais nesse trecho. A situação é pior devido ao grande fluxo de caminhões de minério no trecho.

O caminhoneiro Vander Luiz Machado, 42, vive apreensivo todos os dias. Sua filha faz o trajeto entre Congonhas e Conselheiro Lafaiete diariamente para estudar. “Minha família está sempre na estrada. A nossa vida é viver essa apreensão. Se houvesse duplicação, não correríamos tanto risco. O pedágio não para de cobrar. O jeito é esperar essas obras, um dia têm que sair”, desabafou.

Pistas simples lideram estatística

Os acidentes em pistas simples em Minas Gerais representam 73% das mortes nas estradas federais do Estado, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As pistas duplicadas registraram 26% dos óbitos, e as pistas múltiplas, com três ou mais faixas, apenas 1%.

Do total de 679 mortes nas BRs que cortam Minas em 2018, 496 foram em pistas simples e 175 em pistas duplicadas. Já nas pistas múltiplas, como é o caso de alguns trechos da rodovia Fernão Dias, foram apenas oito óbitos.

O que chama a atenção é que a diferença no número de acidentes entre as estradas de pista simples e duplicadas é bem menor do que no número de mortes. “A duplicação não acaba com os acidentes, mas eles vão ficar menos fatais”, afirma o engenheiro de transportes e trânsito Márcio Aguiar.

Em pistas simples, foram registrados, em 2018, 4.398 acidentes, ou 49% de um total de 8.839. Já nas rodovias duplicadas foram 4.154 acidentes, o que dá 47%. Os 4% restantes estão nas pistas múltiplas, com 287 ocorrências registradas.

O caminhoneiro Ronaldo Gomes, 41, corta o Brasil inteiro fazendo fretes. Ele afirma que teria um trabalho mais seguro e mais ágil se as principais rodovias fossem duplicadas. “Na pista dupla nós temos mais segurança. A gente se arrisca muito menos. As chances dos acidentes são bem menores. A viagem é mais rápida. Meu trabalho seria muito mais fácil”, destacou. Ele reclama dos pedágios cobrados em rodovias de pista simples. “Uma pista concessionada é bem–conservada. Mas nós pagamos o pedágio para ter rodovia duplicada”, reclamou.

Redução

Melhora. Mesmo sem duplicação, os serviços de manutenção já ajudaram a reduzir os acidentes na BR– 040. Por meio de nota, a Via 040, que administra a rodovia, informou que foi possível reduzir em 39% o número de acidentes fatais, “considerando o período de dois anos antes da concessão (2013 e 2014) com os dois últimos anos (2017 e 2018)”, diz o texto enviado pela empresa.

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