Um cronograma de ações e, principalmente, um projeto para ser desenvolvido a médio e longo e prazo. Essas foram as conclusões e encaminhamentos da Audiência Pública que debateu o trânsito da cidade. O evento aconteceu nessa segunda-feira (30), na Câmara, e reuniu pessoas de segmentos distintos, mas que, de alguma forma, dependem da fluidez do trânsito para suas atividades diárias.
O vereador Milton Martins (PSC) foi quem requereu a sessão e abriu os trabalhos dizendo que um dos objetivos era discutir o trânsito de Sete Lagoas para os próximos anos. “Temos que planejar e traçar essa cidade para que seja criada uma projeção para os próximos anos”, afirmou.
Para o parlamentar, o evento serviu para abranger de forma ampla todos os problemas relacionados ao trânsito. “Hoje conhecemos o macro para depois detalhar várias situações. Vamos voltar com outras audiências pontuais”. Uma delas foi definida que vai acontecer na região da rua Santa Juliana, importante corredor de ligação da cidade com a MG 238.
Há quase duas décadas rodando pelas principais vias da cidade formando novos motoristas, o instrutor de trânsito, Giovane Alves, defendeu três ações específicas para mais harmonia entre motoristas, pedestres e motociclistas. “É preciso de engenharia de trânsito, fiscalização e educação nas escolas. Esse tripé precisa funcionar. Trânsito é coletivo, não posso pensar no individual”, reforçou.
A estrutura viária da cidade não avançou na mesma velocidade que o crescimento da frota em 70% nos últimos 15 anos. Por esse motivo é preciso “conseguir resultados positivos em médio prazo. Não acontece mudança num passe de mágica. Educação no trânsito é fundamental para que tenhamos resultados melhores”, continuou o instrutor.
O secretário de Segurança, Trânsito e Transporte, Jonas Felisberto, defendeu um planejamento para restruturação e uma mudança cultural. “É preciso criar uma agenda, diretrizes para que se estabeleça um plano de mobilidade na cidade. Você não conserta o trânsito com medidas paliativas”, cravou. O gestor fez uma explanação sobre alguns problemas estruturais que “travam” o trânsito e citou exemplos como o da rua Raimundo Geraldino Fonseca, no bairro Montreal, que, para ele, foi uma “via mal planejada”.
O alto número de quebra-molas também foi citado por Jonas como um dos motivos de estrangulamento. “De acordo com as normas de trânsito quebra-molas são instalados em último caso, não resolvem o problema”. Uma alternativa seria radares “não por conta de multas, mas para que os carros mantenham uma velocidade constante e não travem as vias”, argumentou.
Depois da apresentação foi a vez do presidente do Legislativo, Cláudio Caramelo (PRB), expor sua opinião e criticou o fato de a Seltrans não possuir um especialista na área. “É inconcebível uma secretaria de trânsito não ter um engenheiro de trânsito, não tem jeito. São coisas que acontecem aqui que não podem, definitivamente. Trânsito deveria ser matéria obrigatória nas escolas, mas não pode. Para o trânsito funcionar é preciso planejamento”, concordou.
A necessidade de ações e propostas para mais harmonia no trânsito se justificam pelas 159 ocorrências atendidas pelo Serviço Móvel de Urgência (SAMU), só no mês de agosto. Em 83% dos casos motos estão envolvidas. Nos últimos três meses o SAMU da cidade realizou 3.060 atendimentos, o número é 14% maior do que o trimestre anterior. Desses atendimentos mais de 400 tiveram ligação com acidentes de trânsito.
Depois das apresentações Gilberto Doceiro (MDB) disse que “quando não há sequência quem sofre é a população”. Para o vereador é importante a instalação de mais rotatórias. “Na Santa Juliana, por exemplo, poderiam ser instaladas também umas cinco faixas elevadas de pedestres”, sugeriu.
“Vacinado” por conta da morosidade do poder Executivo, Ismael Soares (PP) pediu ações de verdade. “Cheguei a sentar várias vezes com comerciantes e moradores da Santa Juliana e foram definidas várias ações que não foram feitas. Precisamos de muita ação de verdade”, pediu. Para Ismael, a rua Santa Juliana “é uma prioridade”, reforçou.
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