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Economia Auxílio emergencial

Inflação reduz poder de compra do novo auxílio emergencial

O beneficiário da nova rodada irá conseguir comprar apenas metade dos itens da cesta básica, que teve alta de 22,80% em um ano

01/04/2021 às 08h32
Por: Redação Fonte: Mega Cidade com O Tempo
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Três meses após o pagamento da última parcela do auxílio emergencial, a expectativa era que a nova rodada do benefício, que começa a ser paga a partir da segunda quinzena de abril, fosse um alívio para a maioria das famílias que ficaram completamente desamparadas e sem renda depois do corte do benefício, em dezembro do ano passado. O grande problema é que o valor médio de R$ 250 do novo auxílio não será suficiente para cobrir as necessidades mais básicas da população mais vulnerável. Para se ter uma ideia, na capital mineira, o beneficiário da nova rodada irá conseguir comprar com sorte metade dos itens da cesta básica, que teve alta de 22,80% em um ano.

De acordo com a Fundação Ipead/UFMG, nos últimos 12 meses, só o preço do óleo de soja subiu 84,22% e do arroz quase 70% em Belo Horizonte. Se em julho do ano passado, quando o valor do auxílio era de R$ 600, o preço médio dos treze itens que compõem a lista era de R$ 490,15, quase um ano depois, a cesta básica, calculada pelo Ipead da UFMG, custa em média R$ 570,80.

“A inflação é sempre um desafio, ela corrói a renda das famílias. Se em 2020 você tivesse R$ 250 para fazer o mercado, um ano depois o mesmo valor não compra mais os mesmos produtos. O auxílio está longe de resolver o problema, é apenas um alento para as famílias mais vulneráveis, que já não tem mais de onde cortar”, explica o coordenador do Índice de Preço do Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas, André Braz, que ressalta que a disparada da inflação do combustíveis e de outros itens também irá penalizar ainda mais quem depende do auxílio.

Esse é o caso da auxiliar de cozinha Edvania de Paula, 45, sem carteira assinada há quase um ano. Morando com as duas filhas e os quatro netos, a família teve que reduz até o consumo do gás de cozinha. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do botijão de 13 kg custa atualmente, em Minas Gerais, R$ 85,06. No início da pandemia, o botijão era encontrado por R$ 69. 

“A gente faz o que aparece, não tem tempo ruim, mas chega em um ponto que a gente já não sabe de onde tirar o que já não tem”, conta Edvania que recebeu o auxílio na primeira rodada e espera ansiosa a segunda remessa do benefício. “Vai me ajudar demais. Minha prioridade é a geladeira cheia para as crianças”, desabafa. 

Segundo o governo, o benefício deverá ser pago a 45,6 milhões de famílias. O orçamento é apenas 15% do total pago pelo programa em 2020 (R$ 293,1 bilhões). O Ministério da Economia pretende desembolsar R$ 44 bilhões em 2021. Para Paulo Casaca, economista e professora do Ibmec, com este valor de auxílio o benefício não vai cumprir a função primordial que é a garantia de renda mínima para evitar que a população se arrisque nas ruas.

“Estamos vivendo um momento pior de quando veio o primeiro auxílio, com mais restrições e mais precariedade na situação. Não dá para ser utópico e pensar em um auxílio de R$ 2.000, por exemplo, é preciso entender a situação fiscal do país, mas ninguém recebe auxílio para pagar prestação de carro, é para comer”, analisa Casaca. 

Outra preocupação, segundo o economista André Bras, é com o período de pagamento do novo auxílio emergencial. “Todo auxílio é bem-vindo, mas o que resolve o problema são as pessoas conseguirem empregos rápido", completou. 

Alívio para os empresários

A retomada do novo auxílio é vista como uma vitória para os empresários, que acreditam que a medida vai impulsionar a economia. Para o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, o benefício irá complementar a renda comprometida do brasileiro. “O auxílio é extraordinário, é uma renda adicional para os trabalhadores informais. Teremos um grande número de beneficiados e será um dinheiro que será revertido para o consumo”, pontuou.

De acordo com o economista-chefe da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida, apesar de grande parte dos beneficiários usarem o recurso para necessidades mais básicas, todos os setores serão impactados. “É um dinheiro que as famílias podem garantir o mínimo para viver e podem regularizar sua situação financeira. Se você usa o auxílio para comprar alimento, você garante a sobrevivência do comércio local ao mesmo tempo que se a pessoa paga uma dívida é positivo para o varejo. O varejo lida com o consumidor final, quanto mais renda, melhor o consumo familiar”, analisa. 

Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo Souza e Silva, a medida irá ajudar também os empresários a manterem os postos de trabalho. “Quanto antes chegar (o auxílio) melhor. Além de ajudar as pessoas mais vulneráveis em um primeiro momento, é um volume maior de dinheiro para circular na economia. Ajuda quem está necessitado e também as empresas a manterem os empregos”, explica.

O presidente do Sindilojas BH, Nadim Donato, acredita, no entanto, que o novo auxílio não irá aquecer a economia. Segundo ele, o valor será para atender as necessidades básicas, como remédios e alimentos. De acordo com o empresário e todas as entidades ouvidas pela reportagem, o ideal seria também a retomada dos acordos de redução salarial e suspensão do contrato de trabalho por parte do governo federal, que foram permitidos até dezembro.

"O auxílio é bem-vindo no sentido de ajudar as famílias, mas não irá aquecer a economia como antes. Se o valor fosse maior, acredito que iria ajudar a economia como um todo e a recuperar parte do consumo", pontua.

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