A mudança no sistema eleitoral, a cota mínima para candidaturas femininas, o uso de comprovante impresso do voto e a unificação das eleições são os principais temas que estão de volta aos debates na Comissão da Reforma Política da Câmara dos Deputados.
Menos de quatro anos após a última reforma política (aprovada em outubro de 2017), os temas polêmicos ganham novamente a atenção do Parlamento.
“Temos vários temas que são muito deliberados, mas ficam sem ser votados. Nossa missão é buscar um mínimo consenso”, afirma a deputada Renata Abreu (Podemos-SP), relatora da PEC da Reforma Política.
Nesta semana, a comissão especial que vai tratar dos assuntos da reforma começará os debates que prometem dividir o Congresso e a opinião pública. Os deputados usam como base uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 125/2011) que prevê o adiamento de eleições marcadas para data próxima de feriados. A intenção é acelerar as discussões, usando uma proposição que já tinha recebido a admissibilidade e poderá “queimar” etapas na tramitação.
A pressa é porque o Congresso tem até o início de outubro para aprovar as mudanças para que elas sejam válidas já na eleição de 2022. De acordo com a legislação, alterações nas regras eleitorais só podem ser feitas até um ano antes do pleito; caso contrário, elas só valerão na eleição de 2024.
Escolhido para presidir a comissão, o deputado mineiro Luis Tibé (Avante) avalia que muitos temas que serão discutidos ainda dividem os parlamentares, por isso o trabalho será buscar pontos em que já existem consensos. Ele cita a demanda de colegas no Congresso pela implementação do “distritão” como sistema eleitoral. Hoje, o sistema usado é o proporcional, em que são somados os votos das legendas com os votos nos candidatos e, a partir do quociente eleitoral, é feito o cálculo de quantas cadeiras cada sigla terá.
“Não existe sistema perfeito. Todo sistema produz distorções e problemas. Vamos ver o que a comissão vai produzir”, diz Tibé.
COMPROVANTE
A mudança mais controversa que deve ser discutida na comissão trata da implementação do voto impresso nas eleições. Uma das ideias discutidas é criar um comprovante de papel, que ficaria com os tribunais regionais para que fossem feitas auditorias após os pleitos.
A relatora, deputada Renata Abreu, ressalta que o eleitor não sairia do local de votação com o papel nem com qualquer registro sobre em qual candidato votou.
O voto impresso é uma das bandeiras defendidas com mais veemência pelo presidente Jair Bolsonaro. Na semana passada, em transmissão nas redes sociais, ele fez críticas ao modelo atual e voltou a colocar em xeque a credibilidade das urnas. “Se o Parlamento, por maioria qualificada, por três quintos da Câmara e do Senado, aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022, e ponto final. Porque, se não tiver voto impresso, é sinal de que não vai ter eleição, acho que o recado tá dado”, afirmou Bolsonaro.
Cota para mulheres pode sofrer mudanças
A reserva de cotas para candidaturas femininas está em vigor no Brasil desde a década de 90 – em 1995 foi aprovada uma lei que previa 20% de candidatas, índice que passou para 30% em 1998 –, mas a baixa representação das mulheres no Parlamento persiste: elas são apenas 15% na Câmara.
O tema vai ser discutido na comissão da reforma política, com a possibilidade de mudanças na cota de candidatas e da definição de um percentual mínimo de cadeiras para as mulheres, as chamadas cadeiras efetivas.
A questão, no entanto, pode enfrentar dificuldades no Congresso, uma vez que os partidos apontam dificuldades para conseguir alcançar o número mínimo de mulheres candidatas.
“A cota de 30% representou um avanço, mas gerou um problema: os partidos não conseguem preencher, porque muitas vezes, as mulheres não querem participar”, avalia a deputada Renata Abreu (Podemos-SP).
Segundo ela, o melhor resultado se deu com a determinação em 2018 do Supremo Tribunal Federal (STF), de que 30% do Fundo Partidário também deveria ser alocado para a campanha das candidatas.
MUDANÇAS À VISTA?
Temas discutidos para mudar as regras eleitorais
Hoje, o país adota o sistema proporcional, em que as cadeiras de deputados federais são distribuídas proporcionalmente aos votos recebidos pelos candidatos e pelas legendas. Um dos modelos defendidos é o chamado “distritão”, em que são eleitos os mais votados (majoritários). Uma terceira opção seria o distrital misto, em que são combinados os cálculos proporcionais com os majoritários.
Uma das propostas que serão discutidas é a unificação de todas as eleições. Dessa forma, de quatro em quatro anos, o eleitor iria às urnas apenas uma vez, para escolher vereadores, prefeito, deputados estaduais, governador, deputados federais, senadores e presidente. A medida é criticada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luis Roberto Barroso, que alertou no ano passado para um ‘inferno gerencial’ que a unificação causaria ao tribunal.
A implantação de um comprovante de papel após o voto na urna eletrônica para auditoria do processo é motivo de polêmica e divide os parlamentares. Bandeira defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, a medida já foi atacada por ministros do Supremo Tribunal Federal. A relatora da comissão da reforma, deputada Renata Abreu (Podemos-SP), defende que o tema deve ser decidido por um plebiscito.
Dispositivo que restringe os partidos que não alcançam um percentual mínimo de votos, a cláusula já foi aprovada no Brasil, mas se tornou alvo de disputas judiciais. Ela começou a valer em 2017, após o Congresso aprovar uma reforma política, e já entrou em vigor com a eleição de 2018. A ideia da medida é reduzir o grande número de partido políticos com baixa representatividade no país – hoje, são 33 siglas registradas no TSE.
De acordo com a legislação eleitoral, todos os partidos devem ter, no mínimo 30% de candidatas mulheres para cada cargo em disputa. Os deputados e as lideranças partidárias, no entanto, avaliam que a regra nem sempre consegue ser cumprida, segundo eles, por “falta de interesse das mulheres” de se candidatarem. São recorrentes casos de “candidatas-laranjas”, que são incluídas nas disputas, mas não fazem campanha e não recebem nenhum voto. Os partidos registram a candidatura apenas para cumprir a cota. Na eleição passada, uma regra obrigou que 30% dos gastos também deveriam ser feitos com as candidatas, o que aumentou de 51 para 77 o número de deputadas federais eleitas na Câmara.

Cassação Câmara dos deputados cassa mandatos de Eduardo Bolsonaro e delegado Ramagem
Cassação TRE de Minas Gerais cassa mandato do vereador Lucas Ganem, mas parlamentar de Belo Horizonte ainda pode recorrer da sentença
Presente de Natal Vereadores de Divinópolis aprovam aumento dos próprios salários
Eleições 2026 O que disse o senador Flávio Bolsonaro ao senador mineiro Cleitinho?
´Cordisburgo Vereador Lucão é eleito novo presidente da Câmara Municipal de Cordisburgo para 2026
Nomeação Prefeitura de Sete Lagoas nomeia Anderson Moura como secretário de Desenvolvimento Econômico
Doação Em Pedro Leopoldo, prefeitura doa terreno para empresário que fez doação para a campanha do atual prefeito
Aprovação Câmara aprova projeto que reduz penas de Bolsonaro e condenados por tentativa de golpe
Contas públicas Índice de transparência da Câmara Municipal de Sete Lagoas cai cerca de 40% e volta a nível intermediário Mín. 19° Máx. 28°


