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Idosa é resgatada em Minas após 60 anos em situação análoga à escravidão

Caso foi registrado em uma fazenda da cidade mineira de Rio Vermelho, onde outras três pessoas também estavam em situação semelhante e foram retiradas do imóvel

23/06/2021 às 08h25
Por: Redação Fonte: Mega Cidade com O Tempo
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Trabalho por 60 anos sem remuneração, descanso semanal, férias ou qualquer outro tipo de direito trabalhista. O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Minas Gerais, em parceria com a Auditoria Fiscal do Trabalho do Ministério da Economia e Polícia Rodoviária Federal (PRF), resgataram, nesta terça-feira (22), uma idosa de 83 anos e outras três pessoas em situação análogo à escravidão em uma fazenda de Rio Vermelho, na região do Rio Doce. As informações foram divulgadas no site do MPT.

De acordo com o órgão, a força-tarefa começou após uma denúncia que dava conta da submissão de uma trabalhadora doméstica, sendo que na sede do imóvel foi constatada a informação. Além disso, nenhum dos trabalhadores tinha registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social e não utilizavam equipamentos de proteção individual, exceto botas de borracha.  

Segundo o procurador Fabrício Borela Pena, que atuou no caso,  “foram constatadas inúmeras irregularidades, como: falta de registro em CTPS; falta de pagamento de salários e 13º salário; ausência de depósito de FGTS e contribuição previdenciária; não concessão de férias; ausência de limitação da jornada de trabalho; não fornecimento de EPIs; ausência de realização de exames médicos e de medidas de gestão de segurança no trabalho rural; constatação de moradia rural em condições inadequadas de segurança, conforto e higiene e alojamentos em condições precárias, sem fornecimento de água potável, sem disponibilização de dormitórios limpos com colchões com densidade adequada, sem armários individuais e sem local adequado para guarda e preparo de refeições".

Conforme apurações dos órgãos, a idosa chegou à fazenda ainda criança com a mãe e, segundo o procurador, “desde que se mudou para a fazenda, ali trabalhou continuadamente, realizando serviços domésticos. Ela jamais foi reconhecida como trabalhadora: nunca recebeu salário, nunca tirou férias, não tinha limitação de jornada, folga semanal ou intervalos. Trabalhou por, no mínimo, 60 anos em favor da família do proprietário, preparando as refeições, limpando e organizando a casa, lavando e passando roupas, cuidando das crianças, entre inúmeras outras tarefas. Nos últimos anos, com o avançar da idade, ela já não tinha condições físicas de trabalhar com a mesma intensidade, de modo que o proprietário passou a contratar pessoas para realizar o trabalho doméstico, em alguns dias da semana. No entanto, ela nunca parou totalmente de trabalhar na casa. Os valores que recebia em dinheiro eram contados e destinados a pagar despesas específicas e inevitáveis da trabalhadora, em geral relacionadas a gastos com saúde. As próprias roupas da trabalhadora, em sua maioria, eram doadas pela família do proprietário. A trabalhadora possuía pouquíssimos pertences, a maioria deles de pouco valor e relacionados à higiene pessoal. Não possuía FGTS, poupança ou qualquer quantia guardada. Jamais contribuiu para a Previdência Social e não se aposentou. No momento em que foi encontrada pela equipe, ela se mostrava em condições físicas bastante debilitadas, com uma ferida na perna e muita dificuldade para se locomover”.

Entre os resgatados também está um trabalhador com deficiência auditiva, em situação semelhante. "O trabalhador dormia em uma cama de madeira, com colchão encardido e empoeirado, roupas de cama gastas e sujas. Não havia armário para guarda de pertences, com objetos espalhados por todo o quarto e roupas amontoadas em um varal improvisado. Embora houvesse janela, ela era mantida sempre fechada, de modo que o cômodo era impregnado por forte cheiro de mofo, com muita poeira e sujidade. O teto, o piso, as portas e o pouco mobiliário existente estavam deteriorados e sujos. Dentro do quarto ainda eram deixadas diversas ferramentas de trabalho, como facões, enxadas, garrafas, etc”, explicou o MPT. 

As vítimas foram encaminhados à rede de proteção especial do município, onde receberam acompanhamentos e foram inscritos em programas sociais. Além disso foram emitidas guias para recebimento de seguro desemprego. 

O Ministério Público do Trabalho (MPT) continua negociando com o empregador o pagamento das verbas salariais, rescisórias e indenizatórias dos trabalhadores, além da compensação pelos danos sociais decorrentes da gravíssima conduta praticada.

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