Zema lidera pesquisa com vantagem, mas olhar atento mostra competitividade de Kalil

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), lidera a corrida eleitoral no Estado com 41% das intenções de voto. O segundo colocado é o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), com 20%, segundo pesquisa estimulada encomendada pela Rádio Itatiaia ao Instituto Ver.  

É a primeira vez que a Itatiaia divulga pesquisa de intenção de voto e, com isso, é dado início à cobertura das eleições de 2022, tendo ainda pela frente um calendário de pesquisas ao longo do ano. Na terceira posição aparecem o senador Carlos Viana (MDB) e o prefeito de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), ambos com 3% do eleitorado. Daniel Sucupira (PT), prefeito de Teófilo Otoni, aparece com 2% das intenções de voto. Ninguém, brancos e nulos somam 12%. Não sabe e não respondeu são 19% dos entrevistados. 

O cientista político Malco Camargos analisou a pesquisa e, primeiro, falou sobre a situação da corrida eleitoral ao governo de Minas, onde Zema tem o dobro do Kalil, e é muito bem avaliado. Enquanto o prefeito de Belo Horizonte está crescendo nas áreas onde é mais conhecido, como a Região Metropolitana de BH. “Os números gerais mostram que hoje o Zema vence as eleições no primeiro turno. Mas, isso não quer dizer que essa será a lógica de agora até outubro”. 

Malco Camargos continua a análise e diz que a eleição ainda não está segura para Zema: “O que sinaliza isso é o bom desempenho de Kalil na região metropolitana, ou seja, onde Kalil é conhecido e reconhecido e é bem avaliado, conseguindo superar o desempenho do atual governador. Agora temos eu que ver como a campanha vai trabalhar essa questão do Kalil na Capital para fora do entorno da Grande BH, ele pode sim ameaçar a liderança do Zema. A eleição de Minas não está segura para o atual governador”.  

PRÓXIMOS MESES

O governador Romeu Zema ganha em 11 das 12 regiões pesquisadas em Minas. Portanto, Kalil tem o desafio de se tornar conhecido principalmente no interior de Minas, faltando sete meses para as eleições. O cientista comentou também este quadro. "Esse é o dilema de Kalil neste momento, já que ele está gastando muito tempo com questões internas da sua gestão na Prefeitura. Tanto na briga com o seu secretário, quanto a disputa com Câmara de Vereadores. Kalil nessa circunscrição da Capital perde um espaço de interlocução com Minas que é fundamental, eleição não se ganha só na campanha, se ganha também na pré-campanha. Kalil sabe disso e sabe que está perdendo tempo”.  

Questionado se um candidato pode subir nas intenções de voto só por se tornar conhecido, Malcon explicou que não basta. “Essa eleição tem um aspecto diferente da anterior. Na eleição passada, nós tínhamos os candidatos rejeitados. O eleitor não queria o então governador, Fernando Pimentel, nem o ex-governador Antônio Anastasia. Esta não. Esta é uma eleição de escolha. São dois governantes bem avaliados. Então, cada um tem que se mostrar, se apresentar para a cidade. Tornar-se conhecido e defender o seu legado em relação ao adversário. Logo, vai ser uma disputa entre o que foi feito em Belo Horizonte e a capacidade administrativa do Kalil, com o que foi feito em Minas, e a capacidade administrativa de Romeu Zema”.  

DISPUTA NO SENADO 

Sobre a corrida eleitoral ao Senado por Minas Gerais, o deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania) aparece em primeiro lugar na corrida pela vaga de senador por Minas Gerais, segundo pesquisa do Instituto Ver encomendada pela Rádio Itatiaia. O parlamentar aparece com 13% das intenções de votos, seguido pelo deputado Reginaldo Lopes (PT), com 7%. 

 O ex-ministro do governo Bolsonaro e deputado federal Marcelo Álvaro Antonio (PSL) é o terceiro na disputa pela vaga, com 4% das intenções de voto, enquanto o senador Alexandre Silveira (PSD) é o quarto, com 3%.

Malcon Camargo avaliou a liderança de Cleitinho, vista como surpresa. “A disputa do Senado ainda está muito distante do imaginário do eleitorado. Cerca de 44% das pessoas ainda não escolheram um candidato ao senado. Isso é muito forte. Mesmo colocando uma cesta de alternativa para o eleitor. E mostra também a importância da lembrança do recall. É entre os nomes mais conhecidos. Cleitinho tem um posicionamento muito intenso na rede social, que o coloca na frente dos demais”. 

O cientista político acredita que o cenário tende a mudar com a aproximação do período eleitoral e o fechamento das parcerias entre os candidatos. “Esses números vão mudar quando tiver uma outra lógica. Quando um candidato a presidente e os candidatos a governador sinalizarem quem são os seus candidatos no estado. Isso fará, então, que o eleitor faça um alinhamento ideológico entre as alternativas apresentadas e a escolha de hoje”.  

Para finalizar, Malcon Camargos falou sobre a eleição ao senado em 2018 para explicar o que pode ocorrer em 2022. “Dilma liderou durante todo o processo, mas na hora de votar, o eleitor acabou escolhendo outros nomes”.