Era no meio da tarde de domingo (19) quando uma jovem, de 22 anos, moradora do bairro Tupi, na região Norte de Belo Horizonte, acionou um motorista de aplicativo para ir até a casa do namorado. O trajeto até o bairro Aparecida, na região Noroeste da capital, durou cerca de 15 minutos. No entanto, aquilo que parecia um percurso de cerca de 10 quilômetros, se tornou muito mais longo após ela perceber que era a próxima vítima do suposto “golpe do gás”.
A jovem que preferiu não divulgar o nome, explicou que acionou o motorista na Avenida Saramenha, na altura do bairro São Gabriel, na região Nordeste. Porém, aquilo que parecia ser mais uma corrida normal, se tornou um pesadelo para ela.
"No meio do trajeto o motorista aumentou o volume do som, sendo que, até então, na viagem não tinha nem som com volume ambiente. No que ele ligou o som alto, consegui escutar um som de spray. Neste momento, ele já tinha fechado a janela do passageiro."
Segundo ela, os próximos minutos foram os mais tensos. “Até então, eu não tinha achado nada estranho, mas o meu rosto começou a queimar. Neste momento, já não estava acreditando no que estava acontecendo, porque eu tinha lido relatos parecidos que aconteceram em outro estado”, lembrou.
Após entender que poderia ser uma vítima do suposto “golpe do gás”, a jovem abriu a janela e colocou o rosto para fora até que parasse de arder. “Fiquei desesperada, mas nem pensei em mandar localização pra ninguém, a única coisa que pensei foi em pedir para o meu namorado me esperar no portão do destino”, revelou.
Assim que desembarcou, ela tomou água para tentar se acalmar e contar o que havia acontecido. “Ligamos para a PM solicitando viatura, mas a delegada presente orientou irmos em uma base da polícia para registrar o B.O [boletim de ocorrência] e assim fizemos”, explicou.
A jovem disse que comunicou o ocorrido com a empresa de aplicativo, que ficou de entrar em contato por telefone, mas que, até o momento, não recebeu nenhuma ligação. “Falei que não houve a tentativa de contato e ainda não ligaram”, destacou.
“Tem pessoas que estão julgando dizendo que é estranho o spray ter afetado só a mim, mas é claro que não iria ir para o motorista, a janela dele estava aberta, no início da viagem a do passageiro também estava. Por qual motivo ele fechou a janela e só deixou a dele aberta? Por qual motivo ele ligou o som no máximo do nada durante alguns segundos? Por que ele ligou o som só nesse momento do trajeto? Não tinha nem som no volume ambiente. Eu tive sorte que já tinha lido relatos na internet e por isso abri a janela, porque se não, não saberia o que poderia ter acontecido. Tive que fingir que nada estava acontecendo o resto do trajeto para pelo menos chegar ao destino”, desabafou.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil e com a empresa de motoristas de aplicativo e aguarda retorno.
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