População e feirantes são contra a mudança de local da Feira do Nova Cidade

A instalação de um batalhão do Corpo de Bombeiros no bairro Nova Cidade e uma possível recomendação do Ministério Público de Minas Gerais podem tirar a tradicional Feira Livre do Nova Cidade da Avenida Prefeito Alberto Moura para o Ginásio Poliesportivo Vinícius Dias Avelar. Este é o assunto do momento debatido por feirantes e moradores do bairro. Há mais de 30 anos a feira está instalada no mesmo local e é atrativo para a população aos domingos. O Megacidade.com foi às ruas ouvir a opinião de populares sobre essa virtual mudança.

Para Nícia, uma das feirantes mais antigas do Nova Cidade, a mudança é contrária aos feirantes e moradores do bairro Nova Cidade. Segundo ela, “O Ministério  Público interviu, mas a população do Nova Cidade quer que a feira continue aqui na avenida”, afirma.  Ela lamenta que “o  Ministério Público não deu à gente a oportunidade de querer sair ou ficar. Não perguntou nada, só quer tirar a gente e nos passar para o outro local, mas o outro local não está adaptado para a gente trabalhar”, destaca.

Assim como diversos outros feirantes e consumidores que frequentam a Feira do Nova Cidade, Nícia diz que a avenida está sendo interditada por causa do Batalhão  do Corpo de Bombeiros que será futuramente instalado, “para que eles tenham livre acesso”, pontua. “ A mudança vai trazer muito prejuízo, com certeza. Todos os comerciantes estão em nosso favor. Essa feira tem mais e 30 anos, 40 anos. A população não está aceitando a feira sair daqui”, finaliza.

Contra a mudança -  Para o feirante Valdeci, a mudança não beneficia os feirantes em nada, só beneficia os comerciantes. “O lugar que eles estão nos oferecendo não tem segurança para os feirantes lá em cima. Não tem nada preparado para a gente trabalhar, não tem sombra nenhuma. Vão inscrever só 160 pessoas. Onde vão colocar todos os feirantes? Aqui tem mais de 160 pessoas na avenida. Para onde vai o resto do pessoal? Vamos ficar de braços cruzados? Como vamos comer e beber? Todo mundo precisa trabalhar, todo mundo é pai de família”, protesta.

Morador e comerciante, Alessandro é taxativo: “eu sou a favor dos feirantes e contra a mudança. Afinal, são mais de 20 anos de tradição da feira aqui no Nova Cidade e vai impactar a vida econômica de várias famílias”, analisa.  Ele recorda que “o povo não foi consultado, nem os feirantes do Nova Cidade”, assinala.

Alessandro lembra que a justificativa apresentada para a mudança de local da feira “é o livre trânsito do Batalhão do Corpo de Bombeiros que será instalado”, mas ressalta que há  demandas diferentes. “Em Belo Horizonte nós temos uma feira em plena Avenida Afonso Pena perto da área hospitalar e nada impede que a feira seja instalada na avenida. Por que em Sete Lagoas não dá?”, questiona.

Antes que a decisão final seja tomada, Alessandro acredita que feirantes e população do Nova Cidade devem ser ouvidos em Audiência Pública. “Acho que a Audiência Pública é o caminho mais viável antes de se tomar uma atitude mais drástica. A gente pede à Prefeitura, à Câmara Municipal, ao Ministério Público para fazer uma audiência pública sobre o assunto”, propõe.

Tradição e lembrança -  Cláudio tem mais de 30 anos como feirante.  Em sua opinião, a mudança de local da Feira do Nova Cidade pode provocar uma queda no comércio a partir do momento em que a feira deixar de  funcionar  na Avenida Prefeito Alberto Moura e ser transferida para o Ginásio Poliesportivo Vinícius Dias Avelar .

Ele também cita o exemplo da Feira Livre de Belo Horizonte que funciona na Avenida Afonso Pensa. “Tem a feira na Avenida Afonso Pena em Belo Horizonte, bem maior do que essa, vai até no alto da Afonso Pena, perto da área hospitalar e tudo”, reforça. “ É lamentável que haja essa mudança. O Ministério Público deveria rever esse caso e consultar a população. Se a população achar melhor, tudo bem. Lá está despreparado. Até hoje não tem nada preparado lá. Vamos mudar? O último dia para gente é 19 de janeiro. No dia 21 de janeiro as barracas têm todas que estar montadas lá. Tem que ser conforme a lei, mas também tem que ser conforme a população. É uma situação muito delicada, tem que ser revista”, defende.

Há três anos no comércio do Nova Cidade, Edísio conta que viveu  muitos anos fora de Sete Lagoas. Para ele, o que ficou  marcante foi o que ouvi da minha mãe. “Eu gosto muito de ir lá na Feira do Nova Cidade porque lá eu sou muito bem tratada”, recorda Edísio. “ Esse é o ponto marcante da feira. Estou aqui há três anos, percebo que a feira precisa de uma certa organização. Tento evitar em entrar na discussão sobre a feira porque podem pensar que estou legislando em causa própria. Mas o relacionamento que tenho com o pessoal da feira aqui é o melhor possível”, ressalta.

Quando não vai visitar os feirantes em suas barracas, eles perguntam o que aconteceu, conta Edísio. “Em três anos aqui, eu nunca vi uma confusão aqui, nunca vi. Disseram que o Ministério Público está pedindo a retirada da feira da avenida. Eu nunca vi nas reuniões na Prefeitura nenhum documento do Ministério Público pedindo. Estou levantando essa questão aqui”, argumenta.

Para ele, o que pode justificar a mudança para o ginásio? “ Por que não levar para o passeio na Praça aqui? Tira da rua e passa para a Praça. É uma questão de organizar. Afinal, 30 anos não são 3 dias”, afirma, categórico.