De dentro da cadeia, dois homens comandavam a maior organização criminosa especializada em sequestro de gerentes de bancos do Brasil, crime conhecido como “sapatinho”.
Formada por ao menos 14 pessoas, a quadrilha arrecadou cerca de R$ 3 milhões só neste ano. Os detidos são suspeitos de ter cometido nove dos 14 sequestros a gerentes de instituições financeiras em 2018. No ano anterior, foram 17 crimes desse tipo.
“Eles articulavam os crimes, planejavam toda a ação e faziam o recrutamento dos outros membros”, detalhou o delegado responsável pela Delegacia Especializada em Antissequestro do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), Ramon Sandoli.
Entre 4 de junho e 6 de agosto deste ano, a polícia prendeu 11 integrantes – dois já haviam sido detidos, e um morreu.
As investigações foram intensificadas nos últimos 90 dias. Em 12 de julho, a polícia frustrou uma ação do grupo em Capim Branco, na região Central. No dia 6 de agosto, outro sequestro, em Jeceaba, na mesma região, foi impedido.
De acordo com Sandoli, a quadrilha é considerada a maior do Brasil por causa da quantidade de crimes cometidos, pelo alto valor arrecadado nas ações, além da organização precisa.
Vanderlei Andrade, o Chacal, 36, dividia a coordenação da equipe com o primo Adriano de Oliveira, 41 – ambos já estavam presos. Um filho do Chacal, de 16 anos, e outro primo faziam parte, informou o delegado.
Interior
A quadrilha priorizava municípios menores para agir - os bancos desses locais tinham menor equipamento de segurança, alguns, inclusive, não dispunham de detector de metal.
Segundo o policial, um morador da cidade conhecido do grupo repassava a ele detalhes sobre o cotidiano do gerente e de sua família. Fotos da casa da vítima e vídeos eram enviados por WhatsApp para os líderes presos.
Depois de sequestrado, o gerente era levado para um cativeiro, e os parentes, para outro lugar. No dia seguinte, o bando obrigava a vítima a ir até a agência com um simulacro de bomba amarrado ao corpo para ameaçá-lo a sair da instituição com o dinheiro.
Caso a vítima não cumprisse a ordem, seria “detonada”, e a família, morta, relatou Sandoli. Todavia, segundo o delegado, a bomba era falsa. As contas bancárias onde os valores estavam sendo depositados estão sendo rastreadas, e a polícia trabalhar para descobrir outros envolvidos.
Por Aline Diniz - OTempo
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