Cabisbaixo e visivelmente abatido. Foi assim que o senador Antonio Anastasia (PSDB) chegou na noite de deste domingo (7) no comitê central de campanha, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, que já tinha sido tomado pelo clima de apatia e preocupação dos apoiadores. E, ao fazer o pronunciamento oficial de três minutos e se recusar a responder a perguntas da imprensa, o tucano deixou claro aos presentes que ainda não tinha na ponta da língua uma explicação clara e convincente para o fato de um novato na política, Romeu Zema (Novo), que nem mesmo pontuava dois dígitos nos levantamentos de intenções de votos, ter o deixado em segundo lugar na corrida pelo Palácio da Liberdade.
O discurso do ex-governador, que liderou durante todo o período eleitoral as pesquisas, veio somente às 21h40 de domingo. A demora se deu, segundo interlocutores, para o ex-governador tentar construir uma fala que definitivamente não estava no planos. E, para tentar desviar a atenção do fato de ter alcançado 29,06% dos votos válidos no pleito, contra 42,73% de Zema, o tucano focou o seu pronunciamento oficial em críticas ao PT, ressaltando que um grande objetivo alcançado no pleito foi a derrota do atual governador Fernando Pimentel (PT), que amargou o terceiro lugar com 23,12%.
“Tivemos uma votação muito expressiva, especialmente nesse momento de poucos votos pelo Brasil afora. Acredito que cumprimos bem o nosso papel nesse primeiro turno. Um grande objetivo alcançando foi a retirada do PT, do desgoverno de Pimentel em Minas Gerais, bem como a derrota da sua candidata ao Senado, Dilma Rousseff. Eu acho que os mineiros deram uma resposta à altura que é aquilo que durante toda a campanha eu apontei: erros, equívocos, falhas do atual governo que, infelizmente, levaram Minas Gerais a um estado crítico que temos hoje. Os mineiros perceberam, já tinham o conhecimento da realidade, e nas urnas demonstraram de fato esse repúdio”, declarou o político.
Desde que a apuração começou na noite de domingo, os apoiadores de Anastasia que estavam no comitê se mostravam perdidos e não conseguiam formar uma explicação para o fato de Zema ter ficado à frente do senador na disputa. Isso porque, até a última semana, ele não atingia nem mesmo dois dígitos nos levantamentos eleitorais.
“Tristeza”, “Como isso aconteceu?” e “Não podemos desanimar” foram algumas das falas ouvidas de militantes e integrantes da campanha no comitê. O bom desempenho do nome do Novo não era nem de perto esperado pela campanha do parlamentar. Tanto é que não foram traçadas estratégias num eventual segundo turno com ele. O único cenário trabalhado previa um embate com Pimentel. Agora, os apoiadores do ex-governador esperam que ele deixe de lado a serenidade e adotem um tom mais agressivo para não perder definitivamente para um “novato”.
Internamente e ainda perdidos, os tucanos tentavam na noite de domingo encontrar uma explicação para o senador Antonio Anastasia (PSDB) ter ficado em segundo lugar no pleito. A avaliação é a de que o principal erro da equipe foi ter subestimado o candidato do Novo, Romeu Zema, por conta de ele ser desconhecido. Ainda de “ressaca”, todas as justificativas de quem faz parte da equipe se basearam em questões nacionais.
Entre elas, o fato de que no último debate eleitoral, na Rede Globo Minas, Zema atrelou sua imagem ao do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). “Ele (Bolsonaro) se mostrou um importante cabo eleitoral no país. Goste dele ou não, é um influenciador”, analisou um dos coordenadores de campanha, Juarez Amorim.
Outra explicação utilizada por apoiadores é o sentimento de antipetismo que vem crescendo no Brasil. A análise é a de que muitos eleitores decidiram votar em Zema para evitar um segundo turno no Estado em que o PT estivesse presente. “Anastasia vence dele. O Zema é despreparado”, disparou um aliado tucano.
E é justamente a fama de gestor que o tucano deve explorar neste segundo turno. Isso ficou claro em pronunciamento dado por ele neste domingo. Anastasia disse que, agora, vai se ter a oportunidade de comparar o perfil de cada um deles. “Nós vamos ver o que cada um tem por experiência, por conhecimento técnico, o que já fez por Minas ao longo da sua trajetória e, mais uma vez, os mineiros decidirão com sabedoria o destino do Estado”.
Por Fransciny Alves - OTempo
Mín. 13° Máx. 26°