Além de aquecer o comércio e garantir a ampliação da ocupação em hotéis, apartamentos e hostels em Belo Horizonte, o Carnaval deixa otimista também a indústria da reciclagem na capital mineira.
Somente em latinhas, devem ser recolhidas neste ano 8 toneladas, o dobro do contabilizado após a folia do ano passado, conforme a rede Cataunidos. Considerando garrafas pets e copos plásticos, o total de material reciclável coletado pode chegar a 12 toneladas.
Além da indústria, que reabsorve esses produtos e consegue aumentar os lucros, os cerca de 400 catadores que trabalham nas ruas comemoram a oportunidade de ter uma renda extra.
“É um momento histórico, porque vários desses catadores foram contratados pela prefeitura de Belo Horizonte para fazer a coleta, o que torna o trabalho mais formal”, afirma Vilma da Silva Estevam, presidente da Cooperativa dos Trabalhadores e Grupos Produtivos da Região Leste (Coopersol Leste) e mobilizadora da rede Cataunidos.
Cada catador recebe, em média, R$ 4,50 pelo quilo da lata de alumínio, o equivalente a 74 unidades. Já os autônomos, que não foram contratados pela prefeitura, devem ganhar cerca de R$ 3,50. Garrafas pet (R$ 2,80), copinhos de plástico (R$ 0,80) e vidro (R$ 0,07) valem menos, mas também serão reaproveitados.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a lata de alumínio é o material reciclável com maior valor agregado. O preço pago pela indústria por uma tonelada é, em média, de R$ 4 mil.
Em 2017, 97,3% do total das latas de alumínio disponibilizadas no mercado brasileiro foram recicladas, o equivalente a 295,8 mil toneladas. Conforme a Abralatas (Associação Brasileira de Produtores de Lata de Alumínio para Bebidas), o índice se mantém acima dos 90% desde 2004, colocando o país entre os líderes mundiais da reciclagem dessa embalagem.
Indústria
Para Guilherme da Mata Zanforlin, analista ambiental e especialista em resíduos sólidos do Sistema Fiemg, eventos como o Carnaval ajudam a movimentar ainda mais a indústria de reciclagem.
“Os eventos de grande concentração de público, como o Carnaval, fomentam o setor, pois geram aumento da receita dos catadores e das cooperativas, além de garantir mais matéria-prima para a indústria”, afirma
Segundo ele, a reciclagem também gera economia. O processo de reaproveitamento do alumínio, por exemplo, consome apenas 5% da energia elétrica necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo processo primário.
Em 2018, 70% do material reciclável foi parar no aterro
Conforme a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), 70% do lixo reciclável descartado pelo folião em 2018 foi parar no aterro de Macaúbas, em Sabará.
“Faltou a participação da SLU para ajudar a recolher o lixo e conscientizar o folião”, afirma Alfredo de Sousa Matos, conselheiro fiscal da Asmare.
Segundo ele, é importante que o material seja descartado em lixeiras ou entregue direto aos catadores, para facilitar o trabalho.
“Se o lixo ficar todo espalhado pelo chão da cidade, fica quase impossível para os catadores darem conta de recolher tudo”, diz ele.
Neste ano, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) decidiu participar para evitar que o desperdício se repita.
Cerca de 130 trabalhadores de cooperativas foram contratados para a coleta de papel, metal e plástico nos blocos Havayanas Usadas, Garotas Solteiras, Pisa na Fulô, Juventude Bronzeada, Ordinários, Volta Belchior, Quando Come se Lambuza, Bloco da Calixto, Pacato Cidadão, Angola Janga, Alô Abacaxi e Unidos do Barro Preto.
A SLU também instalou 16 contentores para coletar recipientes de vidro, uma medida preventiva para garantir a segurança dos foliões.
Desde 23 de fevereiro, quando começaram os pré-carnavais, cerca de seis toneladas de vidro já foram coletados. Todo o material será doado às cooperativas.
Conforme a PBH, além de girar a economia e gerar empregos, o material reciclável é capaz de prolongar a vida útil do aterro sanitário e gerar redução do gasto público.
“Isso implica no aumento da vida útil do aterro e em economia com os gastos com a limpeza urbana. O material reciclável também gera renda e emprego para muitas famílias carentes”, afirmou a SLU, por meio de nota.
Por Rafaela Matias - Hoje em Dia
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