
A revista foi assim descrita: "Cidade de João Guimarães Rosa e de seus jovens arautos, os Miguilins, Cordisburgo fica no centro de Minas Gerais. Diz-se que todos seus dez mil habitantes são “rosianos”, gostem ou não da obra do autor de Grande Sertão: Veredas. Também se fala que todos acreditam no Tinhoso, tema constante nas histórias do escritor"
Publicamos, então, uma parte da reportagem produzida por Daniel Benevides:
Travessia. A última palavra de Grande Sertão: Veredas é também a que melhor define o livro; a narrativa, afinal, percorre a geografia íntima do jagunço Riobaldo (“Sertão: dentro da gente”) e a geografia real de chapadas, rios, veredas e desertos. Paisagens que refletem os olhos verdes de Diadorim e onde ecoam os tiros de batalhas sangrentas, o galopar dos cavalos, o escárnio do Coisa-Ruim. A leitura dessa obra que completa 60 anos também é travessia, aventura que, se começa um tanto árdua, aos poucos ganha a velocidade empolgante das descobertas. Assim como a escrita alquímica de João Guimarães Rosa. Em estado febril, o médico, diplomata e escritor não poupou esforços para criar este que é tido como um dos 20 maiores romances do mundo. “Não faça biscoitos, faça pirâmides”, dizia. Atravessou noites e dias durante alegados sete meses – número cabalístico – para completar sua maior pirâmide. Segundo Otto Lara Resende, “sustentava que o escritor devia concentrar-se, condensar-se, viver monacalmente para sua obra, preparar-se longamente para ela e pôr-se ao trabalho sem hesitação ou fadiga.”
Nonada. Barulho que se ouve é do trem que chega, bufando, sem pressa. Em frente à estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, na Cordisburgo em que nasceu o escritor, está a antiga venda de seu pai, Florduardo, o “seu Fulô”, onde moravam. Desde 1974 está instalado ali o Museu Casa Guimarães Rosa. Um quarteirão mais adiante fica a curiosa loja de José Oswaldo dos Santos, mais conhecido como Brasinha. Nela se encontra de tudo: capacete de guerra, sanfonas, bonecas, moringas, berrantes, retratos, lamparinas, livros. Pendendo do teto, muitas fotos enquadradas, de Che e Fidel, de Artur Bispo do Rosário e, claro, de Guimarães. No chão, apoiadas num balcão, há várias placas metálicas onde pintou frases e nomes tirados do GSV (sigla para Grande Sertão: Veredas). Nada, porém, está à venda. O empório é um santuário surreal à memória. “Tem hora que eu chamo aqui de Gruta do Ali Babá. Comecei a colocar as coisas e as pessoas entravam, viam os objetos e contavam histórias”, diz, com certa candura, abrindo um largo sorriso.
Olhos claros, pele curtida pelo sol, chapelão na cabeça. Tem 64 anos. Vive em Cordisburgo desde bem pequeno. Estudou até o ginásio, mas tem aquela sabedoria que Rosa tanto admirava em Manuelzão, Zito, Bindóia, Gregório, Tião Leite, vaqueiros que o escritor acompanhou numa boiada, durante 12 dias, em 1952. Brasinha conviveu com alguns deles e ouviu dos próprios como foi a mítica viagem que inspirou a feitura do GSV. “Todo mundo chamava ele de João Rosa. O Zito era o poeta e o cozinheiro. Estava sempre escrevendo. E não era cardápio – ele tinha descrito toda a viagem em versos. O Guimarães Rosa quase pirou. O Manuelzão era o filósofo. O Bindóia era o vaqueiro cantador. Cantava aboio sem parar. Manuelzão, que era uma pessoa maravilhosa, me disse: ‘Ô Brasinha, eu devia de ter pegado também um caderninho e anotado tudo o que ele falava, né não?’”
A reportagem completa pode ser conferida na Revista CULTURA!Brasileiros 01 que já se encontra disponível nas bancas!
Com Revista Brasileiros - http://brasileiros.com.br/c7Y3f
Incentivo à Cultura Comissão redefine cronograma dos editais de cultura em Sete Lagoas
Teatro e música Carroça Teatral amplia fronteiras com o lançamento do álbum “Vozes de um Povo”
Teatro Sete Lagoas recebe oficina gratuita de contação de histórias no Quintal Boi da Manta
Patrimônio histórico Prefeitura realiza restauro do Museu Histórico Municipal aguardado há várias décadas
Literatura Fabrício Carpinejar ensina a se desapegar do que faz mal no livro 'Deixe Ir', que será lançado em BH
Música Concerto de 15 anos da Orquestra Jovem de Sete Lagoas tem nova data e endereço Mín. 20° Máx. 34°
