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Fabrício Carpinejar ensina a se desapegar do que faz mal no livro 'Deixe Ir', que será lançado em BH

Ao longo de 112 páginas sem capítulos nem pausas, colunista de O TEMPO conduz o leitor por uma narrativa contínua, feita de reflexões e memórias

22/10/2025 às 16h19 Atualizada em 22/10/2025 às 16h25
Por: Redação
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O escritor Fabrício Carpinejar
O escritor Fabrício Carpinejar

Fabrício Carpinejar precisou lidar com muitas mágoas desde muito cedo. Aos 7 anos, recebeu o diagnóstico de “retardo mental” – com essas palavras mesmo –, e a escola se recusou a alfabetizá-lo.

Coube à mãe assumir essa missão, que desempenhou com maestria. Quando finalmente pôde ingressar no colégio, era alvo de apelidos cruéis dos colegas e se isolava “no cativeiro da sala”, onde esperava o fim do recreio debruçado sobre um livro. 

Assim, cresceu nele uma “memória poderosa da dor”. Mas, diante dela, não se resignou: “Meu papel era justamente desfazê-la. Em vez de cutucar as feridas, dei chance para o diferente, para o diverso. Não é possível expurgar a dor, mas podemos ajeitá-la e trabalhá-la para que se torne virtude.” E isso realmente aconteceu. 

Em “Deixe Ir”, seu livro mais recente, que será lançado nesta quinta-feira (23/10), na Leitura do Bh Shopping, o colunista de O TEMPO relembra que, na infância, sofreu com uma “péssima dicção”, provocada pela língua presa e pelo céu da boca estreito.

 

“Hoje, sou palestrante, falo nas redes sociais e na rádio. Converti uma falha em dom. O sofrimento também me trouxe humildade diante do dom: sei como as pessoas sofrem com a incomunicabilidade, por isso me disponho a traduzi-la”, conta. 

 

Ainda assim, a jornada até aqui não foi fácil. “Entre a consciência e a execução há um longo caminho. Você demora a sair do fundo do poço, principalmente porque as pessoas não entendem o quanto sofreu. Há ainda um processo para voltar a se gostar, porque a rejeição destrói a confiança”, analisa.

Em sua nova obra, porém, Carpinejar não se limita às próprias vivências, pelo contrário. “O livro não partiu da minha experiência pessoal. Tem mais a ver com o discernimento sobre o que nos aflige e com a constatação de como estamos rodeados por pessoas adoecidas”, explica.

 

Autor de 53 livros e ganhador de dois prêmios Jabuti, o escritor elabora um “manual para o desapego” daquelas relações que só fazem mal e que perderam o sentido após inúmeras tentativas frustradas de salvá-las.

 

“E não é apenas o amor que abordo. Falo de processos destrutivos que podem acontecer na família, entre amigos... Não é incomum estarmos cercados de pessoas narcisistas, que trabalham para destruir nossa alegria”, reflete.

A escrita de Carpinejar soa como uma voz amiga e encorajadora, lembrando que está tudo bem se afastar de quem nos faz mal e que nem todo erro precisa ser perdoado.

 

“Muitas vezes, você já tentou de tudo. É insano. Não estou falando de preguiça ou má vontade. Mas há pessoas tão contaminadas por um pessimismo paralisante do qual é preciso manter distância. As mudanças acontecem de dentro para fora”, pondera.

 

Na avaliação do escritor, “nós somos treinados a perdoar.” “E se você não perdoa, é como se não fosse uma pessoa boa. Mas há dores que não merecem esse perdão, e é um alívio e uma libertação saber disso”, examina o escritor.

O autor também reflete sobre o quanto somos “pouco apaixonados por nós mesmos” e como isso nos leva a ceder demais. Segundo ele, só é verdadeiramente “livre quem pode dizer ‘não’”.

 

“Ao deixar de dizer ‘não’, você começa a se desculpar pelo outro, a amar pelo outro, a sofrer pelo outro. Assim, a outra pessoa exerce ainda mais o poder da dependência. Um relacionamento é saudável quando alguém entra nele e consegue retomar seus projetos. Por outro lado, é adoecido quando os projetos são engavetados e as identidades se misturam”, avalia.

 

Ao longo de 112 páginas sem capítulos nem pausas, Carpinejar conduz o leitor por uma narrativa contínua, feita de reflexões, memórias e conselhos que se entrelaçam como uma longa conversa.

“A ideia é de uma única carta sem pausas, em que as histórias se encaixam uma na outra”, explica. O autor revela que levou dois anos para lapidar esse tom.

 

“Quis manter um fluxo ininterrupto, com um texto do qual o leitor não consegue se afastar”, arremata. Durante o lançamento, Fabrício Carpinejar vai conversar com os leitores e participar de uma sessão de autógrafos.

 

Serviço

O quê. Lançamento do livro “Deixe Ir”

 

Quando. Amanhã, às 19h 

 

Onde. Livraria Leitura do BH Shopping (BR-356, 3.049, Belvedere)

Quanto. Gratuito.

 

Valor do livro: R$ 54,90, disponível na Amazon

 

 

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