A revista norte-americana, National Gegrafic, publicou na última semana, em sua página História e Cultura uma matéria/registro das comunidades quilombolas do Brasil com o título: “Sua identidade foi forjada através da resistência: por dentro da vida dos quilombos do Brasil” (Texto de Paula Ramón e fotografias de Maria Daniel Balcazar).
Em meio ao conjunto de fotografias que calçam o texto, destaca-se a foto/registro da sete-lagoana Maria José de Deus (in memoriam), filha do representante da coroa Chico Rei no Estado de Minas Gerais, João Manoel de Deus (Sô Janjão), morador do bairro Progresso falecido em 1999.
A sete-lagoana foi retratada em uma visita da fotógrafa Maria Balcazar à Sete Lagoas realizada em anos anteriores. Na matéria jornalística, o apontamento emotivo nas falas do jovem Capitão de Congo, Franklin Moreira, da Irmandade Nossa Senhora do Rosário – Guarda Santa Izabel de Sete Lagoas, cita a cultura afro e a importância do respeito às expressões culturais, nos territórios que são sagrados para os povos quilombolas e seus descendentes.
Não é de hoje que as expressões culturais de matriz africana vêm se destacando e se fazendo presentes no cenário cultural de nossa cidade. Em 2018, o Centro Cultural Nhô Quim Drummond – Casarão, recebeu uma exposição da fotógrafa Maria Balcazar. O trabalho fotográfico veio em encontro com valores da coordenação do centro cultural, que na época possuía a direção de Paulinho do Boi e a secretaria de Peter Gonçalves, ambos militantes da cultura popular no município. A exposição fotográfica foi indicação do capitão de congo, militante da cultura e expressões religiosas afrodescendentes, Franklim Moreira, e teve a curadoria do jornalista Walter Mesquita, RJ.
Foram mais de oito mil visitantes distribuídos em 10 dias de exposições, sendo destes, muitos estudantes de diversas escolas da cidade. “O registro fotográfico de Maria Balcazar evidencia a importância das expressões afros no Brasil e suas heranças, através de um olhar diferente e questionador em relação aos anais historiográficos, escritos e registrados por colonizadores brancos”, conta orgulhoso o capitão de congo Franklim. Para o folclorista Paulinho do Boi, a exposição “serviu aos conselhos e instituições do município como calço para discussões sobre o combate à intolerância religiosa, racismo estrutural e preconceitos”.
O trabalho do jornalista carioca, Walter Mesquita, e da fotógrafa, Maria Daniel Balcazar, estará de volta em Sete Lagoas no mês de abril para novos registros de nossa cultura.
Confira a matéria no site da National Geografic: https://www.nationalgeographic.com/history/article/their-identity-was-forged-through-resistance-inside-the-lives-of-brazils-quilombos
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