Os impactos da pandemia, no cenário da violência doméstica contra as mulheres, é comprovado pelas estatísticas, que mostram uma disparidade entre as ocorrências registradas e as solicitações de medidas protetivas.
Enquanto os registros de violência doméstica no Estado permaneceram praticamente estáveis, com 145.424 casos em 2020, e 144.618 em 2021, os pedidos de medida protetiva cresceram 7% no mesmo período, passando de 43.516 para 46.341. A pandemia alterou a dinâmica de registro de ocorrências por diversos motivos, dentre eles, a dificuldade de a vítima sair de casa e buscar ajuda.
Por outro lado, os pedidos de medida protetiva aumentaram, e uma das explicações para essa diferença pode ser a urgência de uma providência por parte da vítima. É o que explica a delegada Juliana Kalif, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de BH.
"Com a pandemia, as vítimas ficaram mais inibidas de procurar uma delegacia de polícia, seja pelo fato de o agressor estar morando junto com ela, ou ela não ter onde procurar ajuda, não poder ir para a casa de parentes. A gente sabe que os casos de subnotificação são muito grandes, o que faz com que a gente não tenha a real estatística de quantas vítimas estão sofrendo violência doméstica", afirma.
Segundo a delegada, a solicitação da medida é decisiva para que o agressor respeite mais a vítima e evita o sofrimento com a violência doméstica.
"As vítimas fizeram mais registros de medidas protetivas, elas afastaram o agressor da morada comum ou saíram desse convívio. Esse cenário de queda nas ocorrências e aumento das medidas protetivas podem significar que a vítima quer uma providência, e só registrar o fato pode não ter tido eficácia", completa.
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