Cleuza Maria de Jesus Dias, a idosa de 75 anos que comeu uma torta de frango contaminada em Belo Horizonte, morreu na manhã desta terça-feira, 27 de maio. O caso veio à tona após a torta de frango ser comprada na noite do dia 21 de abril, na padaria Natália, no bairro Serrano, região da Pampulha, na capital mineira. Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento. O quadro da idosa havia piorado após um acidente vascular cerebral (AVC) e uma parada cardíaca.
Segundo um familiar, a sobrinha da idosa, Fernanda Isabella de Morais Nogueira, de 23 anos, e o namorado da jovem, José Vitor Carrilho Reis, de 24 anos, que também comeram o salgado, continuam internados em estado delicado, com oscilações no estado de saúde. A padaria Natália estava funcionando sem alvará sanitário e também não tinha cadastro no sistema para iniciar o processo para liberação do documento. A informação foi confirmada em nota pela Prefeitura de Belo Horizonte. O estabelecimento foi interditado pela Vigilância Sanitária. O dono da Padaria Natália e o padeiro que fez a torta foram ouvidos e liberados.
Já no dia 23 de abril, o butolismo, principal suspeita de levar os três parentes que ficaram internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após comerem a torta de frango, foi descartada. Amostras clínicas dos pacientes e dos alimentos suspeitos foram encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz (IAL), laboratório de referência nacional para botulismo. Com a negativa, outras possíveis causas de intoxicação estão sendo analisadas.
O laboratório fará exames complementares para detecção de outras neurotoxinas (substâncias tóxicas que afetam o sistema nervoso, podendo causar danos ou alterações nas funções do cérebro, medula espinhal e nervos) e agentes relacionados. Caso o IAL não disponha das metodologias necessárias, o Ministério da Saúde já foi consultado quanto à possibilidade de encaminhamento das análises para outros centros de referência no país.
Depoimento
O padeiro que fez a torta de frango que deixou as três pessoas em estado grave revelou o que pode ter ocorrido com o alimento. O trabalhador de 55 anos, que pediu para não ser identificado, nega que tenha envenenado o salgado e ressaltou não ter controle sobre o alimento depois do preparo. A torta de frango foi comprada na noite de segunda-feira (21/4), na padaria Natália, no bairro Serrano, região da Pampulha de Belo Horizonte. “Acho que isso é uma bactéria alimentar, entendeu? De ter manuseado mal. Isso vai ser provado, porque não envenenei. Eu não coloquei veneno. E outra: lá dentro é cheio de câmera. É fácil (provar)”, disse.
No Boletim de Ocorrência (BO), o dono da padaria disse que as câmeras de segurança haviam sido danificadas em um incêndio recente. O padeiro contesta a informação. “Só tem uma câmera lá que queimou. Então, nenhuma câmera funciona?”, questiona. O trabalhador revelou ainda os ingredientes usados na torta e disse que ele e toda família comemoram o salgado e ninguém passou mal. Ao passarem mal, o casal foi atendido no Hospital Municipal de Sete Lagoas enquanto a idosa foi atendida em um hospital particular na região de Venda Nova.
“O processo da torta é farinha de trigo, manteiga, sal, ovo e leite na massa. E o recheio é cebola, água, um pouco de farinha para dar uma engrossada, e frango desfiado. E o frango foi cozido no dia”, garantiu. “Eu trouxe uma torta, tá anotado até no caderno lá. Minha família comeu, minha filha de 5 anos comeu, minha mulher comeu, minha sogra comeu, eu comi e ninguém passou mal. Não teve nada”, completou. “Eu tô rezando, porque não quero que eles morram. Só que estou com a minha consciência tranquila, porque eu não coloquei veneno nenhum”, concluiu.
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