Muito além de misticismo, a leitura das mãos passou a ter utilidade clínica. Em relação às unhas, dermatologistas e médicos de diversas especialidades encontram na ponta dos dedos (dos pacientes) a resposta para muitas perguntas.
“Não é porque você vai chegar no médico com a raiz da unha inchada, que ele vai detectar lúpus, por exemplo. Mas a aparência das unhas, somada a outros sinais, tem sido fundamental para dar o diagnóstico da doença”, afirma a dermatologista santista Julia Mendes.
Já Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, acredita que, cada vez mais, o estudo das extremidades das mãos pode determinar o futuro da Medicina. “O diagnóstico das unhas pode indicar desde doenças sérias até falta de vitaminas. Unhas quebradiças e com manchas brancas podem representar tanto uma simples alergia causada por esmaltes, detergentes e sabonetes, como podem ser indícios de problemas relacionados a carência de ferro, ácido fólico e vitamina B12”.
Em casos de desnutrição ou desequilíbrio hormonal, as unhas ficam fracas e quebradiças, descamando ou abrindo, indica Julia Mendes. “É recomendado um check-up geral, com hemograma completo, todos os exames de tireoide, anemia, entre outros”.
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Renais
Quando a unha começa a ficar com umas linhas esbranquiçadas por cima, uma das causas pode ser a baixa de proteína, por problemas renais. “Alguma falha faz com que o organismo do paciente elimine proteína. Essa falta pode ser notada na superfície da lâmina ungueal. Recomenda-se procurar um nefrologista”, explica a dermatologista Maria Augusta Martins Bolzan.
Diabetes
Segundo Valéria Marcondes, unhas grossas, avermelhadas e com pequenas veias ao redor podem também indicar diabetes. “Para estes pacientes, o cuidado deve ser redobrado. Porque a diabetes muitas vezes funciona como porta de entrada de outras doenças”. A dermatologista lembra ainda que os mesmos diagnósticos podem apontar cirrose. “Aí cabe ao médico analisar e encontrar a verdadeira causas”.
Psoríase
Sobre a psoríase, espécie de dermatite relativamente comum e autoimune, as especialistas indicam o pitting como o maior sintoma. “A aparência é como de um dedal, daqueles antigos de costureira. Fica cheia de furinhos e áspera”, afirma Maria Augusta.
Para Maria Julia, o pior risco é o descolamento entre a unha e o leito ungueal, a região que fica embaixo, responsável pela nutrição da mesma. “Isso pode permitir a entrada de infecções. Também pode fazer com que a unha cresça de forma anormal, engrosse, escame, mude de cor”.
Bactérias e fungos
Mudanças como o descolamento da unha, coloração preto esverdeada, vermelhidão e inchaço podem ser marcas de infecção bacteriana ou fúngica grave. Uma delas é a candidíase ungueal, causada pelo fungo cândida albicans.
“Pode se desenvolver mais facilmente em quem passa muito tempo com a mão molhada. Quem trabalha com gastronomia ou limpeza”, afirma Valeria Marcondes. “Um sushiman ou uma faxineira, por exemplo. Ou até quem tem o hábito constante de lavar as mãos por higiene. É o certo, claro. Só não podemos esquecer de secar adequadamente”.
Além das micoses, as manchas escuras sob as unhas, em larga escala, podem ainda significar o tipo mais grave de câncer de pele: o melanoma.
A Tribuna
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