Os funcionários da Vale e da Tüd Süd Brasil responsáveis pela segurança da barragem I da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, ou pelo acionamento do plano de emergência em caso de rompimento da estrutura deverão ser acusados judicialmente por crime doloso, aquele em que há a intenção de cometer a ação. Após análise de parte das provas e dos depoimentos prestados à força-tarefa que apura a responsabilidade pela tragédia, os promotores do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) já concluíram que muitas pessoas não só sabiam dos riscos de desabamento da barragem, como podiam ter agido para impedir o desastre. Segundo o delegado Bruno Cabral, já há provas suficientes para incriminar algumas pessoas: “Temos elementos para apontar que alguns sabiam do risco e das consequências. Todas serão responsabilizadas na medida da culpabilidade”.
“Estamos em busca de quem poderia ter evitado o acontecido, por terem responsabilidade para adotar medidas a fim de que a barragem ficasse mais segura. Também buscamos quem deveria ter acionado o plano de emergência. A área poderia ter sido evacuada, o que teria evitado ao menos a tragédia humana. Não teriam sido perdidas tantas vidas”, afirma a promotora integrante da força-tarefa Paula Ayres Lima.
Até o momento, quase 20 pessoas das duas empresas estão sendo investigadas pela tragédia, que deixou até agora 200 mortos e 108 desaparecidos. Mas o organograma da Vale está sendo analisado, assim como outras provas levantadas, para que novos nomes entrem na lista. Os crimes pelos quais eles serão acusados ainda não foram definidos pelos investigadores. Mas já é fato que a acusação partirá para a apuração de dolo, que, via de regra, gera penalidades mais pesadas.
“Se é homicídio ou outro crime, é uma coisa que nós vamos fazer mais para a frente. Nossa convicção é a de que se trata de um crime doloso. Os responsáveis da Vale e da empresa que fez a auditoria assumiram o risco, uma vez que conheciam o tamanho do dano causado com o rompimento e nada fizeram”, garante a promotora.
Não há prazo para que a denúncia seja oferecida e os envolvidos, indiciados. O relatório com as causas do colapso da estrutura está sendo elaborado pelo MPMG e pela Polícia Civil. “Existe uma linha de investigação, que está bem adiantada e que, no fim, nos apontará com segurança as responsabilidades individuais”, afirma o delegado da Polícia Civil Eduardo Figueiredo, também integrante da força-tarefa. (Com Letícia Fontes)
Outro lado
Empresas. Por meio de nota, a Tüv Süd informou que está investigando as causas do colapso da barragem em Brumadinho. Até o fechamento desta edição, a Vale não tinha se manifestado.
Por Tatiana Lagôa - OTempo
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