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Saúde COVID-19 NO BRASIL

Um mês após 1º diagnóstico de coronavírus no país, casos duplicam a cada 4 dias

Ritmo de contaminação lembra começo da epidemia na Itália; isolamento social leva, pelo menos, uma semana para ser refletido em números

26/03/2020 às 08h55
Por: Redação Fonte: OTempo
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Um mês após 1º diagnóstico de coronavírus no país, casos duplicam a cada 4 dias

Quase um mês após o primeiro caso de Covid-19 ser confirmado no Brasil, em São Paulo, o país soma 2.274 casos confirmados da doença, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, divulgado nessa quarta-feira (25). Até este domingo, as confirmações devem se aproximar das 5.200, conforme uma análise do Observatório Covid-Br, grupo de pesquisadores de universidades públicas que estuda o cenário brasileiro.  

Nesse contexto, médicos, pesquisadores e cidadãos vivem um clima de suspense: as medidas de isolamento social vão surtir efeito ou o país vai passar por dias tensos como na Itália, que soma, conforme informações publicadas nesta quarta, mais de 74,3 mil confirmações e 7.503 mortes? E quanto tempo de isolamento social os brasileiros ainda vão precisar resistir?

Hoje, o Brasil vive a fase exponencial da epidemia, quando o tempo necessário para os casos dobrarem permanece constante — na segunda-feira (23), esse tempo era de cerca de 2,5 dias, o mesmo observado no começo da epidemia da Itália. Na atualização dos dados do observatório feita ontem à noite, o tempo era de cerca de quatro dias. Parece uma mudança, à primeira vista, mas isso não quer dizer que a contaminação esteja desacelerando de fato, explica Vitor Sudbrack, mestrando do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual de São Paulo (IFT/Unesp), e membro do Observatório Covid-19 BR.

"(No Brasil), esse aumento é devido a subnotificação, e não à redução na velocidade de espalhamento da doença. Os dados estão sempre atrasados do real número de infectados, pois existe o ciclo do virus e o tempo do teste". A Itália começa a frear esse avanço e dar mostras de sair da fase exponencial, na terceira semana de quarentena em todo o país.

“Na Itália, a tendência ainda é crescer o número de novos casos, porém com uma velocidade cada semana menor. Hoje o tempo para o número de casos duplicar é 5,5 dias”, detalha Sudbrack.

Reflexos do isolamento social sobre coronavírus ainda não são observados, mas ele segue necessário 

Ainda é cedo para afirmar os efeitos do isolamento sobre o coronavírus no Brasil, indica Roberto Kraenkel, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), um dos membros do observatório. “A gente começou hoje a quarenta em São Paulo, por exemplo, e ela vai demorar a ser sentida nos números. As pessoas doentes hoje não pegaram a doença hoje”, explica.

A infectologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Stucchi, não acha exagero pensar que o estrito isolamento social perdure por todo o mês de abril no país. “Se a gente comparar o que aconteceu em outros lugares, a curva de contaminações do Brasil era esperada. Na melhor das hipóteses, vamos ter esse vírus circulando por dois a três meses. Na pior, ele vai acompanhar o nosso inverno”.  

Os número disponibilizados diariamente pelo Ministério da Saúde são um retrato de dias e até semanas atrás, porque consideram casos que já foram confirmados — ou seja, de pessoas que tiveram o tempo de incubação do vírus, desenvolveram sintomas, procuram o médico e aguardaram o resultado dos exames (que chega a sair até uma semana depois).

Em Belo Horizonte, onde os últimos dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais indicam 90 confirmações, os efeitos das medidas de isolamento social culminaram no decreto para suspensão do comércio, no dia 18 de março. Alexandre Moura, infectologista da Secretaria Municipal de Saúde, espera ver reflexos do isolamento entre o final desta semana e o início da próxima, mas ainda sem data para acabar.   

“Hoje, a tendência natural é um incremento de 30% de casos por dia, então o número duplica a cada dois, três dias. Isso sem considerar as medidas de contenção. Se o isolamento tiver eficácia, esperamos ver um incremento de 15% a 20% por dia”, explica Moura. É um passo essencial, segundo ele, para mirar na estabilização dos casos e conseguir reverter a curva de contaminação no futuro.

Dados se tornam imprecisos devido a número de testes

Além do tempo em que a pessoa demora a desenvolver sintomas após a contaminação pelo coronavírus, a falta de testes abre uma janela de imprecisão nos dados brasileiros. O Ministério da Saúde distribuiu cerca de 30 mil teste pelo país, e a orientação atual é que apenas os pacientes com sintomas mais acentuados sejam testados. 

A promessa do Ministério da Saúde é aquisição de 22,9 milhões de testes, e a Anvisa liberou o registro de oito novos produtos na última semana, inclusive para empresas mineiras. 

“Melhorando a notificação, você diminui a subnotificação e entende melhor a dinâmica do surto. Ter os casos reais em mãos ajuda a tomar medidas”, diz o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estêvão Urbano. Mas já não é possível Belo Horizonte alcançar o patamar da Coreia do Sul, afirma Alexandre Moura, infectologista da Secretaria Municipal de Saúde, citando que o país adotou ampla testagem dos cidadãos desde o começo da pandemia (e conseguiu reduzir as contaminações em um mês).

Com menos testes, a infectologista e professora da Unicamp, Raquel Stucchi, acredita que a taxa letalidade da doença pode parecer maior, no Brasil, pois proporcionalmente menos pessoas teriam casos confirmados. “Quando restrinjo meu diagnóstico, a proporção da mortalidade aumenta. O que pode nos deixar mais preocupados é a análise dos óbitos: aqueles casos que evoluem para óbito preenchem os (grupos de) riscos que a gente conhece, ou a doença tem outro comportamento no Brasil e no Hemisfério Sul?”.  

Medicamento contra coronavírus pode mudar cenário de contaminação

Ainda não existe um remédio especificamente contra o coronavírus. A promessa da hidroxicloroquina segue apenas isto, uma promessa. Ela está sendo testada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, no Brasil, o Ministério da Saúde estuda autorizar o uso experimental da droga — para pacientes em estado grave cuja família autoriza a utilização do medicamento. Outro medicamento sendo testado por vários laboratórios é o remdesivir, originalmente usado contra o ebola. 

 

A corrida pelas vacinas começou já em janeiro, e agora gigantes farmacêuticas estimam um prazo entre 12 a 18 meses para que elas cheguem ao mercado. Os avanços científicos no entendimento e ataque ao coronavírus avançaram após cientistas chineses disponibilizarem publicamente o sequenciamento genético do vírus, em janeiro. 

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